BB quer passar déficit da Cassi para funcionários

O déficit da Cassi está prejudicando o atendimento, com vários hospitais e clínicas país afora encerrando contratos com o plano. Agora, o BB está apresentando propostas de solução do problema que penalizam os trabalhadores, como o aumento da contribuição e a ameaça ao plano pós-laboral, oferecido aos aposentados. 


 


A primeira atitude do banco, quando se deparou com o déficit de R$ 177 milhões, foi propor o aumento da contribuição dos associados em 50 % , mas manter a patronal no mesmo patamar, o que significaria a equiparação dos percentuais. Assim, os associados, que hoje pagam 3 % do salário, passariam a 4,5 % , sendo que o banco continuaria pagando os mesmos 4,5 % que paga atualmente. Na ultima reunião, dia 10, foi apresentada uma simulação que prevê o que os funcionários paguem de um extra de 0,8 % do salário por 12 meses para cobrir o déficit. Esta proposta ainda está sendo analisada pelos representantes do funcionalismo.


 


Outra forma de resolver o problema que o banco considera perfeitamente cabível, mas as entidades não aceitam, é a quebra da solidariedade. Isto significa considerar a faixa etária e o número de dependentes para calcular a co-participação de cada trabalhador. Por princípio, as entidades são contra, e ainda há argumentos para derrubar a necessidade de adoção desta medida. “Os números mostram que o número médio de dependentes por funcionário é de 1,4. Quem tem mais do que isto está acima da média e não chega a desequilibrar o sistema. Então, não é necessário quebrar a solidariedade”, ressalta Rita Mota, representante da base da Fetraf-RJ/ES na CEE/BB.


 


A recusa das entidades representativas do funcionalismo em aceitar a quebra da solidariedade levou a um impasse: o banco só concorda em fazer um aporte na Cassi se os trabalhadores aceitarem condicionar a contribuição ao perfil de cada associado. A única possibilidade com que o banco acena neste sentido é também uma medida temerária: adiantar o montante já reservado para as contribuições do plano pós-laboral. O BB propôs a criação de um fundo, que seria composto por este montante, avaliado em R$ 5,8 bilhões, e poderia se descomprometer com a manutenção das contribuições referentes aos aposentados. “O movimento sindical e as entidades associativas não aceitam que o risco atuarial relativo às contribuições do pós-laboral seja repassado para os associados. De onde veio este número, este cálculo que chegou aos R$ 5,8 bilhões? Não sabemos nem se este montante é suficiente, foi o banco que disse. Não há nenhuma garantia de que, se abrirmos mão das contribuições do pós-laboral, teremos a solução permanente”, questiona Rita Mota. “Mas esta não é uma opção, porque não abrimos mão da contribuição do banco ao pós-laboral”, completa a dirigente.


 


Aperto 


 


Diante do impasse e da urgência de resolver problemas que se espalham pelo país, a direção da Cassi implantou um plano de contingenciamento. O aperto no cinto foi forte e as gerências de unidade, em cada estado, tiveram alçada reduzida para definir despesas. Mas, com este plano, as reservas, que cobririam as despesas até novembro de 2014 foram esticadas e ainda não acabaram. 


 


Mas isto não resolve os problemas de credenciamento. O Conselho Deliberativo havia definido que os reajustes dos valores a serem pagos aos credenciados deveriam ficar em torno de 7 % , o que não cobre a inflação geral e muito menos a inflação médica, que é muito alta. “Este percentual não permite atender a demandas mais antigas, como contratos que têm mais de um ano e que apresentam defasagem maior. Por isso temos observado alguns descredenciamentos, principalmente de clínicas e hospitais”, informa Rita Mota.


 


Foco na prevenção


 


A tendência da Cassi é ampliar os programas preventivos, que reduzem os custos sem prejudicar o atendimento. O programa de Atenção Integral à Saúde, que implementou as CliniCassis, por exemplo, é muito bem avaliado, mas não tem condição de atender mais que 40 % dos usuários e o patamar de utilização não chega nem a isto. O programa de Estratégia de Saúde da Família também pode ser ampliado. Os diretores eleitos da Cassi – Miriam Focchi e William Mendes – foram os responsáveis pela elaboração de um projeto piloto para ampliação destas iniciativas.


 


A ampliação do modelo está em discussão e tem recebido atenção por parte do BB. Mas as entidades representativas do funcionalismo querem que o banco dê garantias de adoção destas medidas. Para os representantes, sem a ampliação do modelo de atenção integral e de saúde da família os problemas de sustentabilidade serão mantidos e há risco da Cassi apresentar déficit novamente, o que poderá servir de argumento para o banco adotar novas medidas que poderão prejudicar os associados.


 


A próxima reunião para discutir os problemas da Cassi está marcada para o próximo dia 24, em Brasília. Na véspera, as entidades fazem encontro preparatório.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES