Funcionários do BNDES fazem greve de advertência

   Foto: Paulo d’Tarso


O imenso edifício-sede do BNDES no centro do Rio ficou estranhamente calmo durante toda a terça-feira, dia 10. Dos cerca de 2.800 funcionários lotados no prédio, menos de 200 entraram para trabalhar. No edifício Ventura, a poucos metros, onde funcionam outros departamentos do banco, o  número de funcionários trabalhando era ainda menor. Segundo cálculos da associação dos funcionários, a adesão foi de mais de 90 % .

A paralisação de advertência foi definida em assembleia realizada no ultimo dia 03. Na segunda-feira, dia 09, houve uma reunião de negociação com a direção do banco, mas o resultado não foi satisfatório e a greve foi confirmada.

A paralisação é uma resposta à demora da direção da empresa em resolver uma questão que se arrasta, sem solução à vista: o Plano de Carreiras do funcionalismo. “Este plano já está em discussão desde 2010 e a previsão era de que estaria totalmente implantado até 31 de dezembro deste ano. Mas o banco até agora não apresentou nenhuma proposta. O que foi mostrado numa reunião há alguns meses foi um rascunho do que existe hoje. Mas foi um power point cheio de lacunas. Queremos a formalização de uma proposta para podermos discuti-la”, informa Mauro Bottino, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES.

Segundo o banco, a demora se dá por conta de questões jurídicas e previdenciárias. “Podemos buscar discutir com o banco uma forma de acomodar a questão previdenciária. Já foi colocada na mesa a proposta de deixarmos as gratificações de fora da contribuição e também do benefício. Isso já foi feito em outra época. Mas isso é uma proposta que, se o banco se mostrar disposto a aceitar, vamos levar ao funcionalismo”, esclarece Bottino.

Os funcionários têm pressa de resolver estas questões em razão do calendário eleitoral de 2014. “Com as eleições, há um prazo limite para a implementação do plano, que é em 30 de junho. E o DEST tem que analisa-lo e aprova-lo antes, o que leva, no mínimo, dois meses. Então, esta proposta tem que estar pronta e negociada com o funcionalismo no máximo em abril”, destaca Bottino. O temor dos empregados é que, perdido este prazo, a implementação do novo plano seja adiada mais uma vez e leve muito tempo para ser concluída, prolongando mais ainda os vários problemas colaterais que o atual modelo carrega.

Mais conversa

Outras questões da campanha salarial do BNDES estão ainda em negociação, mas a principal questão é mesmo a do Plano de Carreira. “Dos quatro eixos da negociação do ano passado, dois têm relação com esta: a incorporação da gratificação de função ao executivo que permanecer dez anos no cargo e a sustentabilidade do fundo de pensão. Outra pendência é a incorporação do abono anual aos salários, para que não precisemos negociar isso todos os anos”, esclarece o presidente da AFBNDES.

Foram marcadas reuniões específicas sobre o plano de carreira: uma para amanha, dia 11, e outra, ainda a confirmar, para dia 17.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES