Fetraf RJ/ES participa de reuniões com direção do Itaú para cobrar por melhores condições de saúde e trabalho

Felipe Souza, representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES) na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, representou a entidade em duas reuniões com a direção do banco, nesta terça-feira, 12 de agosto.

Na primeira reunião, a COE Itaú discutiu questões urgentes relacionadas ao emprego, fechamento de agências, segurança, remuneração e condições de trabalho.

Já na segunda, o Grupo de Trabalho (GT) Saúde tratou de diversas demandas apresentadas por bancárias e bancários, relacionadas ao atendimento médico e às condições de saúde no trabalho.

As reuniões da COE e do GT Saúde com o Itaú revelam um cenário preocupante: fechamento de agências, sobrecarga, mudanças unilaterais, falhas no atendimento médico, dificuldades para acesso a prontuários e denúncias de quebra de sigilo. É inadmissível que trabalhadores em tratamento enfrentem obstáculos e que o canal de denúncias não ofereça total confiança. Seguiremos firmes na luta por transparência, segurança, condições dignas e respeito à saúde física e emocional da categoria”, declarou Felipe Souza.

COE ITAÚ

O banco apresentou o número de contratações e desligamentos no período: foram 5.839 contratações e 4.475 demissões. Apesar do saldo positivo, houve 1.800 pedidos de demissão, o que resulta em um número total de saídas superior ao de admissões. A COE questionou os dados e solicitou que o Itaú informe, por região, a situação de cada funcionário realocado. A direção se comprometeu a avaliar a possibilidade de enviar as informações.

O Itaú também apresentou números sobre o encerramento de unidades: 197 agências já fechadas e 28 em processo de fechamento, envolvendo 1.720 trabalhadores (86% realocados, 12% sem realocação e 2% que pediram demissão). Outros 252 bancários ainda estão em fase de realocação. A COE cobrou medidas para garantir acompanhamento e melhores condições para os trabalhadores atingidos.

Outro ponto debatido foi o impacto do fechamento de agências no atendimento a aposentados. Segundo o banco, clientes aposentados recebem um cartão e podem utilizar normalmente os terminais de autoatendimento para sacar e realizar transações. A COE apontou que essa solução é insuficiente e pode prejudicar o atendimento a esse público.

A questão da segurança também esteve na pauta. Foram apresentados casos, especialmente na Bahia, de agências sem vigilantes, onde os caixas eletrônicos são abastecidos internamente, aumentando riscos para trabalhadores e clientes.

O banco apresentou ainda o novo modelo de remuneração variável do Smart Pro, que terá metas mensais e pagamento semestral. A COE questionou a falta de incorporação da remuneração variável do modelo anterior, o GERA, como havia sido informado anteriormente, especialmente para gestantes e trabalhadores em licença.

Houve também debate sobre a situação da unidade Digital do Rio de Janeiro, onde mudanças na escala de trabalho reduziram o regime de home office, gerando descontentamento. Uma pesquisa feita na base confirmou o problema, e o Itaú se comprometeu a levar o tema à Diretoria da Digital.

A próxima reunião deve retomar as pendências e discutir no GT do GERA questões como problemas no SQV, avaliação de performance e treinamentos.

GRUPO DE TRABALHO SAÚDE

Entre as principais queixas levadas à reunião estão: a falta de autonomia dos médicos das clínicas credenciadas, que só concluem o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) após contato com o médico coordenador em São Paulo; a realização repetida de exames com o objetivo de mudar o resultado do ASO; e a emissão do documento apenas por e-mail. Também foi apontada a prática de avaliações médicas voltadas mais para a vida pessoal do que para as condições de trabalho dos empregados.

Outro ponto de preocupação foi a exigência do banco para que o trabalhador faça, de próprio punho, uma carta autenticada em cartório, com foto do crachá, para obter seu prontuário médico — mesmo sendo possível acessar informações pelo IU Conecta. A COE apontou a contradição dessa exigência, lembrando que o ASO precisa ser assinado pelo bancário, que pode recusar o documento se não concordar com o resultado. No entanto, quando precisa verificar as anotações médicas e exames, o acesso é dificultado pelo banco.

Diante das cobranças, o Itaú se comprometeu a criar um espaço para contestação do resultado do ASO e a disponibilizar comprovante físico para quem solicitar.

O canal de denúncias também foi debatido, com novas reclamações sobre quebra de sigilo, demissão de denunciantes e demora na apuração. O banco negou que tenha havido desligamentos por denúncias e propôs uma nova reunião para discutir melhorias no canal.

O GT também abordou a demissão de trabalhadores em tratamento de doenças graves, como câncer, a melhoria na folha de pagamento de licenciados, a perda da qualidade de segurado e a realização de uma pesquisa de satisfação sobre os serviços médicos.