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Participantes do II Fórum pela Visibilidade Negra assumem compromissos de atuação

Os sindicalistas bancários que participaram do II Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro aprovaram uma carta com as resoluções do evento. O documento traz não só a posição dos dirigentes sobre os temas discutidos, mas também propostas de atuação e realização de atividades. Um dos compromissos assumidos foi o de realizar o Fórum a cada dois anos, de forma itinerante.


 


Veja aqui o texto da carta aprovada no evento.


 


Andréa Freitas de Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, ressalta que o Fórum inovou ao trazer para o centro do debate o racismo institucional. “Ele é tão mascarado que os sindicalistas dificilmente o discutem. Talvez porque alguns de nós não tenham, ainda, se apropriado do tema e não estejam convencidos de que classe e raça são dois temas que estão imbricados. Para a diretora, o caminho para mudar esta situação é incluir a discussão do racismo – e da igualdade de oportunidades, como um todo – na política de formação das entidades. “Esta postura exige disciplina militante. Não adianta ter vontade se não estudar. O dirigente tem que buscar permanentemente a atualização dos conhecimentos”, acredita.


 


Para Andréa, a discussão sobre racismo precisa ganhar mais peso na pauta do movimento sindical. “Nós, dirigentes, precisamos ter coragem para pautar nossos temas o assunto. As mesas temáticas têm sido importantes para as chamadas cláusulas sociais. Muitas das pautas destas mesas vão sendo amadurecidas e acabam se consagrando na mesa da Fenaban e entrando na Convenção Coletiva. Foi o caso da ampliação da licença-maternidade e da extensão do plano de saúde a parceiros homoafetivos, por exemplo”, recorda a sindicalista. O sucesso das iniciativas, entretanto, é tímido diante dos desafios que ainda se colocam para a discussão destes temas. “Não adianta só fazermos congressos e conferências se não levarmos a pauta do racismo institucional, da homofobia, do machismo para os espaços de decisão. As secretarias de Políticas Sociais ou outras pastas que tratem dos temas sociais têm o desafio de fazer o debate com a categoria e levá-lo amadurecido, como proposta, para a Conferência Nacional. Estes temas são tão importantes quanto quaisquer outros”, acrescenta.


 


Ameaça iminente


 


Almir Aguiar, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, apresentou um desafio imediato para os militantes do movimento negro: as tentativas de derrubar o feriado de 20 de março, dia da Consciência Negra e aniversário de morte de Zumbi dos Palmares. “A Associação Comercial do Paraná obteve uma liminar junto ao Tribunal de Justiça do estado cancelando o feriado, alegando prejuízos ao comércio. Este tipo de iniciativa tem que ser fortemente combatido, já que pode abrir um precedente. As entidades do movimento negro, os sindicatos, os movimentos sociais tem que se unir e lutar para que o feriado seja nacional, com aprovação do projeto que já tramita no Congresso”, defendeu Almir. O presidente do Seeb-Rio fez referência ao PLS 302/204, de autoria do senador Paulo Paim, que completa a lei já em vigor, oficializando a data como feriado oficial em todo o país. Atualmente, a decretação do feriado tem sido feita por Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. “Se fosse para comemorar os feitos de um homem branco, não seria contestado. Derrubar o feriado que lembra a luta do povo negro é uma clara demonstração de racismo e nós precisamos combatê-la”, estimula o sindicalista.


 


A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT enxerga o mesmo caminho. “A conjuntura política e o avanço das forças conservadoras no mundo – e no Brasil – exige das direções dos sindicatos uma postura proativa para melhorar a interlocução com os movimentos sociais. A partir desta troca poderemos construir alianças que nos fortaleçam para que possamos avançar nas temáticas específicas”, avalia Andrea.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES

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Informação é poder

Frei Betto *


 


A presidente Dilma não teria sido pega de surpresa com as revelações de Edward Snowden – de que o Planalto é espionado pelo governo dos EUA – se a sua assessoria fosse mais atenta às novas estratégias da Casa Branca após a queda do Muro de Berlim e o desaparecimento da União Soviética.

Joseph S. Nye e William A. Owen escreveram na revista Foreign Affairs, de março-abril de 1996, um intrigante artigo intitulado “A vantagem informativa dos EUA”. Nye dirigiu o Conselho Nacional de Inteligência e foi subsecretário assistente de Defesa para Assuntos Internacionais no governo Clinton. Em seguida, dirigiu a Escola de Governo John F. Kennedy, da Universidade de Harvard. Owen foi subchefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas no governo Clinton.

Os autores ressaltam que, malgrado a superioridade estadunidense nas esferas militar e econômica, “sua mais sutil vantagem comparativa é a habilidade para coletar, processar, atuar sobre e disseminar informação”. Para eles, a informação exerce, agora, o papel de “poder suave” (soft power), graças ao qual os EUA podem influenciar a política internacional, substituindo a coerção pela sedução.

As transmissões por satélite reduzem o nosso planeta às dimensões de uma pequena aldeia. Esse olho instantâneo que nos permite ver, do Sul da América, o momento em que ocorre uma enchente na China, produz profundas modificações na estratégia militar, que hoje utiliza drones – aeronaves não tripuladas – para bombardear supostos terroristas.

Que as guerras são sujas, todos sabemos. O complicador é quando telespectadores dos quatro cantos do mundo assistem ao procedimento criminoso das forças militares de países que se gabam de não agir como Hitler. E agem exatamente como os nazistas: segregação étnica, sequestros, torturas, confinamento terroritorial, invasão de propriedades, etc.

Durante a Guerra Fria, a frágil estabilidade internacional dependia do arsenal nuclear dos países antagônicos. Segundo Nye e Owen, na era da globalização tudo depende da capacidade estadunidense de manter seus aliados informados. E aliados não são apenas governos, mas também amplos setores da população de países cujos governos são contrários à Casa Branca.

No Irã, na China ou em Cuba, há pessoas convencidas de que o símbolo da democracia é um McDonald’s em cada esquina e, portanto, suscetíveis de serem mobilizadas pelo poder informativo dos EUA. Entenda-se: pela versão estadunidense dos fatos.

Nye e Owen não relutam em afirmar que “à medida que sua capacidade de prover este tipo de informação crescer, os EUA serão vistos, cada vez mais, como o líder natural de coalizão, não só por ser o mais forte, mas porque podem produzir o insumo mais importante para as boas (sic) decisões e a ação efetiva a outros membros da coalizão”. Portanto, “assim como o domínio nuclear foi a chave para a liderança na era passada, o domínio da informação será a chave nesta era informativa”.

O que encanta os autores é constatar que a informação gerada desde os EUA tem ampliado os espaços do livre mercado e restringido a esfera de ação dos poderes centralizados. Citam como exemplo o papel dos computadores e das máquinas xerox no governo Gorbachev, quando “as tecnologias puderam disseminar também diversas ideias políticas”.

Agora, com a proliferação de redes sociais e a conexão propiciada pela internet, dilatam-se os espaços democráticos na China. “O belo da informação, como recurso de poder” – dizem os autores – “é que, enquanto reforça a efetividade do poder militar, inelutavelmente democratiza as sociedades”.

Através do “poder suave”, os EUA podem projetar, em todo o orbe terrestre (como diria um papa) sua ideologia, sua cultura, seu modelo de democracia, suas instituições sociais e políticas, “liderando as redes de negócios internacionais e as telecomunicações”.

Esse “poder suave” visa a quatro objetivos prioritários:


1) Favorecer as transições democráticas dos atuais Estados considerados autoritários e ditatoriais;


2) Prevenir a reversão das frágeis democracias;


3) Prever e resolver os conflitos regionais;


4) Enfrentar a ameaça do terrorismo, do crime internacional e da proliferação de armas, sobretudo atômicas (que EUA e Israel têm, mas não admitem o direito de outros países tê-las).

A internet é outra arma nada desprezível. “Deixado a si mesmo, o mercado provavelmente continuará a tendência de concentrar desproporcionalmente o acesso à Internet”. Por isso, a Agência de Informação dos EUA (USIA) e a AID “devem trabalhar para melhorar o acesso global à Internet”.

Informação globalizada, por enquanto, é isso: uma versão que se impõe como a única e se julga a verdadeira. E é precedida por inescrupulosa espionagem eletrônica, doa a quem doer.

* Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser, de “Conversa sobre a fé e a ciência” (Agir), entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter: @freibetto.


 




Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar divulgá-los, propomos assinar todos os artigos do escritor. Contato – MHGPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Apenas 26 % dos negros conseguem promoções nos bancos, diz Educafro

A discriminação racial nos bancos consegue ser ainda mais contundente do que em outros setores do mercado de trabalho. Essa é a conclusão dos dados apresentados por Frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, nesta quinta-feira (14), durante o II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado no Hotel São Francisco, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, apenas 26 % dos bancários negros conseguem ser promovidos nos bancos. Para ingressar no mercado de trabalho, os negros e negras também estão em desvantagens: se cada 100 brancos que trabalham nas instituições financeiras, apenas 8 são negros.

O evento, iniciado ontem, foi promovido pela Contraf-CUT em parceria com o Sindicato dos Bancários do Rio e a Fetraf RJ-ES.

Mobilização

Frei David apresentou ainda as ações e mobilizações da Educafro junto aos diversos setores, como supermercados, comércio, indústria e bancos. No setor financeiro, a entidade ocupou, em 2003, uma unidade do Itaú para exigir a inclusão de mais negros no quadro de funcionários.

“Policiais fortemente armados cercaram os manifestantes durante mais de 3 horas. Mas nossa pressão levou a direção do Itaú a abrir um canal de negociação. Nosso passo seguinte foi pedir ao Ministério Público ações contra a empresa”, lembrou.

Ele criticou a decisão judicial das ações em defesa da igualdade de oportunidades e de ações afirmativas. “Os juízes trabalhistas que rejeitaram todas as nossas ações devem sentir vergonha de suas decisões. Alegaram que a estatística não prova a discriminação”, criticou.

Febraban

A Educrafo entrou com uma representação contra a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

“Nossa mobilização apresentou resultados no Itaú. Os funcionários negros no banco representavam em 2003 cerca de 5 % do quadro funcional. Em 2005, o índice saltou para 24 % e em 2006 chegou a 27 % “, disse.

Nas promoções, os índices também apresentaram avanços: em 2003 8 % dos funcionários promovidos eram negros, em 2004 o índice subiu para 8 % chegando a 10 % em 2005 e 14 % em 2006.

“Os poderes econômicos e políticos só funcionam com pressão e a Febraban só vai avançar se houver mobilização dos bancários”, afirmou.

Frei David disse também que já há um plano de inclusão de negros, mas é preciso cobrar resultados. “Já notificamos a Febraban para que os bancos prestem contas dos números de negros contratados pelas empresas do setor. Queremos saber se os banqueiros estão cumprindo as metas de inclusão”, ressaltou.

Ele acrescentou ainda que o embate da questão racial não se dá apenas com as empresas, mas também em relação aos governos municipais, estaduais e federal.

Cotas nos serviços públicos

Para Frei David, as cotas no serviço público estão entre os mais importantes instrumentos de transformação na sociedade proposta pela comunidade negra. A proposta chegou a ficar 3 anos e 90 dias engavetada no Ministério do Planejamento do governo Dilma.

“A Dilma enviou a proposta para o Congresso Nacional, quando poderia ter feito através de decreto-lei. Corremos o risco do projeto ser adulterado por emendas parlamentares ou mesmo de não ser aprovado”, denunciou.

A proposta tem 45 dias para ser votada pela Câmara e vai em seguida para o Senado, tendo mais 45 dias para análise. A expectativa é de que a decisão sobre o projeto seja concluída no início de fevereiro de 2014.

“O êxito desta Lei vai depender da pressão e da articulação política dos trabalhadores junto aos parlamentares”, destacou.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Rio

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Trabalhadores negros ainda recebem salários menores, aponta Dieese

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na terça-feira (13) o estudo “Os negros no trabalho”, em que traça o panorama do acesso ao trabalho em relação à cor dos grupos de trabalhadores. O boletim é referente ao período compreendido entre 2011 e 2012.

As informações, apuradas pelo Sistema de Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), foram colhidas no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.

> Clique aqui para acessar o estudo completo do Dieese.

Desemprego e desigualdade

A taxa de desemprego na população economicamente ativa composta por negros (pretos e pardos) diminuiu de 13,8 % em 2010 para 11,9 % em 2012. Mas, segundo o Dieese, o motivo é a geração de postos de trabalho para toda a população, uma vez que a proporção de negros economicamente ativos conservou-se em níveis praticamente constantes no período.

“O que aconteceu foi a diminuição do desemprego tanto para a população negra quanto para a população não negra. Se observar, a taxa de desigualdade continua entre os grupos, mas temos a impressão de que diminuiu”, afirma Adriana Marcolino, socióloga e técnica do Dieese.

A taxa de desemprego de não negros (brancos e amarelos) caiu de 10,2 % em 2010 para 9,2 % em 2012.

Regiões Metropolitanas

A população negra empregada nas regiões metropolitanas estudadas somava 48,2 % do total. Porém, sua remuneração era de, no máximo, 63,9 % do valor recebido pelos não negros.

Entre as regiões, a menos desigual é a de Fortaleza, onde negros recebem até 75,66 % do salário de não negros. Na região metropolitana de Salvador está a maior disparidade: negros recebem, em média, 59,86 % do que os não negros. No Brasil, negros recebem, em média, 63,89 % do salário dos não negros e se concentram no setor de serviços (com 56,1 % dos trabalhadores no País).

Quanto ao setor de trabalho, negros estão concentrados em atividades de grande esforço físico, em que exercem movimentos repetitivos e têm pouca margem para decisões e criatividade. Alguns exemplos de profissões citadas no estudo são: alfaiates, camiseiros, costureiros, pedreiros, serventes, pintores, caiadores, vendedores, frentistas, repositores de mercadorias, faxineiros, lixeiros e empregados domésticos.

Escolaridade

Ainda segundo o boletim, os negros têm menor escolaridade. No período de 2011 a 2012, 27,3 % dos afro-brasileiros empregados não tinham concluído o ensino fundamental e 11,8 % contavam com o diploma de ensino superior. Entre os não negros, esses percentuais eram de 17,8 % e de 23,4 % , respectivamente.

Em teoria, à medida que aumentam os níveis de escolaridade, a desigualdade no mercado de trabalho deveria ser reduzida. No entanto, mesmo nos casos em que os não negros poderiam estar em desvantagem, eles são favorecidos com a possibilidade de retorno aos estudos, o que seria mais difícil para os negros.

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, o estudo demonstra que as políticas afirmativas para a população negra têm papel importante na sociedade brasileira. Segundo a dirigente, são estudos como o do Dieese que ajudam a embasar a sociedade e direcionar as próximas ações de luta.

“Esse estudo contribui para o direcionamento das estratégias e ações da CUT sobre o tema. É um documento importante para o aprofundamento deste debate por todo o país e um subsídio fundamental para fortalecimento de nossa luta e diálogo com o poder público”, afirma.

Por Henri Chevalier

Fonte: CUT Nacional

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Discriminação no mercado de trabalho tem origens históricas no Brasil

O professor Ramatis Jacinto, mestre e doutorando em História Econômica pela USP e presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial, disse nesta quinta-feira (14), no II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra, realizado no Rio de Janeiro, que o “branqueamento do mercado de trabalho” no Brasil possui causas históricas. O evento foi promovido pela Contraf-CUT em parceria com o Sindicato dos Bancários do Rio e a Fetraf RJ-ES.

Em sua palestra, ele explicou que a escravidão fazia parte da lógica mercantilista do período das grandes navegações e do colonialismo. “A escravidão tem uma relação estreita com a formação do capitalismo”, destaca.

O historiador lembrou que “toda riqueza acumulada no país pela burguesia é resultado de dois crimes hediondos: o assalto das terras indígenas e o sequestro dos negros africanos como força de trabalho”.

“A maioria da burguesia de hoje tem sua riqueza originária desta forma de acúmulo de capital feita por seus pais e avós”, afirma.

Para o acadêmico, o fim da escravidão é fruto da luta dos negros e dos interesses do império britânico, que precisava criar mercados consumidores no mundo para vender seus produtos excedentes.

Estruturação capitalista

“Os ex-escravos começaram a ser excluídos do mercado e lançados ao mercado informal e na marginalidade. O governo brasileiro incentivou a imigração de europeus para absorvê-los como mão-de-obra. Os imigrantes também não possuíam qualificação, mas eram contratados pelo único fato de serem brancos. O discurso de que os negros não tinham qualificação ou não queriam trabalhar pois preferiam o ócio foi absorvido não só pelo mercado, mas também pelo meio acadêmico brasileiro”, disse.

Ele citou como exemplo o economista Celso Furtado, considerado uma referência nas faculdades de economia. “Há no Brasil uma ideologia racista no meio acadêmico que passa pelo sociólogo Gilberto Freire e chega ao economista Celso Furtado”, critica.

Ramatís deu como exemplo de racismo institucional a legislação, desde a Lei do Sexagenário. “Esta Lei só concedia a liberdade ao escravo quando ele já se encontrava inutilizado para o trabalho e o proprietário queria se livrar do custo de ter de mantê-lo sob sua responsabilidade”.

O especialista ressaltou também que as leis de imigração favoreciam os brancos que vinham para o Brasil. “Europeus católicos que chegavam ao nosso país recebiam terras, 160 réis em dinheiro, bois, cavalos, além de isenção de impostos por 8 anos e acesso às universidades, enquanto os negros eram excluídos. Isso explica a desigualdade em nossos dias”, afirma.

O palestrante mostrou dados que revelam a discriminação nos dias de hoje. Em São Paulo, para cada R$ 100 que um trabalhador branco recebe, os negros ganham R$ 59,8 e as mulheres negras, R$47,4.

“Entre as lacunas da questão racial, que temos de enfrentar, estão a violência policial, a necessidade de democratização da mídia, o acesso à saúde e à educação e a discriminação no mercado de trabalho”, destaca.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb-Rio

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Fórum pela Visibilidade Negra discute relação entre racismo e extermínio de jovens negros

A primeira mesa do II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, que aconteceu na tarde desta quarta-feira, discutiu a relação entre a violência que tira a vida dos jovens negros nas favelas e o racismo arraigado na cultura brasileira. Os números apresentados pela pesquisadora Raquel Willadino Braga, do Observatório das Favelas, e o histórico do pensamento racista mostrado pelo historiador Amauri Mendes Pereira se complementaram e traçaram um panorama aterrador.


Os dados apresentados por Raquel Willadino chocaram os presentes. A pesquisadora mostrou os resultados de pesquisas que apontam que, nos últimos 30 anos, o número geral de homicídios no país vem se mantendo estável, enquanto as mortes de jovens negros nas periferias dispararam. A matemática é simples: morrem mais jovens negros, e menos não negros.


Mas Raquel informou que, apesar desta diferença significativa, todas as iniciativas de prevenção da violência realizadas no país, apenas 8 % se preocupam em fazer o recorde de raça. O Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL), que nasceu da soma das experiências do Observatório de Favelas e de iniciativas do Unicef e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidencia da República em 2007, é um dos poucos estudos que se debruçam sobre este segmento específico.


Os resultados do Índice de Homicídios na Adolescência, apurado pelo PRVL, apontam que as chances de ser assassinado são 12 vezes maiores para jovens do sexo masculino e 3 vezes maiores para negros. “Verificamos que 46 % das mortes de adolescentes são por homicídio, a maioria por arma de fogo. Fizemos uma projeção do número de mortes que devem acontecer se esta tendência se mantiver e um dos objetivos da pesquisa é informar o poder público para que tome medidas capazes de evitar que esta projeção se realize”, esclarece Raquel.


O historiador Amauri Mendes Pereira, professor de História da África e do negro no Brasil, demonstrou com citações de grandes intelectuais e registros das casas legislativas do país como o racismo está presente no pensamento e nas leis brasileiras. “A alta intelectualidade produz as condições para naturalizar o racismo. E cultura é muito mais difícil de mudar do que política”, analisa Amauri. Trechos de obras de autores respeitados apontam a miscigenação como causa da instabilidade brasileira. Leis, propostas de legislação e discursos de parlamentares apontam como solução para este problema o “branqueamento” da população, através do estímulo à migração europeia – principalmente do norte do continente – e restrições à entrada de asiáticos e africanos no país. A perplexidade diante das citações apresentadas tomou conta da assistência.


Polícia para quem?


A discussão enveredou pela questão da violência policial. Raquel apontou que a instalação de UPPs em favelas do Rio de Janeiro trouxe alguns avanços, mas também muitos novos conflitos. “De positivo, tivemos uma redução dos confrontos armados e da exposição ostensiva dos armamentos. Mas continuou havendo um controle armado do território. É como se, ao invés do tráfico ou da milícia, a polícia tenha passado a ser a nova dona da favela. E isso tem permitido que aconteçam muitas violações de direitos”, critica a psicóloga.


Outra ponderação que a pesquisadora faz é relativa à resolução do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana feita em dezembro do ano passado. O texto recomenda que os registros, boletins de ocorrência e inquéritos policiais não usem mais as expressões “auto de resistência” ou “resistência seguida de morte”. Estes termos são oriundos de uma medida administrativa criada durante a ditadura militar e são amplamente usados para encobrir os homicídios praticados por agentes de segurança pública, vitimando principalmente jovens negros das periferias. Pesquisa divulgada no início deste mês pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que os autos de resistência tiveram uma redução de 69 % no estado do Rio de Janeiro e as autoridades apontam a instalação das UPPs como principal motivo para esta diminuição. “Mas temos que avaliar se o que aconteceu foi só a mudança da nomenclatura ou se, de fato, mudaram as práticas”, questiona Raquel.


