Depois uma intensa circulação de boatos e especulações, a Caixa finalmente anunciou a implementação de mais uma etapa de reestruturação. Com base nas poucas informações apresentadas pelo banco, os sindicalistas estimam que devem ser atingidos pela medida mais de dez mil empregados.
Nas áreas-meio, setores inteiros serão extintos, com os serviços transferidos para outras praças. É o caso da GIREC/RJ, departamento responsável pela recuperação de crédito. As 150 posições do departamento no Rio de Janeiro serão encerradas e os empregados têm duas opções: lotação em agências ou transferência para a cidade que vai centralizar o processo. Nos dois casos, a maioria dos atingidos vai também perder a comissão. Outra área que terá corte significativo será a gerência responsável pela gestão do FGTS. Hoje, são 12 gerências, mas a reestruturação vai reduzir este número para apenas cinco.
Na rede de atendimento também haverá cortes. Segundo observado pelos sindicalistas, muitas agências já tinham somente dois bancários com função de caixa e, agora, a tendência de redução de empregados para este serviço será intensificada em todas as unidades. Também haverá redução do número de gerentes de atendimento. “Administrativamente as coisas serão resolvidas, mas algumas pessoas ficarão numa situação provisória por algum tempo. Mas é muito desgastante para os trabalhadores, que ficam sem definição sobre sua vida profissional”, critica José Ferreira, funcionário da Caixa e tesoureiro do Seeb-Rio.
Com a medida, a situação das agências, que já estão operando com o mínimo indispensável de funcionários, tende a ficar ainda mais grave.
Na calada
A Comissão de Empresa já havia solicitado agendamento de reunião desde que a suspeita de nova reestruturação se intensificou. A Caixa protelou o agendamento do encontro e, quando, finalmente se reuniu com os representantes dos trabalhadores, no último dia 10, apresentou o projeto como fato consumado. “O anúncio foi protocolar, já com as medidas sendo aplicadas. E, mesmo assim, foram transmitidas somente informações superficiais”, relata José Ferreira.
Além do que foi dito, há o que a Caixa ainda não anunciou. Os sindicalistas suspeitam de que o lançamento deste “pacote de maldades” tenha relação com outra medida recente. “É possível que o banco esteja usando a pressão da reestruturação para aumentar a adesão ao PAA – Plano de Aposentadoria Antecipada. Depois de um plano idêntico realizado em 2015, que resultou na saída de 3.219 empregados, tudo indica que a Caixa espere se livrar de ainda mais gente”, especula Ferreira.
Ações
A CEE se reúne nesta terça-feira, dia 15, para discutir as medidas que deverá tomar para interferir e impedir que o processo de reestruturação evolua. Mas não é com negociações nos gabinetes que a situação será resolvida. “É preciso que os empregados se movimentem para resistir a esta reestruturação. É necessário, também, informar os clientes e usuários sobre o que está acontecendo, para buscar o apoio da sociedade para a luta pelo emprego dos bancários”, exorta José Ferreira.