Comando Nacional dos Bancários orienta aprovação da proposta nas assembleias desta quinta-feira (6)
Com 30 dias de greve histórica e grande mobilização nacional da categoria bancária, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou nesta quarta-feira (5), em São Paulo, uma nova proposta para o Comando Nacional dos Bancários. O acordo de dois anos prevê 8% de reajuste mais abono de R$3,5 mil, em 2016. No vale-alimentação o reajuste proposto é maior, de 15% e no vale-refeição e no auxílio creche/babá é de 10%. Para 2017, a Fenaban aceitou repor integralmente a inflação (INPC/IBGE) mais 1% de aumento real nos salários e em todas as verbas. O Comando Nacional dos Bancários orienta aprovação da proposta e os sindicatos realizam assembleias nesta quinta-feira (6) em todo o país.
Dentro da Campanha Nacional deste ano, a defesa do emprego está entre as prioridades, sendo tema constante de debate com a Fenaban. Neste sentido, a negociação conquistou a instalação de um Centro de Realocação e Requalificação Profissional nos bancos. Com participação bipartite, o projeto vai buscar realocar os funcionários ameaçados pela reestruturação em um determinado local, criando possibilidades de serem transferidos para outras áreas da própria instituição e assim evitar demissões.
Sobre os dias parados durante a greve, a Fenaban insistia na compensação de todos, sem prazo limite. Mas o Comando Nacional não aceitou a postura dos banqueiros e conseguiu arrancar, na mesa de negociação, o abono total dos dias parados. A Fenaban disse, porém, que proposta só vale até as assembleias desta quinta-feira (6), com retorno ao trabalho na sexta feira (7).
Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, avalia que os bancários saem vitoriosos de uma das campanhas mais difíceis dos últimos anos, impactada pela conjuntura política e econômica do país.
“A primeira proposta de Fenaban que reajustava nossos salários em 6,5% foi apresentada no dia 29 de agosto, em plena efervescência política do processo de impeachment, que aconteceria dois dias depois. Iniciamos nossa greve com um novo governo, que estabeleceu medidas e ajustes que prejudicaram as nossas reivindicações. Os banqueiros insistiram em um modelo aplicado nos anos 90 na Era FHC de reajustar salários abaixo da inflação e conceder abono para compensar a diferença”, ressaltou Roberto.
O presidente da Contraf-CUT também destacou a discussão sobre um novo modelo de acordo que não resultasse em retrocesso para a categoria. “O debate de um modelo diferente, que garantisse que aquela velha fórmula não voltaria em 2017 apareceu no cenário e foi considerado importante pelo Comando. A presença dos bancos públicos na CCT de 2017 e a garantia de reajuste acima da inflação para todos era fundamental. Debatido com os bancos, foi garantido pela unidade nacional, pela nossa mobilização e pela forte greve. Garantimos ainda avanços no VA, VR e Auxilio Creche/Babá. Garantimos a extensão dos direitos e valores para todos os bancos públicos, diferente dos anos 90, mas uma vitória inédita foi a garantia do não desconto e da não compensação dos dias da greve, um instrumento medieval de punição dos grevistas”, avaliou, ao falar também da luta dos bancários contra ações que tentaram enfraquecer a greve. “Foi uma luta desigual onde os bancos utilizaram todo o seu arsenal: a mídia, as associações comerciais, o judiciário, os interditos, as ameaças, a boataria e os constrangimentos. Nada disso derrotou a nossa greve da qual nos orgulhamos muito. Queremos sair dela com a nossa dignidade intacta e com o sentimento de que fizemos o nosso melhor. A luta nos garantiu”, reforçou Roberto von der Osten.
Durante a décima rodada de negociação, os bancos também concordam em implantar a licença-paternidade de 20 dias, conforme lei sancionada neste ano, durante o governo Dilma Rousseff.
Greve histórica
Nesta quarta-feira (5) a greve se manteve forte, 13.123 agências e 43 centros administrativos tiveram as atividades paralisadas, o que representa 55% dos locais de trabalho em todo o país. “Fizemos uma greve forte e, em um ambiente de alta incerteza política e econômica, a categoria garantiu ganho real em 2017 e para este ano manteve a valorização em itens importantes como vale alimentação, refeição e auxilio creche. Garantimos também a não compensação dos dias parados e o Comando vai orientar a aprovação nas assembleias”, disse Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Nilton Damião Esperança, presidente da Fetraf-RJ/ES e representante da base no Comando Nacional, ressalta que a greve continua até que os bancários avaliem a proposta da Fenaban. “As agências permanecem fechadas nesta quinta-feira, até porque o dia de hoje também será abonado. É importante que todos compareçam às assembleias desta noite para decidir se acatamos ou não o que foi proposto pelos banqueiros”, frisa o sindicalista.
Proposta dos bancos:
Reajuste 2016
Índice de 8% e abono de R$ 3.500,00 em 2016.
Reajuste 2017
Reposição integral da inflação (INPC/IBGE), mais 1% de aumento real em 2017 para os salários e todas as verbas.
PLR 2016
- Regra básica – 90% do salário mais R$ 2.183,53 limitado a R$ 11.713,59. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25.769,88
- Parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.367,07.
- Antecipação – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Regra básica – 54% do salário reajustado em setembro de 2016, mais fixo de R$ 1.310,12, limitado a R$ 7.028,15 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.183,53.
PLR 2017
- Reajustes dos valores fixos e limites pelo INPC/IBGE de setembro/2016 a agosto/2017, acrescido de aumento real de 1%, com
- Data de pagamento final até 01/03/2018.
Pisos 2016 (após 90 dias)
- Portaria: R$ 1.487,83.
- Escritório: R$ 2.134,19.
- Caixa/Tesouraria: R$ 2.883,01 (salário, mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
Vales e Auxílios 2016
- Auxílio-refeição: R$ 32,60
- Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta: R$ 565,28
- Auxílio-creche/babá
– Filhos até 71 meses: R$ 434,17
– Filhos até 83 meses: R$ 371,43 - Gratificação de compensador de cheques: R$ 165,65
- Requalificação profissional: R$ 1.457,68
- Auxílio-funeral: R$ 978,08
- Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto: R$ 145.851,00
- Ajuda deslocamento noturno: R$ 102,09
- Vale-Cultura: valor de R$50,00, mantido até 31/12/16
Vales e Auxílios 2017
Os valores vigentes em 31/08/2017 serão reajustados pelo INPC/IBGE de setembro/2016 a agosto/2017, acrescido de aumento real de 1%.
Fonte: Contraf-CUT