Para o professor Amauri, a questão da segurança pública passa por mudanças profundas no aparelho oficial. “Sem mexer na banda podre da polícia, nada de bom se faz em segurança pública”, acredita o historiador.


Raízes profundas


Amauri Mendes Pereira ressaltou que o Brasil não foi apenas a última nação das Américas a abolir a escravidão. “Fomos o primeiro país a receber escravos africanos, a mais antiga notícia de desembarque de negros escravizados é de 1522. O Brasil também foi o único país a ter escravidão em todo o território nacional e, por isso, é o que tem negros em todos os estados. O único outro país das Américas que tem população negra em toda sua extensão é o Haiti, que é pequeno. Outro dado importante é que, de todos os negros que foram tirados da África e traficados como escravos, a metade veio para o Brasil. Nenhum outro país do mundo teve uma escravidão tão longa e tão ampla como a que tivemos aqui”, ressalta o historiador.


A posição do professor quanto à questão da população afrodescendente – e de outras minorias – é muito clara. “O problema não é o negro, é o racismo. Assim como o problema não é a mulher, é o machismo. Não é o homossexual, é a homofobia”, defende. Mas o professor vai além e propõe um enfrentamento conjunto dos problemas. “Ao contrário do que muitas pessoas de esquerda defendem, a discussão sobre a luta de classe não é a única que importa. Pelo contrário, ela reúne outras questões, como o racismo, o machismo, a homofobia. As discussões devem ser feitas separadamente para que possam ser aprofundadas, mas não para que se criem fronteiras entre elas”, acredita Amauri.


Livro


Acadêmico tardio, segundo definição dele mesmo, o professor Amauri Mendes Pereira só conquistou seus títulos de Mestre e Doutor mais tarde. Mas não por falta de vontade ou empenho. “Quando eu quis estudar História da África na década de 70, nenhuma universidade oferecia o curso. Então, só pude fazer meu mestrado e meu doutorado na maturidade”, relata. “E, mesmo hoje, ainda são poucas as universidades que têm estudos nesta área”, acrescenta Amauri.


Mas a especialização que conquistou ao longo de sua carreira acadêmica não o impediu de produzir conhecimento para as pessoas comuns. Seu livro “Encruzilhadas na luta contra o racismo no Brasil” é, segundo ele mesmo, para todos. “É de leitura fácil, não é muito longo, custa barato”, esclarece.


O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro fará um lançamento da publicação em sua sede, no próximo dia 26.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES

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CCJ do Senado pode votar outro projeto de terceirização nesta quarta

Com surpresa e indignação, a Contraf-CUT tomou conhecimento de que pode ser votado nesta quarta-feira (13), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, o PLS 87/2010, do ex-senador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), com parecer do senador Armando Monteiro (PTB-PE), que regulamenta a terceirização, na mesma linha do PL 4330/2004 que tramita na Câmara dos Deputados.

Segundo o Diap, três curiosidades chamam atenção em relação a esse projeto. A primeira é que a matéria ficou mais de dois anos sem parecer, tendo como última relatora, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Tanto na Câmara quanto no Senado, o conteúdo converge com as premissas patronais.

A segunda é que a matéria será apreciada na CCJ e depois na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), em decisão terminativa. Ou seja, sendo aprovada e não havendo recurso contra a decisão da comissão vai para a Câmara como Casa revisora.

E a terceira é que não se trata de uma coincidência esse parecer igual ao do projeto na Câmara. Trata-se, pois, de um movimento articulado da bancada empresarial que fecha o cerca em torno da terceirização e dificulta mais ainda uma negociação em bases razoáveis, do ponto de vista do movimento sindical.

Mobilização contra nova jogada empresarial

Para o Diap, o substitutivo nada muda o texto em discussão na Câmara. Ele contempla as premissas apoiadas pelo setor patronal como a terceirização na execução de serviços inerentes a qualquer atividade da contratante (meio e fim) e a responsabilidade subsidiária como regra e solidária como exceção.

Clique aqui para ler a íntegra do parecer do senador Armando Monteiro.

