Caixa pode virar S.A. nesta quinta-feira

A próxima reunião do Conselho de Administração da Caixa, marcada para dia 07, quinta-feira, tem um item de pauta que vai ter consequências trágicas. Será posta em votação a proposta de alteração do estatuto do banco que transforma a natureza jurídica da Caixa, de empresa pública 100% estatal para Sociedade Anônima. Com a mudança, o capital do banco poderá ser aberto, com venda de ações em bolsas de valores, como já acontece com o BB. Caso isto aconteça, o governo poderá ir privatizando a Caixa aos poucos, com a perda do controle acionário e a imposição de regras de mercado na administração da empresa.

O Banco do Brasil e a Petrobras – entre outras estatais – já vivem esta realidade. Os acionistas querem lucro e não se importam com os serviços prestados pelas empresas. No caso da Caixa, que é gestora dos programais sociais do governo e do FGTS, esta interferência é ainda mais grave, porque estes serviços não estão entre os mais lucrativos.

Como a privatização da Caixa precisa passar pelo Congresso, o que é um processo demorado, o governo golpista mudou de estratégia e decidiu fazer a mudança via estatuto. O documento, que norteia a gestão da empresa, pode determinar a abertura do capital, promovendo uma espécie de privatização fatiada. O CA é formado por 5 representantes dos Ministério da Fazenda e do Planejamento, mais o presidente da Caixa, e somente um representante dos empregados, a bancária Rita Serrano. Com esta formação, é esperado que a proposta passe, já que o governo tem maioria no colegiado.

A abertura de capital já havia sido colocada em pauta na reunião do CA realizada no dia 18 de outubro. Mas a forte mobilização dos empregados país afora forçou a retirada da proposta. Sindicatos de todo o país estão organizando mobilizações para protestar contra a abertura de capital da Caixa. “A mobilização já surtiu efeito uma vez e temos que continuar apostando na pressão dos empregados para derrubar esta proposta. É preciso também envolver toda a sociedade nesta luta pela manutenção da Caixa 100% pública”, destaca Luiz Ricardo Maggi, diretor de Bancos Públicos da Fetraf-RJ/ES. “Os sindicatos filiados à Fetraf-RJ/ES devem realizar atos de grande impacto em suas regiões, envolvendo os movimentos sociais, para deixar claro que tanto o funcionalismo, quanto a população são contra a privatização da Caixa, seja por inteiro ou em fatias”, orienta Maggi.

Baixe aqui o panfleto para ser distribuído nos atos desta quinta-feira.

Bônus Caixa

A direção da Caixa criou recentemente o Bônus Caixa, uma verba paga somente aos empregados com cargo gerencial. Como uma espécie de “bolsa-assédio”, a bonificação premia os gestores pelo atingimento de metas, mas deixa de fora os demais empregados. Mesmo envolvidos na venda de produtos, os bancários que não são gerentes ficam sem remuneração, o que cria dois segmentos dentro da empresa. “Privilegiando os gerentes em detrimento de seus subordinados, a Caixa acirra a competitividade tóxica e também recompensa quem promove assédio moral. O grande sonho dos banqueiros, de separar a categoria em gestores e demais empregados parece estar se concretizando justamente dentro de um banco público”, avalia Luiz Ricardo Maggi. “A implantação de práticas típicas de banco privado dentro da Caixa é só mais um dos ataques que o governo golpista está impondo ao único banco de varejo 100% federal. A divisão da categoria facilita as negociações para o lado dos patrões e deixa os funcionários mais vulneráveis à perda de direitos”, alerta o sindicalista.

Mudança

Têm circulado especulações de que a Caixa estaria planejando transferir seu principal centro administrativo no estado do Rio de Janeiro para outro endereço. Os departamentos lotados no prédio conhecido como Barrosão, na movimentada esquina das avenidas Rio Branco e Almirante Barroso, passariam a funcionar num edifício na recém-revitalizada zona portuária. Além da transferência dos departamentos, haverá encerramento das atividades de duas grandes agências e do Centro Cultural da Caixa, que é hoje um dos principais equipamentos culturais do município.

O problema é que a região ainda não tem infraestrutura para receber mais de 1,5 mil empregados com segurança e os mesmos serviços que o atual endereço. Não há local para alimentação, comércio de primeira necessidade e agências bancárias, e o único meio de transporte disponível é o VLT.  “Uma atitude como esta tem que ser discutida com os empregados, que serão os mais atingidos pela mudança. Estamos preocupados com diversas questões, inclusive de segurança para os trabalhadores dos departamentos administrativos. Não se pode fazer unilateralmente uma alteração desta magnitude”, critica Maggi.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES