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O boteco do PT

Frei Betto*

 

Sentado no Boteco do PT, entre 2003 e 2014, o brasileiro escolheu iguarias no cardápio, fartou-se e dependurou a conta – que chegou em 2015! O freguês se espantou: Como? Os preços do cardápio eram baratos!

Ora, explicou a gerente do boteco, já não tenho crédito e tudo sobe – a luz, o gás, o telefone. Veja a inflação! Acha que compro, hoje, alimentos pelo mesmo preço que no passado? Já tive que despedir vários empregados.

A crise brasileira é a crise da democracia virtual que predomina no Ocidente. Desde quando se introduziu o sufrágio universal, a suposta democracia política jamais coincidiu com efetiva democracia econômica.

Na economia capitalista não existe democracia. Existe apropriação privada, competitividade, submissão aos ditames do mercado e não aos interesses da nação. Todas as vezes que se fala em democratizar a economia, como uma simples distribuição de renda, as elites puxam as armas – golpes de Estado, evasão de divisas, guerras. Hitler e Mussolini que o digam. Jamais teriam feito o que fizeram se não tivessem contado, no início de seus mandatos, com a cumplicidade das elites europeias e estadunidenses.

O PT conhecia as regras do jogo da democracia virtual. Por isso, lançou a carta ao poder econômico na campanha presidencial de 2002, conhecida como “Carta ao povo brasileiro”. Em 12 anos de governo, o Partido não promoveu nenhuma reforma estrutural, para não ameaçar o quinhão das elites. No entanto, implantou políticas sociais que, de fato, livraram da miséria 45 milhões de brasileiros.

A falta de reformas, como a agrária, impediu que as políticas sociais ganhassem sustentabilidade. E o Brasil prosseguiu na dependência do modelo econômico neocolonial: exportação de produtos primários e matérias-primas (hoje, commodities), captação de capital externo etc. Basta lembrar que, nos últimos 12 meses, o governo pagou ao sistema financeiro, de juros da dívida pública, R$ 510 bilhões, cinco vezes mais que o orçamento anual da Saúde, que é de R$ 100 bilhões.

O poder econômico aceita tudo, menos a redução de sua margem de lucros. Por isso, compra políticos e juízes, contrata lobistas, distribui propinas, interfere nas leis, manipula o noticiário. Acuado, o governo, vendo o boteco vazio, entregou a ele o controle da política econômica – o ajuste fiscal, que penaliza apenas os mais pobres. Ora, o poder econômico é ganancioso. Agora quer também o poder político. Daí a tentativa de impeachment de Dilma, cujo fiador é o PMDB.

O PMDB vive o drama hamletiano: presidir ou não, agora, o Brasil? Se Michel Temer deixar passar o cavalo encilhado que se apresenta à sua porta, pode perder a única oportunidade de se tornar presidente e, quem sabe, retornar eleito em 2018 se lograr salvar o boteco da falência. Se montar, sabe que corre o risco de ter em mãos um boteco inadimplente, com a crise se arrastando até 2018, vários partidos da base aliada lhe fazendo oposição, e o Executivo obrigado a saciar a gula infindável de seus correligionários por cargos e benesses.

Quem sobreviver, verá.

 

 

* Frei Betto é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil – o mistério das cabeças degoladas” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter: @freibetto

 


© Copyright 2015 – FREI BETTO – Favor não divulgar este artigo sem autorização do autor. Se desejar divulgá-los ou publicá-los em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, entre em contato para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária ([email protected])

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Cutucando onças com varas curtas

Por André Singer*

 

Diferentes razões apontam para a dissolução da coalizão produtivista e a formação de uma frente única burguesa antidesenvolvimentista. Com a intenção de acelerar o passo do lulismo, Dilma cutucou muitas onças com varas curtas. O ativismo estatal alienou camadas de empresários, resultando na unidade antidesenvolvimentista. Sustentar a ofensiva demandaria aliança interclassista e/ou mobilização dos trabalhadores, o que não foi feito.

 

“A política desenvolvimentista continua. A presidente Dilma não fará uma política neoliberal, uma política conservadora. Sabemos que foi praticada no passado e não deu certo.”
Guido Mantega, 2 de outubro de 2014

 

Do céu ao inferno em 36 meses

Na noite de 30 de abril de 2012, o tradicional discurso dos presidentes lulistas aos trabalhadores por ocasião do Primeiro de Maio veio com sabor diferente. Em lugar do cardápio algo insosso de avanços lentos sem confronto político, a primeira mandatária mulher ofereceu ao público prato apimentado. Dilma Rousseff dedicou o pronunciamento a atacar os bancos. “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo”, asseverou em rede nacional de rádio e TV. Do alto dos 64% de aprovação de que então dispunha2, concluiu confiante: “Não vamos abrir mão de cobrar com firmeza de quem quer que seja que cumpra o seu dever”. No caso, o dever era a redução dos juros para garantir o crescimento da economia. O gesto presidencial funcionava como ponta do iceberg da guerra desenvolvimentista, centrada naquele momento na “batalha do spread”, etapa decisiva da conflagração.

Acesse aqui o artigo na íntegra

 

* André Singer é professor do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisador do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic) da FFLCH-USP.

 

 


(1) Este artigo apresenta os primeiros resultados da pesquisa “Lulismo e alianças de classe em meio à crise capitalista”, realizada no bojo do projeto coletivo do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic) para o período 2014‑2016 (edital MCTI/CNPq no 14/2013).
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Novembro de 2016

Frei Betto*

 

Todo final de ano, a mídia faz o balanço das principais notícias dos 12 meses anteriores. A tragédia de Mariana e os massacres terroristas em Paris (Charlie Hebdo e Bataclan) sem dúvida merecerão destaque.

Em novembro de 2016, um ano depois, os dois fatos voltarão a ser destaques na mídia. Não é preciso ter bola de cristal para adivinhar que seremos informados de que, em Mariana, as vítimas que sobreviveram ao mar de lama continuam desamparadas, vivendo em condições precárias, à espera do cumprimento de promessas do governo e da Samarco que, um ano depois, não saíram do papel.

Enquanto isso, o minério continuará a ser abortado do ventre de Minas, sem que as condições de preservação ambiental estejam efetivamente asseguradas.

De Paris, veremos de novo as fotos da mortandade causada pelo terrorismo. E, mais uma vez, as imagens dos aviões em choque com as torres gêmeas, em Nova York, em 2001, para enfatizar que ali se perpetrou o maior atentado terrorista da história.

Mentira. Os dois maiores atentados terroristas foram as bombas atômicas lançadas pelos EUA, em 1945, sobre a população civil de Hiroshima e Nagasaki. Morreram 129 mil pessoas, segundo os estadunidenses, ou 246 mil, de acordo com os japoneses. Sem contar os efeitos colaterais indeléveis no corpo e na alma dos poucos que sobreviveram.

Terão os aliados ocidentais derrotado o Estado Islâmico até novembro de 2016?  Se analisarmos os precedentes, paira a dúvida. O Ocidente, frente ao inimigo, reage por uma única via: a lei do talião, olho por olho, dente por dente. Assim, derrotada a Al-Qaeda e morto Bin Laden, surgiu o Estado Islâmico com muito mais força, por dominar um território entre o Iraque e a Síria, e muito mais ousadia cruel.

Há 16 milhões de muçulmanos na Europa Ocidental, e não podem nem devem ser identificados como aliados do terrorismo. Porém, são discriminados e tratados como cidadãos de segunda classe. Como evitar que tantos jovens cresçam sem ressentimento e ódio no coração? Como possibilitar a eles um sentido de vida que, de um lado, não seja o de mero consumista em uma sociedade altamente competitiva e, de outro, o de “mártires” suicidas do fundamentalismo religioso?

O Ocidente ainda não fez mea culpa das atrocidades perpetradas no Oriente, movido pela cobiça do petróleo. Por que os EUA e seus aliados europeus apoiaram, por tantos anos, a família al-Assad, na Síria; Saddam Hussein, no Iraque; Kadafi, na Líbia; para depois atirar essa gente na lata de lixo da história? Por que a CIA financiou Bin Laden como seu principal agente no Afeganistão ocupado pelos russos?

O profeta Isaías proclamou, sete séculos antes de Cristo, que a paz só virá como fruto da justiça. Jamais do mero equilíbrio de forças.

Enquanto a busca da paz for movida por ódio, preconceito e discriminação, a espiral da violência crescerá. A tão apregoada democracia política, da qual o Ocidente tanto se gaba, só deixará de ser mera falácia capitalista quando houver de fato, para 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra, a sonhada democracia econômica.

 

 


* Frei Betto é escritor, autor de “Oito vias para ser feliz” (Planeta), entre outros livros.
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O combate ao racismo e o legado da luta de Zumbi dos Palmares

Almir Aguiar*

 

Nesta semana da consciência negra, na qual lembramos do legado da luta de Zumbi dos Palmares, reforçamos em nosso espírito a necessidade do combate ao racismo com reflexões, leituras, debates, comemorações. Importante lembrarmos que vivemos em uma sociedade que discrimina o ser humano simplesmente pelo fato dele ter a cor da pele diferente.

Os negros viviam em seu ambiente natural, organizados na África em comunidades, trabalhando nos campos, cuidando de suas famílias. Mas foram sequestrados de sua pátria-mãe para serem escravizados em muitos países. Foi assim que mais de cinco milhões deles chegaram ao Brasil, para trabalho forçado. A escravidão em nosso país durou séculos e viveu um momento histórico muito duro em 20 de novembro de 1695, quando o quilombo chefiado por Zumbi dos Palmares, em Alagoas, foi cercado, invadido e dizimado, culminando com a morte de seu chefe maior, cujo legado de luta nos anima até hoje a combater a discriminação contra o povo negro.

O Brasil foi o último país latino-americano a acabar com a escravidão. O conservadorismo da época e de hoje traz de volta o aumento da discriminação racial em nossa terra. O racismo tem suas digitais cravadas fortemente no Brasil de hoje.

Existencialmente ser negro hoje, no Brasil, é como estar envolvido por uma imensa nuvem sinistra, que discrimina e mata. Estudos sérios do IPEA, entre 2009 e 2011, revelam que mulheres negras, jovens e pobres são as maiores vítimas da violência no país. Conclusões do Mapa da Violência 2015, divulgado agora em novembro, pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) aponta que em um ano, no Brasil, morreram assassinadas 66,7% mais mulheres negras do que brancas.

Mas se historicamente estamos atrasados como nação, por outro lado, as políticas afirmativas dos governos Lula e Dilma têm colaborado para evidenciar uma presença mais representativa de negros e negras nas universidades, graças às cotas raciais, tão combatidas por setores muito significativos da perversa elite atrasada brasileira. No entanto, com toda a polêmica sobre esta questão de cotas, hoje, filhos de porteiros, pedreiros, motoristas, empregadas domésticas, ou seja, negros e pobres, estão se formando em doutores. A quantidade de universitários pardos, entre 18 e 24 anos, saltou de 2,2%, em 1997, para 11% em 2012. Já a de negros cresceu de 1,8% para 8,8%, nesse mesmo período.

É certo que a população negra brasileira avançou muito nos últimos 12 anos com programas de governo que diminuíram a distância entre ricos e pobres no Brasil. Nos governos Lula e Dilma, a renda per capita média dos negros cresceu 66,3% e a dos pardos, 85,5%.

O Bolsa Família teve um papel importante no crescimento da renda da população negra. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e do IPEA, das 14 milhões de famílias atendidas pelo programa federal de transferência de renda, 73% são de pessoas pardas e negras.

O combate ao racismo, longe de cansar, é um convite permanente à luta pela adoção de medidas corajosas para modificar esta realidade cruel. A população negra e parda correspondia a 50,7% da população brasileira em 2010 e em 2014 este contingente chegou a 51% dos brasileiros, ou seja, 111.923.585 pessoas. No entanto, as ocupações dos trabalhadores e das trabalhadoras negras são caracterizadas pela desigualdade de rendimentos em relação aos brancos, o que se evidencia nas precárias condições de trabalho, na sua concentração em postos de menor prestígio, com salários pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca, segundo o IBGE, em 2013.

Um dos setores de maior desigualdade é o setor bancário, onde o II Censo da Diversidade mostrou, em 2014, que, dos 500 mil bancários brasileiros, somente 24,7% são negros. Segundo este censo, o salário do negro é 27% menor do que o do trabalhador branco. Os bancários negros não têm o mesmo acesso aos cargos mais remunerados das chefias.

O desaparecimento físico de Zumbi, em 1695, dá lugar a uma luz que norteia nossa luta pela igualdade racial. Temos grandes heróis populares na nossa história e quero dedicar este dia também, ao marinheiro João Cândido, chamado o “almirante negro”, que comandou a Revolta da Chibata e modificou e melhorou o tratamento que a oficialidade dava aos marinheiros. Dedico esta data, também, à legião de escravos anônimos, enviados pela burguesia branca para a Guerra do Paraguai, muitos deles descalços, enganados pelo Império, para combater no lugar dos senhores de terras. Em troca, prometeram-lhes uma carta de alforria que os sobreviventes jamais receberam – eles eram os Voluntários da Pátria, cuja verdadeira história será melhor conhecida no dia em que forem abertos os arquivos do Itamaraty sobre esta guerra.

A Nação Brasileira deve muito aos seus negros. Salve Zumbi dos Palmares! Salve João Cândido! Salve todos os nossos heróis do passado e do presente! Chega de preconceito e racismo, na vida e no trabalho.

 

* Almir Aguiar é secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

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Síndrome de Burnout, uma epidemia que avança na categoria bancária

Por Luiz Cláudio Ferreira*

As metas abusivas impostas pelos bancos, característica marcante do trabalho bancário nos dias atuais, transformou-se em um fator de risco inerente da profissão do bancário.

Além dos riscos já estudados e conhecidos do trabalho bancário, como os riscos ergonômicos, os movimentos repetitivos, o ritmo de trabalho acelerado, o risco iminente de assaltos e sequestros, a imposição e a cobrança de metas revela outro grave fator de risco à saúde de bancários e bancárias, colocando os profissionais entre os que mais se afastam do trabalho com problemas psíquicos como a Síndrome de Burnout. A Síndrome de Burnout é uma das consequências deste ritmo atual: um estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho desgastantes. O próprio termo “burnout” demonstra que esse desgaste danifica aspectos físicos e psicológicos da pessoa. Afinal, traduzindo do inglês, “burn” quer dizer “queima” e “out” significa “exterior”.

“Verificamos que esse mal tem crescido muito na nossa categoria, decorrente da pressão por metas. Nos últimos meses, registramos quatro trabalhadores do Itaú Unibanco diagnosticados e afastados pelo INSS com a Síndrome de Burnout. Se não nos mobilizarmos isso vai virar uma Epidemia”, afirma Luiz Rocha, Diretor de Saúde do SindBancários Petrópolis.

Tratamento

Terapia e medicamentos, como antidepressivos, se fazem necessário além de uma mudança no estilo de vida. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem entrar na rotina, pois ajudam a controlar os sintomas. É importante que o médico observe se é o ambiente profissional a causa do estresse ou se são as atitudes da própria pessoa que geram a crise.

A qualidade de vida é uma das armas para prevenir a Síndrome de Burnout. E isso inclui cuidar da saúde, dormir e alimentar-se bem, praticar exercícios e manter uma vida social bem ativa. Não deixe também de procurar o Sindicato, para saber melhor dos seus direitos.

 

* Luiz Cláudio Ferreira é diretor de saúde do Sindicato dos Bancários de Petrópolis

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Resposta do presidente da CUT-RJ a Ricardo Noblat

Sinceramente eu não sei se é falta de informação ou mau caratismo mesmo, mas hoje, segunda feira,19 de outubro de 2015, o jornalista Ricardo Noblat se superou em sua coluna no Globo, o maior expoente da mídia golpista do Rio de Janeiro, com o artigo intitulado “Moralistas sem moral.”

Ele escreve: “Amanhã fará uma semana que Dilma perguntou a sindicalistas reunidos por Lula para escutá-la em São Paulo: ‘Quem tem força, reputação ilibada e biografia limpa o suficiente para atacar a minha honra? Quem?’.”

Os “sindicalistas reunidos por Lula para escutá- la” eram os delegados e delegadas ao 12° Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores. Homens e mulheres que foram eleitos em assembleias de base em todo o país para representar os 24 milhões de trabalhadores e trabalhadoras dos seus quase 4 mil sindicatos filiados.

Temos um imenso orgulho de termos o presidente Lula na abertura do nosso congresso, mas é muita má fé dizer que os mais de 2 mil delegados foram a São Paulo reunidos por ele. Saímos de todos os estados desse país para debater os rumos da maior central sindical da América Latina.

Durante uma semana estivemos imersos em ricas discussões sobre como representar da melhor maneira possível a nossa base e fazer frente a todos aqueles que acham que podem subjugar a classe trabalhadora. Ouvimos com atenção a presidenta da República e repudiamos veementemente qualquer tentativa de golpe. Mas também lhe fizemos diversas críticas.

O  nosso apoio ao mandato da presidenta está vinculado ao respeito à vontade do povo brasileiro demonstrada nas urnas. No entanto, consideramos que esse governo pode fazer  muito  mais pela classe trabalhadora.

Insinuar que dirigentes sindicais que lutam todos os dias por um Brasil mais justo, com mais e melhores direitos para os trabalhadores, são uma mera claque reunida por uma liderança para aplaudir e festejar a presidenta é mais uma prova do descompromisso com a verdade de boa parte da imprensa brasileira.

Jornalista Ricardo Noblat, não reconhecemos no senhor autoridade moral para fazer referências pejorativas acerca da Central Única dos Trabalhadores, de seus dirigentes e filiados. Nós, trabalhadores e trabalhadoras de sindicatos filiados à CUT, deixamos claro o nosso repúdio a esse tipo de jornalismo, que utiliza argumentos tendenciosos para expressar sua faceta golpista.

Estamos certos de  que a presidenta Dilma seguirá de cabeça erguida frente aos que querem destruir a democracia, a duras penas conquistada pelo povo brasileiro. Também continuaremos a apoiá-la e criticá-la fraternalmente em busca de um Brasil mais justo e igualitário.

 

 

SOMOS FORTES, SOMOS CUT

 

Marcelo Rodrigues
Presidente da CUT-RJ

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É preciso disputar corações e mentes das pessoas

Marcelo Rodrigues*

 

O projeto derrotado nas urnas em 2014 parece ter sido o vencedor na área econômica. Não apenas o projeto econômico, mas o ódio de classe amplificado pela mídia brasileira também dá sinais de ter se enraizado na sociedade.

Chegamos a um segundo semestre de campanhas salariais duras para os trabalhadores e, embora não tenha do que reclamar com relação ao seus lucros, os patrões escondem-se atrás dessa crise especulativa para manter sua intransigência.

O governo optou por um conservadorismo na economia que nem os ideólogos mais à direita esperavam. Levy, como ministro da Fazenda, e a falta de uma pauta política de esquerda, fazem com que as medidas do chamado ajuste fiscal pareçam uma mera correção de rumos da política neoliberal.

O capitalismo no mundo todo mostra claros sinais de fracasso, e os chamados países desenvolvidos são sacudidos dia após dia por ondas de revolta popular contra o status quo de uma sociedade que privilegia um pequeno percentual da população em detrimento dos mais pobres.

Segundo um estudo do Instituto Mundial de Pesquisa Econômica do Desenvolvimento, que faz parte da Universidade das Nações Unidas, a renda pessoal está distribuída de maneira tão desigual no mundo que os 2% mais ricos da população adulta detêm mais de 50% dos ativos mundiais, enquanto 50% das pessoas mais pobres ficam apenas com 1% da riqueza do planeta.

E os ricos, os donos dos meios de produção, não pretendem mudar isso e farão de tudo para manter as coisas como estão. A FUP – Federação Única dos Petroleiros – iniciou sua campanha salarial agora no segundo semestre com uma pauta política muito clara e direta, em defesa da Petrobrás e contra todo e qualquer desinvestimento.

Os petroleiros entenderam que garantir uma Petrobrás forte é a pauta necessária. Os ataques da grande mídia brasileira à empresa são constantes e não vão parar. Se o governo tucano chegou a transformar a Petrobrás em Petrobrax, para preparar a venda da estatal, a retomada dos investimentos na empresa e a recuperação da autoestima do seu corpo funcional no governo Lula foram fatores fundamentais para o crescimento da companhia, tornando-a uma das maiores petroleiras do planeta.

Também em campanha salarial os bancários e bancárias de todo Brasil, uma categoria que tem um acordo coletivo nacional e muita unidade em todos os cantos desse país, se vêem empurrados para uma greve pela ganância do sistema financeiro. Os banqueiros chegaram a uma proposta de 5,5% de reajuste frente a uma inflação de 9,8%. Ou seja, os bancos acham que os seus funcionários devem ter seus salários defasados em 4,4%, mesmo com o aumento dos lucros. O Bradesco, por exemplo, registrou lucro líquido de R$ 4,473 bilhões, no segundo trimestre de 2015, valor 18,4% superior ao registrado no mesmo período de 2014.

Cada vez mais os trabalhadores precisam de consciência de classe para o enfrentamento do grande capital. A greve dos bancários deve começar na primeira semana de outubro e não há dúvidas de que o ódio de classe disseminado pela mídia brasileira se fará presente.

Não é de hoje que assistimos tentativas de criminalização dos movimentos sindical e social. Este ano temos que estar bastante atentos a isso. Não abaixaremos a cabeça para os golpistas de plantão e levaremos a bandeira da CUT a cada ato, a cada greve, na porta de cada banco. É hora de demonstrarmos a nossa disposição de luta.

Mas, sobretudo, a greve desse ano deve ser uma greve de diálogo, de convencimento. É preciso mais do que simplesmente fechar as unidades bancárias. Faz-se necessário dialogarmos em casa, com a família e os amigos, explicar-lhes os motivos da nossa greve.

É fundamental fazermos com que a sociedade reflita sobre o tipo de país que estamos construindo e que sonhos e esperanças devemos deixar como legado. Não vamos aceitar que a nossa reivindicação por mais direitos e mais dignidade no trabalho seja criminalizada. Não podemos permitir que o discurso do ódio avance ainda mais na sociedade.

Nós não detemos os meios de produção, nem dispomos da mídia, mas temos uns aos outros. Vamos à luta, vamos à greve e vamos disputar muito mais do que salários. Vamos disputar os corações e as mentes das pessoas.

Somos fortes, somos CUT!

 
* Marcelo Rodrigues é bancário da Caixa e presidente da CUT-RJ

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O Papa em Cuba

Frei Betto*

 

O papa Francisco está em Cuba. Em seguida, desembarca nos EUA. Chega aos dois países acolhido pelo mérito de haver promovido a reaproximação entre eles, após mais de 50 anos de hostilidades.

O Congresso estadunidense poderia oferecer melhor recepção ao pontífice suspendendo o criminoso bloqueio imposto à Ilha socialista pela Casa Branca e devolvendo aos cubanos a base naval de Guantánamo.

Cuba é, hoje, uma nação de pouco mais de 11 milhões de habitantes dotados de forte religiosidade sincrética, mescla de cristianismo de origem espanhola com tradições religiosas oriundas da África, como a santería, trazidas por antigos escravos destinados aos engenhos de cana-de-açúcar.

A Revolução liderada por Fidel, vitoriosa em 1959, não se fez contra a religião. Fidel e Raúl são de família católica, e durante mais de dez anos estiveram foram alunos internos internados em escolas católicas.

A guerrilha de Sierra Maestra contou com um capelão, o padre Guillermo Sardiñas, designado pela conferência episcopal. Cabia a ele batizar os filhos de camponeses, casar os noivos, e enterrar os mortos vítimas da guerra revolucionária. Após a vitória, Sardiñas recebeu o titulo máximo de Comandante da Revolução e obteve, do papa João XXIII, permissão para trajar batina verde-oliva.

A expropriação de empresas estadunidenses levaram o presidente Kennedy a patrocinar, em 1961, a fracassada invasão mercenária da Baia dos Porcos. Em clima quente da Guerra Fria, o episódio levou Fidel a declarar o caráter socialista da Revolução e empurrou Cuba para os braços da União Soviética. Esse alinhamento afetou a religiosidade cubana.

Com a anuência da conferência episcopal de Cuba, em 1981 iniciei o delicado trabalho de reaproximar Igreja Católica e Estado. O momento forte foi em 1985 quando, em maio, Fidel me concedeu longa entrevista sobre o tema religioso, publicada sob o título “Fidel e a Religião”, livro a ser reeditado este ano, no Brasil, pela Companhia das Letras.

Fidel voltou a dialogar com o episcopado e o povo cubano a manifestar publicamente sua fé cristã, inclusive militantes do Partido Comunista. Suprimiu-se o “ateísmo científico” dos currículos escolares.

Esse processo favoreceu a visita de João Paulo II à ilha, em 1998. Houve muita pressão da Casa Branca para que o papa não efetuasse a viagem e, se a fizesse, condenasse o socialismo. João Paulo II foi, visitou todas as dioceses, criou vínculos de amizade com Fidel, condenou o bloqueio imposto pelos EUA, e ainda elogiou os avanços da Revolução nos campos da saúde e da educação.

Bento XVI visitou a Ilha em março de 2012, por ocasião dos 400 anos de aparição da Virgem da Caridade do Cobre. Também condenou o bloqueio e pediu mais liberdade religiosa, em especial a reabertura das escolas católicas. Hoje, são excelentes as relações entre Igreja Católica e Revolução.

É em função dessa promissora engenharia política que o papa Francisco interveio para favorecer a reaproximação de EUA e Cuba. O bloqueio tem um custo social excessivamente pesado para a Ilha. Foi com alivio que os cubanos viram Obama, na TV, em 17 de dezembro de 2014, admitir que o bloqueio “não funcionou”. Resta saber, como me disse Fidel em janeiro deste ano, se isso significa “apenas uma mudança de métodos ou implica também mudança de objetivos.”

Francisco foi acolhido pela “caliente” solidariedade cubana que, atualmente, se estende por mais de 100 países que contam com os serviços de seus médicos e professores. Desembarcou em Havana no momento em que Cuba passa por importantes mudanças, de modo a adaptar sua economia aos novos parceiros fora do bloco socialista.

Todo esse processo é visto, pela população, com esperança e cautela. Esperança de que a Ilha receba investimentos expressivos e dobre o número de três milhões de turistas que a visitam anualmente, trazendo mais divisas. Cautela porque, como me declarou um amigo cubano, “será o choque do tsunami consumista com a austeridade cubana.”

Só o tempo revelará o novo perfil do único país socialista da história do Ocidente.

 
* Frei Betto é escritor, autor de “Paraíso perdido – viagens ao mundo socialista” (Rocco), entre outros livros.
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Europa colhe o que plantou

Frei Betto*

Todos acompanhamos, pela mídia, o fluxo migratório, rumo à Europa Ocidental, de africanos e árabes de países em conflito, como Síria, Iraque, Eritreia e Líbia. Em 2015, 332 mil imigrantes indocumentados já aportaram no Velho Continente. As águas do Mediterrâneo sepultaram, de janeiro a agosto deste ano, 2.500 fugitivos da miséria e da violência, em busca de um pouco de pão e paz. Em 2014, 3.500.

Um dos casos mais dramáticos é o dos 71 imigrantes encontrados mortos em um caminhão frigorífico nas proximidades de Viena, asfixiados pela falta de ventilação. O que fizeram os nazistas nas décadas de 1930 e 40 agora se repete em escala menor, contudo de modo não menos trágico.

O papa Francisco tem feito insistentes apelos em defesa das vítimas de um mundo hegemonizado por um sistema no qual a livre circulação de moedas não encontra reciprocidade na livre circulação de pessoas. Ao capital todas as fronteiras se abrem. Às pessoas, todas se fecham, sobretudo se são negras ou muçulmanas. Estas tidas, pelo preconceito, como potenciais terroristas.

A União Europeia já decidiu que cada país membro deve abrigar determinada cota de imigrantes. Porém, quem foge da fome e da guerra ignora estatísticas. Quer um lugar ao sol neste mundo marcado pela desigualdade e indiferença.

É triste ver crianças perambulando por estradas e idosos se arrastando por baixo de cercas de arame farpado, alvos de policiais que tentam repeli-los com bombas de gás, cães farejadores, telas elétricas e cassetadas.

A Europa Ocidental colhe o fruto da semente maligna que plantou: séculos de colonialismo na África e de apoio a regimes ditatoriais no Oriente. Após extorquir riquezas naturais e sustentar ditadores sanguinários, os europeus deixaram um lastro de miséria e violência. Tivessem promovido a democracia e o desenvolvimento daqueles países, não estariam agora erguendo muros para deter a horda de imigrantes, e estes não arriscariam a vida nas águas do Mediterrâneo agarrados à frágil esperança de uma vida melhor.

A União Europeia apoiou a brutal intervenção dos EUA em países árabes. Após sustentar Saddam Hussein, Kadafi e Bashar al-Assad, as potências ocidentais, de olho no petróleo daqueles países, apelaram ao pretexto de terrorismo para derrubar suas antigas marionetes e deixar no lugar o caos.
Os europeus ocidentais se esquecem do próprio passado. Entre 1890 e 1910, mais de 17 milhões de europeus migraram para os EUA – 570 mil por ano. E milhares vieram para a América do Sul. Isso quando a população mundial era quase um quarto da de hoje. O fluxo migratório do Atlântico foi muito mais intenso que o atual.

Por que a Europa Ocidental não fechou suas fronteiras após a queda do Muro de Berlim, quando se intensificou o movimento migratório do leste rumo ao oeste? Ora, os povos do leste têm traços eslavos, pele branca como a neve, olhos claros. Nada melhor do que ter como empregados – em hotéis, restaurantes, lojas e residências – gente de “boa aparência”.

O preconceito mata – suas vítimas e os valores humanos que teoricamente defendemos. E a discriminação revela a nossa verdadeira face.

* Frei Betto é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil” (Rocco), entre outros livros.
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Lei das Estatais, uma nova ameaça à Caixa 100% pública

Por Maria Rita Serrano*

Fui surpreendida – como, acredito, muitos também o serão ao ler esse artigo – pela notícia de que tramita no Senado um projeto chamado Lei de Responsabilidade das Estatais que, entre outras medidas, coloca em risco mais uma vez a Caixa 100% pública. Aprovado há duas semanas pela comissão mista criada em junho pelos presidentes da Câmara dos Deputados e Senado Federal, deve ser votado no Senado nos próximos dias, o que torna urgente a divulgação de seus riscos e a mobilização do movimento sindical e sociedade.

A Lei de Responsabilidade das Estatais é um substitutivo ao PL 167 de 2015, do senador Tasso Jereissati, e uma referência ao PLS 343, também deste ano, do senador Aécio Neves, ambos do PSDB. Sob pretexto da `transparência´ na condução das estatais, o projeto agora em curso traz em suas normas gerais a determinação de que ´empresa pública e sociedade de economia mista serão constituídas sob a forma de sociedade anônima´. Ora, das grandes empresas estatais brasileiras, a Caixa está entre as poucas que não têm seu capital aberto nem figuram como de economia mista.

Desde que foi promulgada a Constituição Federal de 1988 foram definidos os limites de exploração de atividades econômicas pelo Estado. Apenas por lei específica pode ser constituída uma empresa pública ou sociedade de economia mista, ou ainda autorizada a criação de subsidiárias. Uma emenda constitucional passou a exigir que seja estabelecido, por lei, um estatuto jurídico próprio para as empresas estatais que exploram atividades econômicas de produção ou comercialização de bens ou serviços. Mas essa lei até hoje não foi editada, o que abre espaço para que, de forma antidemocrática e na surdina, regras equivocadas e que prejudicam o patrimônio dos brasileiros sejam aprovadas.

Todos que têm memória sabem que governos do PSDB são adeptos de privatizações indiscriminadas, sucateando empresas para depois vendê-las. Segundo dados divulgados em artigo publicado pelo site do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), desde 1990 cerca de 122 estatais foram vendidas. Hoje existem aproximadamente 150 empresas estatais federais, atuando em setores essenciais como petróleo, energia, comunicações, gestão de portos e aeroportos, financeiro, saúde, tecnologia agrícola, abastecimento e armazenamento, transporte ferroviário, indústria, defesa, entre outros, com mais de 461 mil empregados permanentes e outros 310 mil temporários ou terceirizados.

Agora, os autores do projeto querem que as empresas estatais que restaram abram seu capital e adotem os modelos de gestão de empresas privadas, regras da Bolsa de Valores, valores de mercado e tudo isso sem nenhum debate com a sociedade. O projeto também altera as regras para a indicação dos membros dos conselhos de Administração e os mandatos – prevê no mínimo 20% de conselheiros de Administração independentes – e, nas empresas com capital social acima de R$ 1 bilhão, que a indicação dos conselheiros deixe de ser prerrogativa do executivo e passe a ser do Senado.

Aqui, é preciso destacar: o que seriam, exatamente esses ´conselheiros de administração independentes´? A designação é vaga e não traz nenhuma certeza de idoneidade. Muito mais eficaz, e realmente democrática, foi a legislação criada em 2010, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um marco que permitiu aos trabalhadores das estatais eleger seus representantes para os conselhos de administração das empresas – como, sabemos, de fato ocorreu na Caixa e outros locais de trabalho.

Evidentemente, não se discute a necessidade de transparência nas gestões das estatais. Denúncias e apurações de mau uso do dinheiro vêm sendo apuradas e – ao contrário do que divulga a imprensa sistematicamente – não começaram nos governos petistas. A melhoria da governança nas empresas públicas é algo importante e necessário, e a fiscalização dos recursos públicos e uma gestão transparente são exigências da sociedade democrática e dos movimentos organizados, que sempre levantaram a bandeira da defesa das empresas públicas e sua atuação plena nas áreas sociais e no desenvolvimento do País. Mas a discussão em pauta no Congresso claramente não tem esse objetivo, pois de forma leviana tenta-se subordinar as estatais à lógica de mercado e ao Legislativo, esvaziando o controle do Executivo.

No artigo publicado pelo Diap, os autores Luiz Alberto dos Santos e Jean Keiji Uema (1) lembram que “a opção privatista não é resposta viável à chamada crise do Estado. Pelo contrário. Essa opção, em passado recente, foi imposta mais pelos mercados do que pela realidade, ou pela incapacidade de empresas estatais serem geridas eficientemente. A contribuição das estatais tanto para a formação bruta de capital quanto para o equilíbrio macroeconômico, o alcance de metas fiscais e aumento da taxa de investimentos é inegável (Gobetti, 2010). Programas de investimento desafiadores, com a participação ativa das estatais na sua formulação e execução, dependem, fundamentalmente, de sua eficiência e capacidade de gestão”.

Essa eficiência e capacidade de gestão, marcadas pela responsabilidade, lisura e democracia são também o que desejamos. Mas não se pode aceitar que empresas como a Caixa abram mão de seu papel social. Como integrante de seu Conselho de Administração, representando os empregados, tenho plena convicção de que essa forma de governança honesta e saudável para todos se fortalece ainda mais quando pensamos na importância da Caixa como banco essencialmente público.

É essa discussão que devemos levar adiante nos próximos dias, envolvendo todos os setores da sociedade civil – já que a ameaça não se restringe à Caixa -, assim como os movimentos sindical e de empregados, desde já alertando que, mais uma vez, será necessária ampla mobilização.

 

 

* Maria Rita Serrano é funcionária da Caixa, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários do ABC, da Contraf-CUT e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa. É mestra em Administração.

 


(1) O Estatuto das Estatais frente ao Congresso Nacional: algumas considerações – Santos, Luiz Alberto; Uema, Jean Keiji. Artigo publicado em 16 de junho de 2015 no site: http://www.diap.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25323%3Asantos-e-uema-estatuto-das-estatais-brasileiras&catid=45%3Aagencia-diap&Itemid=204. Última visualização em 8 de setembro de 2015