“Já estamos fazendo contatos com a CUT e os senadores que têm assumido compromissos com os trabalhadores para evitar a votação do projeto e abrir um processo de debate com a sociedade, a exemplo da mobilização que fizemos na Câmara”, afirma Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

“Esse novo lance dos empresários mostra o quanto as entidades sindicais devem ficar permanentemente mobilizadas em relação ao tema. Para quem não sabe, o relator é nada mais nada menos que ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)”, salienta o dirigente sindical.

“Até o final da tarde desta segunda-feira, vamos divulgar orientações aos sindicatos e federações de todo o país para enfrentar essa nova jogada empresarial contra os empregos e os direitos dos trabalhadores e o futuro da nação”, conclui Miguel.

Fonte: Contraf-CUT

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Trabalhadores da EBC continuam em greve

Parados desde a última quinta-feira, dia 07, os radialistas e jornalistas dos veículos ligados à Empresa Brasileira de Comunicação decidiram em assembleia na tarde de hoje (11) manter a greve. A paralisação – a segunda e maior desde a reunião das emissoras na EBC – fez a direção da empresa chamar uma negociação para esta noite. As categorias fazem assembleia unificada amanhã, terça-feira, às 13h, em frente à antiga sede da TV Brasil, na Avenida Gomes Freire, 474, no centro do Rio.


Desde o início da negociação, a empresa ofereceu proposta rebaixada. “A direção da EBC ofereceu um acordo de 2 anos com aumento real de 0,5 % esse ano e mais 0,5 % em 2014. Não aceitamos”, relata Miguel Walter da Costa, presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro.


Mas as reivindicações vão além da questão econômica. A empresa quer tirar do acordo coletivo dez cláusulas que os trabalhadores não aceitam eliminar. “Elas não têm impacto econômico nenhum, mas a empresa alega que precisa tirar porque o DEST exige e que não haverá perda, porque elas vão se tornar normas da EBC. Uma destas cláusulas é a que garante que 60 % das chefias sejam ocupadas pelo quadro das empresas, funcionários concursados. A reivindicação é que esse número aumente para 100 % , mas a empresa quer tirar a cláusula. Outra que a empresa quer eliminar é a exigência de aprovação em concurso público para ocupar cargo. Há ainda o adicional de titularidade, um adicional para trabalhadores com mais especialização. Temos também a reivindicação de mudança da data-base, que é em novembro, para maio, que a empresa não aceita”, informa Miguel.


A greve nas emissoras da EBC teve forte adesão. “Em Brasília, 70 % dos trabalhadores aderiram à greve, no Rio a adesão está em torno de 50 % . A programação está prejudicada”, relata Miguel. 


A EBC é uma empresa pública que reúne emissoras de rádio e TV e portais de notícias, num total de oito veículos – TV Brasil, TV Brasil Internacional, Agência Brasil, Radioagência Nacional, Rádio Nacional AM do Rio de Janeiro, Rádio Nacional FM Brasília, Rádio Nacional AM Brasília, Rádio Nacional da Amazônia, Rádio Nacional do Alto Solimões, Rádio MEC FM Rio de Janeiro, Rádio MEC AM Rio de Janeiro e Radio MEC AM Brasília. A empresa opera, ainda, o canal de televisão NBr e o programa de rádio “A Voz do Brasil”.


No último dia 05, diante das negativas da empresa, os trabalhadores fizeram uma contraproposta para tentar dar andamento nas negociações, mas só receberam negativas. Veja as reivindicações:


• Sem retirada de cláusulas e dos itens vetados pelo DEST
• Mudança de data-base para maio com acordo de novembro de 2013 a maio de 2015 e gatilho automático (correção dos salários com a inflação do período) em Novembro de 2014.
• Aumento linear de R$290 (Vale-peru + vale-cultura + ganho real de 1 % linear divido por todo mundo multiplicado por 1,5)
• Aumento de 11 % no tíquete-alimentação (inflação das refeições)
• Cláusulas sociais prioritárias para avanço: gratificação de função (9a), horas-extras (10a), acúmulo e desvio de função (40a), Comissão de Empregados (81a), adicional de titularidade (38a), qualificação profissional (39a), comportamento ético e moral (52a), cursos externos (49a), folgas dominicais (63a), avaliação de desempenho, inclui das chefias (42a).

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES

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Contraf obtém suspensão do acordo de reabilitação entre INSS e Febraban

Foi a partir da firme e constante interferência da Contraf-CUT que o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) suspendeu o Acordo Cooperação Técnica no Âmbito da Reabilitação Profissional entre a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) e o INSS.

Trata-se de um claro e estarrecedor desrespeito às convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – 159, 155 e 161 – que determinam a participação dos representantes dos trabalhadores seguindo o critério tripartite no que se refere à saúde do trabalhador. Destaca-se que desde 1991 o Brasil é signatário das três convenções da OIT.

Mesmo em fase avançada, o acordo, que previa o retorno ao trabalho dos segurados bancários reabilitados, não poderá ser retomado. O recuo ocorreu no último dia 29 de outubro, quando representantes da Contraf-CUT, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da CUT Nacional, do INSS e da Febraban reuniram-se em Brasília.

No mesmo dia também foi entregue um documento com o posicionamento da Contraf-CUT aos cuidados de Lindolfo Neto de Oliveira Sales, presidente do INSS, Sergio Antonio Martins Carneiro, diretor de Saúde do Trabalhador do INSS. Nele, mais uma vez, há a solicitação para que representantes dos trabalhadores participem em qualquer processo que envolva políticas de saúde.

Com o objetivo de proteger os direitos dos bancários e discutir as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores afastados, desde fevereiro, o movimento sindical reivindica a participação no processo sobre reabilitação profissional. “É algo que vai muito além da abordagem médica, os trabalhadores, que adoecem e passam por processo de reabilitação profissional, devem ser ouvidos e participar ativamente de todo o processo que determinará o retorno ao trabalho. O saber do trabalhador deve fazer parte de uma séria e comprometida política de Reabilitação Profissional”, critica o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Walcir Previtale.

Fonte: Contraf-CUT

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Santander não dá respostas objetivas em reunião com COE

Em reunião realizada nesta sexta-feira, dia 08, o Santander deu apenas respostas vagas. A principal reivindicação dos bancários, o fim das demissões, ficou em suspenso, já que o assunto será retomado em nova reunião, marcada para 19 de novembro.

A grande questão é que o banco não admite que está fazendo cortes significativos de pessoal. “O banco insiste que não são tantas demissões, mas os números mostram o contrário. Temos observado demissões em toda a nossa base, e nos demais estados a situação não é diferente”, pondera Paulo Roberto Garcez, representante da Fetraf-RJ/ES na COE. Segundo Garcez, a única resposta foi que o banco ficou de rever as demissões dos funcionários que tinham algum tipo de estabilidade garantida por lei.

Ambulatório, eleição e segurança

O representante da base do RJ e ES levou à direção do banco problemas específicos que estão acontecendo no Rio de Janeiro. Quanto ao ambulatório do prédio administrativo conhecido como Realzão, que foi desativado no início da semana, o banco informou que vai enviar funcionários para fazerem um redimensionamento. “O banco alega que o ambulatório é pouco usado e que, por isso, não justifica mantê-lo. Ressaltamos que, mesmo com baixa utilização, é importante que os bancários tenham onde procurar atendimento médico. Também destacamos que não são só os funcionários do prédio que usam o ambulatório, mas também de todas as outras agências do Centro da cidade. Embora os representantes do banco tenham dito isto abertamente, tive a impressão de que o ambulatório não será fechado.”, relata Garcez.

O processo eleitoral para escolha dos representantes dos funcionários na CIPA do Realzão, que está em andamento, foi outro ponto discutido. O banco forneceu uma lista de votantes com 299 nomes, o que garante que os bancários tenham 4 representantes – 2 titulares e 2 suplentes. Segundo a legislação, se um local de trabalho tiver mais de 300 trabalhadores, o número de cipeiros terá mais um efetivo e mais um substituto. “Os votos das pessoas que não estavam na lista foram colhidos em separado. Durante o processo de apuração será verificado se estas pessoas são realmente aptas a votar. Se forem – e só precisamos de algumas pessoas a mais, não de todas que votaram em separado – o banco se comprometeu a criar mais duas posições”, relata Garcez.

Outra questão local levada à reunião foi a segurança do entorno do novo prédio do call center. Depois da mudança para o novo endereço – que ocorreu há pouco mais de duas semanas – bancários já foram assaltados e até um carro já foi roubado. “O banco ficou de enviar um funcionário da área de segurança para avaliar a situação, provavelmente já na semana que vem”, informa o representante da Fetraf-RJ/ES.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES