Congresso da Caixa define delegação ao 30º Conecef

Reunidos no último sábado, 17, no Rio de Janeiro, os bancários da Caixa de todo o estado discutiram os principais problemas do funcionalismo no estado e as perspectivas para a Campanha Nacional dos Bancários e o Acordo Aditivo da Caixa em 2014.

O Encontro dos Bancários da Caixa no Estado do Rio de Janeiro teve a participação de 76 delegados, sendo 60 da ativa e 16 aposentados. Os sindicatos de Angra dos Reis, Baixada Fluminense, Campos, Itaperuna, Niterói, Rio de Janeiro, Sul Fluminense, Teresópolis e Três Rios enviaram bancários para participar do evento.

O supervisor técnico do Dieese-Rio, Carlos Jardel, fez uma breve análise de conjuntura em que deve se desenrolar a Campanha Nacional e a negociação do Acordo Coletivo da Caixa. Jardel fez ponderações sobre a relação entre os trabalhadores e a direção da empresa. “A política de pessoal de muitas empresas tem sido fazer seus funcionários se envolverem com os objetivos da organização. O trabalhador tem que ficar atento. Ele não é soldado da empresa, não tem que “vestir a camisa”. Esta forma de gestão ajuda a dissolver a noção de coletivo, de categoria. A relação se torna individual, de cada funcionário com a empresa. O trabalhador não tem que torcer para a empresa dar lucro”, alerta o economista.

Jardel também destacou que os representantes dos funcionários têm que ter objetivos claros para as negociações. “A Caixa tem projeto e é preciso que a classe trabalhadora saiba quem é e tenha projeto também. Se for negociar com quem tem projeto, sem ter um, acaba sendo engolido pelo projeto da empresa”, alerta o economista.

Mas Jardel ressalta também que a situação geral da economia está estável. “Os trabalhadores não recuperaram o que havia na década de 90, a época do governo Fernando Henrique Cardoso, mas já há melhorias importantes. Mas tivemos uma melhora na apropriação da riqueza pelos trabalhadores a partir de 2004, principalmente por dois fatores: as negociações salariais com ganhos reais e os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e a política de valorização do Salário Mínimo. SM foi o fator  mais importante. Pela primeira vez a classe trabalhadora não tem seu poder de compra devorado pela inflação”, lembra.

Problemas e mais problemas

Os trabalhadores presentes ressaltaram, entro outros temas, duas situações que têm deteriorado o clima nos locais de trabalho: a pressão para o trabalhador não realizar e, caso realize, opte pela compensação e não pelo pagamento das horas-extras;  e as metas – inclusive individuais – que crescem a cada dia. “Se tem muita gente fazendo hora-extra é porque não há funcionários suficientes”, avalia a bancária Vanessa Oliveira. O secretário de Bancos Públicos da Fetraf-RJ/ES, Ricardo Maggi, faz coro. “Isto está gerando insatisfação geral, do gerente ao TB. Além de deteriorar o ambiente de trabalho, esta situação configura descumprimento do Acordo Coletivo. Já cobramos da Caixa solução para este problema em várias reuniões de negociações com o banco ao longo do anos, mas, até agora, nada”, critica o sindicalista.

A bancária Vanessa também denunciou que o banco está impondo metas individuais de vendas de produtos a seus funcionários. “Oficialmente, não há meta individual, mas, na prática, vemos colegas sendo cobrados para vender xx unidades do produto tal, yy de outro. Os gestores têm que distribuir por todos os funcionários da agência, mas a responsabilidade é dele.

Também há problemas com o processo de avaliação para promoções. “Para começar, a Caixa exige que os trabalhadores façam os vários testes – que entram na avaliação – mas não têm oportunidade de fazer os cursos do Universidade Caixa, porque não há tempo. No Acordo Coletivo está previsto que os funcionários teriam seis horas por mês, durante a jornada, para estudar. Mas isto não está acontecendo. Por enquanto, é só com os gerentes, mas em breve o sistema de avaliação será estendido para outros segmentos de trabalhadores”, critica Sérgio Amorim, diretor da Contraf-CUT.

Conflito de interesses 

Amorim, que é integrante do GT do Saúde Caixa, aponta que alguns problemas que o serviço vem enfrentando são provocados pela visão de gestão de alguns setores da diretoria. “A Caixa não dialoga adequadamente com o funcionalismo porque alguns setores da direção enxergam o Saúde Caixa como um negócio. Para estas pessoas, o que importa não é o bem estar dos associados, mas os custos e os lucros”, critica o sindicalista.


 


Sobre Funcef, o diretor do Seeb-Rio e integrante do Conselho Fiscal da Fenae Carlos Alberto de Oliveira Lima, o Caco, pondera que a situação não é tão grave quanto alguns querem fazer pensar. “A Funcef está estável. A condução da gestão do fundo neste contexto de crise financeira conseguiu dar boas respostas, a Funcef resistiu bem. Houve queda na rentabilidade, mas a estrutura está forte. O que está havendo é um ataque político ao governo federal, que resvala em suas empresas e fundações. Há muito oportunismo por parte de setores que exploram o medo infundado dos participantes”, critica Caco.

Ricardo Maggi concorda com a visão do colega. “O que houve foi que a Funcef não cumpriu a meta atuarial, mas não há falta de dinheiro para pagar todos os benefícios. O fundo, inclusive, está diversificando ainda mais os investimentos – até para cumprir a norma da Previc, a agência reguladora dos fundos de pensão. A Funcef tem, inclusive, investido em infraestrutura do país, dando um caráter de interesse pessoal aos investimentos. Mas isso não significa que são investimentos ruins. A operação do aeroporto de Guarulhos, em parceria com a Previ, por exemplo, é um bom negócio. O que acontece é que alguns investimentos, como o do aeroporto, estão em fase de aporte e não começaram ainda a dar retorno”, explica o sindicalista.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES