Murilo Rodrigues Alves
Banco do Brasil iniciou na semana passada um projeto piloto que institui o modelo de home office em áreas administrativas
BRASÍLIA O Banco do Brasil aderiu ao home office. Na semana passada, nove funcionários da área de tecnologia do banco, no Distrito Federal e em São Paulo, receberam autorização para trabalhar de casa. A proposta ainda é experimental, mas a ideia é que, até o fim do primeiro semestre, 100 trabalhadores cumpram suas jornadas fora do escritório. Além da diretoria de tecnologia, funcionários da diretoria de operações também serão contemplados. As áreas de recursos humanos e de mercado de capitais avaliam se vão aderir ao chamado “teletrabalho”.
O principal objetivo é reduzir custos estruturais. Para afastar o fantasma da queda na produtividade uma questão recorrente quando o assunto é home office , o banco determinou que as metas para esses servidores sejam 15 % superiores às dos demais. No máximo, 50 % de cada equipe poderá trabalhar de casa. Está previsto um revezamento entre os funcionários.
O público preferencial são mulheres e pessoas com deficiência. O servidor só pode exercer a função em casa se a área responsável pela segurança do trabalho certificar o lugar. Os gestores também receberam capacitação para acompanhar o cumprimento das metas. Mesmo de casa, os funcionários terão de bater ponto e cumprir a mesma carga horária. Além disso, devem comparecer ao banco um dia por semana e precisam manter telefones sempre ligados e consultar diariamente o email. Os funcionários não podem se ausentar de onde estão lotados e precisam atender às convocações para comparecer ao banco.
O diretor de Gestão de Pessoas do BB, Carlos Alberto Araújo Netto, diz que o banco levou em conta experiências do setor público (Tribunal de Contas da União, Tribunal Superior do Trabalho e Universidade de Brasília) e de empresas privadas, como Citibank e Oi. “A ideia é dialogar com as características de cada funcionário e abrir a possibilidade para o novo.”
O projeto é facultativo, a critério da conveniência e oportunidade do banco. Ou seja, não é um direito do trabalhador. Da mesma forma, a adesão ou retorno é uma opção do servidor. O home office é restrito às funções em que seja possível mensurar objetivamente o desempenho do servidor sem a necessidade da presença física. Não é o caso da maioria dos 112 mil funcionários do BB os 65 % que exercem suas funções nas agências espalhadas em todo o País.
Para selecionar os primeiros nove funcionários que iriam trabalhar de casa, o banco fez um processo seletivo com 40 candidatos. Os sindicatos receberam bem a proposta, mas querem acompanhar o impacto na vida dos trabalhadores.
Segundo o professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB), José MatiasPereira, o sistema de home office pode elevar a produtividade em até 20 % . “É importante para melhoria na oferta de serviços públicos e redução de custos.” Ele acredita que, se a experiência do BB for bem-sucedida, o modelo deve ser expandido para outras empresas públicas.
NOTA:
Segundo o representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/BB, Sérgio Farias, o banco não procurou previamente o movimento sindical. Assim como diversos integrantes da CEE, Sérgio ficou sabendo do projeto através das matérias publicadas pela imprensa. A atitude do BB de implementar uma medida de impacto sem negociar com a representação dos empregados é vista com maus olhos. “Se a proposta trará benefícios para os funcionários, não sabemos, pois o BB não nos fez nenhuma apresentação. O banco continua agindo à margem do movimento sindical”, esclarece o sindicalista. “Estamos nos organizando para fazer o contraponto e não vamos concordar com a marcação de uma reunião somente para ratificar e carimbar a política de gestão adotada pelo BB”, adianta Sérgio.
Fonte: O Estado de São Paulo