Eleição nos Comerciários prossegue após depredação da sede e denúncias de favorecimento

Mesmo depois de uma ação criminosa que resultou na depredação da sede do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, a eleição para direção do sindicato não foi cancelada. Os autores da depredação, 220 homens vindos de São Paulo, foram presos no ato. Três chapas das cinco inscritas participam da eleição. A chapa cutista, de oposição, teve sua inscrição impugnada.


 


Todo o processo eleitoral foi marcado por denúncias. O sindicato está sob intervenção da Justiça do Trabalho, mas há várias denúncias de que José Carlos Nunes, o perito nomeado como interventor, esteja agindo em favor de uma das chapas, ligada à CTB. Há, inclusive, provas da filiação de Nunes ao partido político do qual a central é associada. A direção da CUT-Rio alega que a impugnação da chapa de oposição cutista aconteceu por insuficiência de membros, depois que integrantes da legenda foram coagidos a renunciar ou demitidos.


 


A depredação da sede teve prejuízos estimados em R$ 3 milhões. Uma bagatela diante do rombo provocado pela família Mata Roma, que dominava a direção do sindicato há 48 anos. Uma auditoria que está em curso desde o início da intervenção, em outubro do ano passado, revelou que, somente entre 2008 e 2014 foram desviados cerca de R$ 100 milhões. Apesar dos salários baixos dos trabalhadores do comércio a arrecadação anual da entidade é de R$ 38 milhões. Os 300 funcionários do sindicato estão com encargos sociais em atraso, mas o presidente Otton Mata Roma recebia R$ 60 mil de salário mensal e os demais membros da diretoria, R$ 47 mil cada. Os assessores de diretoria – a maioria, com sobrenome Mata Roma – tinham salários de até R$ 23 mil.


 


Os homens que depredaram a sede rasgaram muitos documentos, o que leva a crer que a ordem era destruir provas da diretoria afastada. Otton Mata Roma assumiu a presidência do sindicato em 2006, em substituição ao pai, Luisant Mata Roma, nomeado como interventor na ditadura militar, em 1966, e que permaneceu no cargo até sua morte. Com os 220 vândalos foram encontrados rojões, socos ingleses, canivetes, sinalizadores de fumaça e uma pistola de cola quente para artesanato, usada como simulacro de arma de fogo.


 


O presidente nacional do PCdoB, Adilson Araújo, acusou o diretor da CUT-Rio Marcelo Rodrigues e da CUT Nacional e da Contracs-CUT, Valeir Ertle, de serem os mandantes da depredação. A CUT-Rio soltou nota repudiando o ato de vandalismo e negando a acusação feita por Araújo.


 


Veja abaixo a nota da CUT sobre as eleições e a depredação na sede do sindicato dos Comerciários:




 


 


Central segue na luta por eleições limpas, transparentes e democráticas


 


 


A Central Única dos Trabalhadores no estado do Rio de Janeiro vem a público repudiar com a máxima veemência os episódios de violência ocorridos na madrugada desta quinta-feira, 17 de junho, quando a sede do Sindicato dos Comerciários do Rio, patrimônio dos trabalhadores, foi depredada por cerca de 200 vândalos, na verdade bandidos travestidos de ativistas sindicais.


 


A CUT, cuja história foi forjada na organização e nas lutas dos trabalhadores e do povo brasileiro não tolera a violência como método de ação política. Esse é um princípio que norteia a central desde sua fundação há 32 anos.


 


Por isso, com a mesma indignação, repelimos as acusações levianas, irresponsáveis e criminosas feitas em sua conta no facebook pelo presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, que apontou como responsáveis pela depredação os dirigentes cutistas Marcelo Rodrigues  e Valeir Ertle, das direções estadual e nacional, respectivamente.


 


Consideramos profundamente lamentável que o representante máximo de uma central sindical parceira da CUT em várias lutas e mobilizações nacionais exiba comportamento ético tão reprovável.


 


Nós, da CUT, reafirmamos o nosso compromisso com a categoria comerciária, espoliada nos últimos 40 anos por um clã familiar que sugou os recursos da entidade, enquanto os comerciários eram entregues ao Deus dará da exploração patronal.


 


Depois de vermos os integrantes da nossa chapa serem perseguidos, coagidos e até demitidos pelo conluio formado pelo interventor, a chapa da CTB e os patrões, estamos na justiça em busca de eleições limpas, transparentes e democáticas.


 


O jogo de cartas marcadas atual, na visão da CUT, deforma profundamente o processo eleitoral em curso, impedindo mais uma vez os comerciários de virarem esta triste página da sua história.


 


 


Rio de Janeiro, 17 de junho de 2015
Direção da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES