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Ética e Amorosidade

 


Frei Betto


 



Ao longo da história, normas de conduta ética derivaram das religiões. Deuses e seus oráculos prescreviam aos humanos o certo e o errado, o bem e o mal. Forjou-se o conceito de pecado, tudo aquilo que contraria a vontade divina. E injetou-se no coração e na consciência dos humanos o sentimento de culpa.


Cada comunidade deveria indagar aos céus que procedimento convinha, e acatar as normas éticas ditadas pelos deuses. Sócrates (469-399 a.C.) também fitou o rumo do Olimpo à espera dos ditames éticos das divindades que ali habitavam. Em vão. O Olimpo grego era uma zorra. Ali imperava completa devassidão.


Foi a sorte da razão. E o azar de Sócrates; por buscar fundamentos éticos na razão foi acusado de herege e condenado à morte por envenenamento.


Apesar da herança filosófica socrática contida nas obras de Platão e Aristóteles, no Ocidente a hegemonia cristã ancorou a ética no conceito de pecado.


Com o prenúncio da falência da modernidade e a exacerbação da razão, o Ocidente, a partir do século 19, relativizou a noção de pecado. Inclusive entre cristãos, bafejados por uma ideia menos juridicista de Deus e mais amorosa e misericordiosa.


Estamos hoje na terceira margem do rio… Deixamos a margem em que predominava o pecado e ainda não atingimos a da ética. Nesse limbo, grassa a mais deslavada corrupção. O homem se faz lobo do homem.


Urge chegar, o quanto antes, à outra margem do rio. Daí tanta insistência no tema da ética. Empresas criam códigos de ética, governos instituem comissões de ética pública, escolas promovem debates sobre o assunto.


Basta olhar em volta para perceber a deterioração ética da sociedade: o presidente galardeado com o Nobel da Paz promove guerras; crianças praticam bullying nas escolas; estudantes agridem e até assassinam professores; políticos se apropriam descaradamente de recursos públicos; produções de entretenimento para cinema e TV banalizam o sexo e a violência.


Já que não se pode esperar ética de todos os políticos ou ética na política, é preciso instaurar a ética da política. Introduzir na reforma política mecanismos, como a Ficha Limpa, que impeçam corruptos e bandidos de se apresentarem como candidatos. Estabelecer mecanismos de rigoroso controle e eventual punição (como a revogação da mandatos) de todos que ocupam o poder público, de tal modo que os corruptos em potencial se sintam inibidos frente à ausência de impunidade.


“Tudo posso, mas nem tudo me convém”, escreveu o apóstolo Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (6, 12). Este parâmetro sinaliza que a ética implica tolerância, respeito aos valores do outro, evitar causar desconfortos na convivência social.


O fundamento da ética é o amor. Era nele que Paulo “tudo podia”. “Ama e faze o que quiseres”, disse Santo Agostinho três séculos depois do apóstolo.


 





Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Veríssimo e Cristovam Buarque, de “O desafio ético” (Garamond), entre outros livros. http://www.freibetto.org     twitter:@freibetto.



Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Um grito mudo

Frei Betto


 


 


A foto do jornal me causou horror. A criança somali lembrava um ET desnutrido. O corpo, ossinhos estufados sob a pele escura. A cabeça, enorme, desproporcional ao tronco minguado, se assemelhava ao globo terrestre. A boca – ah, a boca! – escancarada de fome emitia um grito mudo, amargura de quem não mereceu a vida como dom. Mereceu-a como dor.


 


Ao lado da foto, manchetes sobre a crise financeira do cassino global. Em dez dias, as bolsas de valores perderam US$ 4 trilhões. Estarrecedor! E nem um centavo para aplacar a fome da criança somali? Nem uma mísera gota de alívio para tamanho sofrimento?


 


Tive vergonha. Vergonha da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reza que todos nascemos iguais, sem propor que vivamos com menos desigualdades. Vergonha de não haver uma Declaração Universal dos Deveres Humanos. Vergonha das solenes palavras de nossas Constituições e discursos políticos e humanitários. Vergonha de tantas mentiras que permeiam nossas democracias governadas pela ditadura do dinheiro.


 


US$ 4 trilhões derretidos na roleta da especulação! O PIB atual do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões. Dois Brasil sugados pelos desacertos dos devotos do lucro e indiferentes à criança somali.


 


Neste mundo injusto, uma elite privilegiada dispõe de tanto dinheiro que se dá ao luxo de aplicar o supérfluo na gangorra financeira à espera de que o movimento seja sempre ascendente. Sonha em ver sua fortuna multiplicada numa proporção que nem Jesus foi capaz de fazê-lo com os pães e os peixes. Basta dizer que o PIB mundial é, hoje, de US$ 62 trilhões. E no cassino global se negociam papéis que somam US$ 600 trilhões!


 


Ora, a realidade fala mais alto que os sonhos e a necessidade que o supérfluo. Toda a fortuna investida na especulação explica a dor da criança somali. Arrancaram-lhe o pão da boca na esperança de que a alquimia da ciranda financeira o transformasse em ouro.


 


À criança faltou o mais básicos de todos os direitos: o pão nosso de cada dia. Aos donos do dinheiro, que viram suas ações despencarem na bolsa, nenhum prejuízo. Apenas certo desapontamento. Nenhum deles se vê obrigado a abrir mão de seus luxos.


 


Sabemos todos que a conta da recessão, de novo, será paga pelos pobres. São eles os condenados a sofrerem com a falta de postos de trabalho, de crédito, de serviços públicos de qualidade. Eles padecerão o desemprego, os cortes nos investimentos do governo, as medidas cirúrgicas propostas pelo FMI, o recuo das ajudas humanitárias.


 


A miséria nutre a inércia dos miseráveis. Antevejo, porém, o inconformismo da classe média que, nos EUA e na União Europeia, acalentava o sonho de enriquecer. A periferia de Londres entra em ebulição, as praças da Espanha e da Itália são ocupadas por protestos. Tantas poupanças a se volatilizarem como fumaça nas chaminés do cassino global!


 


Temo que a onda de protestos dê sinal verde ao neofascismo. Em nome da recuperação do sistema financeiro (dirão: “retomada do crescimento”), nossas democracias apelarão às forças políticas que prometem mais ouro aos ricos e sonhos, meros sonhos, aos pobres.


 


Nos EUA, a derrota de Obama na eleição de 2012 revigorará o preconceito aos negros e o fundamentalismo do “tea party” incrementará o belicismo, a guerra como fator de recuperação econômica. A direita racista e xenófoba assumirá os governos da União Europeia, disposta a conter a insatisfação e os protestos.


 


Enquanto isso, a criança somali terá sua dor sanada pela morte precoce. E a Somália se multiplicará pelas periferias das grandes metrópoles e dos países periféricos afetados em suas frágeis economias.


 


Ora, deixemos o pessimismo para dias melhores! É hora de reacender e organizar a esperança, construir outros mundos possíveis, substituir a globocolonização pela globalização da solidariedade. Sobretudo, transformar a indignação em ação efetiva por um mundo ecologicamente sustentável, politicamente democrático e economicamente justo.


 







Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de “O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org twitter:@freibetto.


 


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Retiro espiritual (e literário)

 


Frei Betto

Passei a terceira semana de  julho em retiro espiritual com meus confrades dominicanos. No feriado de  Corpus Christi, fiz o mesmo, durante três dias, com grupos de oração  integrados por leigos.


 


Nesse mundo atordoado, notícias nos  perseguem em todos os cantos e recantos. Solicitações se multiplicam.  Retirar-se, recolher-se à solidão, estar consigo mesmo, é uma exigência  espiritual e intelectual. Muitos indígenas o fazem ao passar da adolescência à  idade adulta. Os esportistas se concentram nos dias precedentes a jogos e  disputas.


 


Se logro produzir tantos artigos e livros (53 títulos  em 35 anos. O 54o, um romance, sai no final deste mês) não é devido à equipe  de fradinhos que, como sugere Ricardo Kotscho, ocupa-se, no porão do convento,  a redigir, dia e noite, textos que assino. É graças a retiros literários. Pelo  menos 120 dias do ano reservados à criação literária. Evito a agitação urbana  e mantenho o celular desligado e a ansiedade contida.


Escrever,  como diria Thomas Edison, não é mera questão de inspiração, e sim de  transpiração. (João Ubaldo Ribeiro opina que a melhor inspiração é um fornido  cheque do editor…).


 


Para criar há que ralar. Ter a disciplina  de renunciar a convites, festas, atrações, viagens. E dedicar-se seriamente ao  trabalho de ler, escrever e pesquisar. Basta abrir as correspondências de  Balzac e Flaubert para se ter uma ideia de como se entregavam ciosamente ao  ofício literário.


 


Ah, quantas narrativas jamais nos chegaram por  ficarem retidas na imaginação de escritores que não se empenharam em virar  autores! Quantas obras-primas literárias sorvidas em tulipas de chope nos  bares da noite!


 


A preguiça é um dos sete pecados capitais. Nome  inadequado. Nada a ver com sombra, água fresca e jornal sem letras. Prefiro o  termo sugerido pelo monge Cassiano (370-435): acídia, latinização do grego  acédia.


 


Acídia é o desânimo de cultivar a vida espiritual. De  orar. De ler e meditar a Palavra de Deus. De praticar a virtude e superar o  vício. De abraçar os ensinamentos dos mestres espirituais.


 


Esta a  importância do retiro espiritual: distanciar-se do burburinho cotidiano,  livrar-se por uns dias da hipnose televisiva e do magnetismo internético,  deixar o celular desligado e conectar-se ao silêncio, ao íntimo de si mesmo,  para escutar melhor a voz divina e, assim, dilatar a capacidade de  amar.


 


Muitas vezes a resistência em retirar-se deriva do medo  (inconfessado) de encontrar a si mesmo. De  escutar a própria intuição, ouvir a voz do silêncio. É semelhante à  resistência à terapia. Assim como há quem julgue que ela “é para loucos”, há  quem considere que retiro “é para monges”.


 


Tenho amigos com  imensa dificuldade de desconectar-se do dia a dia. São compulsiva e  compulsoriamente antenados em tudo. Na verdade, ficam ligados no varejo. Não  conseguem se empenhar no atacado. Deixam escapar por entre os dedos os  talentos que possuem. Tornam-se, assim, presas fáceis da ansiedade e vítimas  do estresse. São aptos ao infarto, pois nem sequer conseguem mastigar devagar  o que ingerem.


 


Ainda que não haja oportunidade de fazer um retiro  espiritual, ao menos a manhã ou tarde de um domingo do mês deveria ser  reservada ao isolamento. Bastaria visitar uma igreja, desfrutar a  tranquilidade de um parque ou mesmo trancar-se em casa e  meditar.


 


Para o artista, retirar-se é imprescindível. A criação  exige distanciamento. Krajcberg refugia-se no sul da Bahia. Manoel de Barros,  numa fazenda do Mato Grosso. Adélia Prado, em Divinópolis (MG). João Gilberto  se impõe uma vida monástica em seu apartamento no Rio.


 


Talvez  por isso Javé, em sua sabedoria, tenha primeiro criado a luz e, por fim, os  seres humanos… Nossa excessiva tagarelice teria prejudicado a obra da  Criação. E como narrador invisível, Deus prefere ser conhecido por sua palavra  e obra. Assim como nós, leitores, conhecemos Camões, Machado de Assis e  Dostoiévski.


 


 





Frei Betto é escritor, autor, em parceria  com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de “Conversa sobre a fé e a ciência”  (Agir), entre outros  livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.


 


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

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Terrorista louro de olhos azuis


 


Frei Betto

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.


 


A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.


 


Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo… alerta o preconceito infundido.


 


Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.


 


O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.


 


Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.


 


Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.


 


A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele “é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.


 


Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?


 


Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?


 


O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.


 


O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?


 


Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.


 





Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de “Conversa sobre a fé e a ciência” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.


 


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Fonte: Frei Betto

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Os gays e a Bíblia

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.


No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”…).


Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).


No 60º aniversário da Decclaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.


A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.


Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.


São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.


A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama…).


Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?


Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.


Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?


Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.


Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org – twitter:@freibetto



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Fonte: Frei Betto

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Dólar fecha no menor nível desde maio de 2001, a R$2,251

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acentuou a queda nesta segunda-feira por conta da ausência de uma atuação do Banco Central e encerrou no menor patamar desde o início de maio de 2001, a 2,251 reais. O cenário econômico positivo e alguns ingressos de recursos contribuíram para que a moeda norte-americana recuasse 0,66 por cento e fechasse na menor cotação do dia. “À medida que o BC não surge, o pessoal não segura os dólares na mão”, resumiu o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que pediu para não ser identificado, acrescentando que o mercado deve começar a testar o nível de 2,20 reais. Desde que o dólar retomou o nível abaixo de 2,30 reais na semana passada, aumentaram as expectativas entre os investidores de que o Banco Central poderia voltar a realizar os leilões de compra de dólares. Com isso, os investidores seguram um pouco a venda de dólares no começo da manhã, mas ingressam os recursos no mercado ao longo do dia, diante da constatação da ausência do BC. O fluxo positivo vem principalmente das recentes captações privadas realizadas, disseram analistas. “Não adianta, enquanto não tiver atuação do BC, o mercado vai continuar vendedor de dólar”, disse o operador de câmbio de uma corretora nacional. O gerente de câmbio do banco estrangeiro lembrou ainda que, mesmo que alguns exportadores reclamem da cotação baixa, a balança comercial segue registrando superávits. “Todos os indicadores são positivos”, disse. Dados desta manhã mostraram que a balança comercial acumulou saldo positivo de 858 milhões de dólares na quarta semana de setembro. De acordo com o diretor de câmbio da corretora Novação, Mário Battistel, o mercado pela manhã tentou acompanhar um pouco o cenário internacional, com o dólar atingindo o maior nível em 2 meses frente ao euro depois que o furacão Rita causou menos danos que o esperado. “Mas agora à tarde despencou de vez… está mantendo a tendência de queda”, afirmou ele. (Por Nathália Ferreira)

Fonte: Reuters

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BB apresenta propostas, mas precisa melhorá-las

Finalmente a direção do banco apresentou um valor para a Parcela Previ. Colocou também uma nova proposta de PLR na mesa, mas os valores não agradaram os bancários. (São Paulo) O Banco do Brasil apresentou hoje propostas para duas das mais importantes reivindicações do funcionalismo: a Parcela Previ e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O BB respeitou o modelo de PLR reivindicado pelo movimento sindical, mas os valores, assim como o da nova Parcela Previ podem ser melhorados. E muito! Para a Parcela Previ, o banco propôs a redução dos atuais R$ 2.200,06 para R$ 1.539,75. Pela primeira vez os representantes do BB admitiram que o movimento sindical não “viu coisas” e que realmente apresentaram proposta no ano passado: “Estes R$ 1.539,75 são baseados naquele valor que chegamos a colocar na mesa na Campanha Salarial passada, de R$ 1.440, corrigidos em 6,92% do fator atuarial da Previ”, explicou Joel Bueno, negociador do banco. Os representantes do funcionalismo, entretanto, destacaram que o valor continua alto e reafirmaram a sua proposta: “Nós queremos que o banco recupere o valor inicial da Parcela Previ, que era de R$ 1.031, corrigidos pelos mesmos percentuais de reajuste que os funcionários do BB tiveram nestes anos todos, o que atualizaria seu valor para R$ 1.373. Até aceitamos a correção do valor atuarial de 6,92%, mas tem que resgatar o valor inicial da PP”, afirmou Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa. PLR – Sobre a PLR, o banco manteve o formato reivindicado pelos funcionários, mas rebaixou toda a proposta. O funcionalismo reivindica uma Participação nos Lucros semestral de 50% do salário, mais uma parcela fixa de R$ 394 e a distribuição linear de 5% do lucro líquido. O BB propôs o pagamento de 3% do lucro semestral, mais uma parcela fixa de R$ 375. Com relação ao percentual do salário, o banco propõe 25% para quem ganha menos e 185% para quem recebe mais. A pior parte da proposta é que este valor vinculado ao percentual do salário só seria pago para as agências que cumprissem o Acordo de Trabalho. “A Comissão de Empresa reconhece o avanço do BB em manter a estrutura da nossa proposta. Mas estes valores são muito baixos e há espaço para melhorar. Agora o que não aceitamos de jeito nenhum é vincular o pagamento da PLR ao Acordo de Trabalho”, ressaltou Milton Rezende, vice-presidente da CNB/CUT. Os bancários devem analisar a proposta do BB no próximo dia 27, durante a assembléia geral que vai definir a greve do dia 28. Os funcionários do BB devem participar em massa das manifestações porque a Comissão de Empresa volta a negociar com o BB no dia 29, às 15h, em Brasília, Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT

Fonte: CNBCUT

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Furacão nos EUA

Prefeito diz que é tarde para abandonar Houston Um bairro de Nova Orleans, o Ninth Ward, a leste do Bairro Francês, voltou a inundar na manhã de hoje por causa das intensas chuvas causadas pelo furacão Rita. Um bairro de Nova Orleans, o Ninth Ward, a leste do Bairro Francês, voltou a inundar na manhã de hoje por causa das intensas chuvas causadas pelo furacão Rita. Um bairro de Nova Orleans, o Ninth Ward, a leste do Bairro Francês, voltou a inundar na manhã de hoje por causa das intensas chuvas causadas pelo furacão Rita.

Fonte: Terra Notícias