Fenaban nega reivindicações e empurra negociação

Repetindo o padrão das três rodadas de negociação anteriores, os bancos enrolaram mais uma vez e não apresentaram nenhuma proposta para as reivindicações de caráter econômico da Campanha 2014, incluído o reajuste de 12,5 % , cobradas nesta quarta-feira 10 pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT.


“Cobramos dos bancos que os salários dos bancários sejam valorizados com aumento real, uma vez que as empresas têm condições de sobra para atender as reivindicações diante dos lucros estratosféricos. Somente os seis maiores bancos lucraram R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.


Reajuste de 12,5 %


O Comando apresentou levantamento do Dieese mostrando que 93,2 % dos acordos salariais assinados pelos trabalhadores no primeiro semestre contemplaram reajustes superiores ao índice de inflação.


“Os bancários merecem aumento real de salário, valorização dos pisos e uma PLR maior porque contribuíram com os lucros recordes aumentando a produtividade dos bancos. Esse é um mecanismo para manter o poder de compra dos trabalhadores e contribuir com a desconcentração da renda”, acrescenta Carlos Cordeiro.


14º salário


Refletindo a expectativa da categoria manifestada nas consultas realizadas pelos sindicatos, a 16ª Conferência Nacional dos Bancários reforçou a reivindicação de instituição do 14º salário. Os negociadores da Fenaban consideraram “muito estranha” essa demanda, adiantando que não há a menor possibilidade de ser aprovada pelos bancos.


Pisos para comissionados


O Comando defendeu com ênfase a reivindicação de criação de pisos de R$ 5.064,73 para primeiro comissionado e de R$ 6.703,31 para primeiro gerente. Os bancos não quiseram discutir o tema, alegando que se trata de política de cada empresa.


As reivindicações para os pisos de escriturário e caixa já haviam sido discutidas na terceira rodada de negociação, na semana passada.


Isonomia salarial


A reivindicação dos bancários é para que os bancos se comprometam a aplicar a Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o artigo 2º da Declaração de Direitos Humanos, que asseguram a equivalência salarial para trabalho de igual valor.


Os negociadores da Fenaban negam que haja diferença tanto entre funções como entre homens e mulheres. “O negociador da Fenaban, Magnus Apostólico, afirmou que as diferenças são ligadas à experiência profissional de cada um”, relata Nilton Damião Esperança, representante da Fetraf-RJ/ES no Comando Nacional. “Insistimos que as diferenças existem, como mostram os dados do Caged, o que demonstra haver discriminação de gênero, por causa da má gestão dos bancos, que não garantem igualdade de oportunidades para as mulheres”, diz Carlos Cordeiro.


Parcelamento de adiantamento de férias


O Comando defendeu a proposta da categoria de que os trabalhadores, por ocasião das férias, possam requerer que a devolução do adiantamento feito pelo banco seja efetuada em até dez parcelas iguais e sem juros, a partir do mês subsequente ao do crédito. Vários bancos já concedem essa vantagem aos bancários.


Os negociadores da Fenaban ficaram de levar a reivindicação para os bancos.


Outras reivindicações econômicas


A 16ª Conferência aprovou a reivindicação de R$ 724,00, o equivalente ao salário mínimo nacional, para os vales-alimentação, refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio-creche/babá. Os bancários também reivindicam a criação de um 13º vale-alimentação.


Os representantes da Fenaban também disseram que vão levar a reivindicação aos bancos.


Em relação ao auxílio-educacional, argumentaram que cada banco tem a sua política e não querem incluir a cláusula na Convenção Coletiva.


O Comando também reivindicou o reajuste do vale-cultura para R$ 112,50. Os representantes dos bancos disseram que o tema voltará a ser discutido nesta quinta-feira 11, quando entra em discussão a reivindicação de PLR equivalente a três salários mais parcela adicional de R$ 6.247.


PLR


Na quinta-feira, dia 11, a negociação prosseguiu, tratando de PLR. Os bancários reivindicam três salários – a soma de todas as verbas de natureza salarial – mais um valor fixo de R$ 6.247,26. A  categoria reivindica ainda que o montante a ser distribuído como PLR adicional passe para 2,2 % do lucro e que o teto de recebimento de cada bancário também seja aumentado.


Os sindicalistas argumentam que o banco remunera melhor os acionistas que os trabalhadores. “A distribuição é menor para os bancários e os mecanismos deveriam ser os mesmos. Temos que evoluir neste modelo de distribuição de lucros. Os bancos voltaram a ter lucros recordes e as empresas têm que distribui-los aos funcionários de forma mais justa”, pondera Nilton. O negociador da Fenaban informou que levará a proposta aos bancos e ficou de dar um retorno.


Próximas


A Fenaban ficou de apresentar respostas nas próximas reuniões. Ficaram marcados encontros nos dias 16 e 17 de setembro para discutir pendências como o GT sobre saúde, questões relativas a segurança e outros itens. Ainda está em aberto a data do dia 19 para as cláusulas econômicas.


Só na pressão


A evolução lenta do processo de negociação tem aborrecido os integrantes do Comando Nacional. “Após várias rodadas de negociação, o que vimos foi mais um descaso dos banqueiros com nossa categoria. Infelizmente o discurso da Fenaban, durante a entrega da Minuta, de que faríamos uma negociação digna, foi deixado de lado e o ouvimos foi vários ‘nãos’. Percebemos na mesa de negociação que os bancos só pensam em lucros e mais lucros”, relata Nilton. O dirigente ressalta que, com esta postura dos patrões, os bancários ficam sem alternativa. “A tendência é entrarmos em greve. Temos que mostrar à população a real face dos bancos, que aparecem tão bem em suas propagandas na mídia, mas que na realidade desrespeitam seus trabalhadores, clientes e usuários”, adianta o sindicalista.


Mas, tradicionalmente, os bancos só reagem positivamente quando os trabalhadores pressionam. “O Comando Nacional orienta os sindicatos de todo o país a realizarem um Dia Nacional de Luta no próximo dia 15, para mostrar a mobilização da categoria e pressionar os patrões. Temos que mostrar nossa força e união nessa campanha para vencermos mais essa batalha”, convoca Nilton.


Próximas rodadas:
16 e 17 de setembro – pendências
19 de setembro (a confirmar) – cláusulas econômicas

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT