Nesta quarta-feira, 26 de junho, o Comando Nacional dos Bancários se reuniu com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para a primeira reunião de negociação, que tratou sobre “Emprego”.
Antes de entrar no tema, os trabalhadores cobraram a assinatura da ultratividade do acordo, para que todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria sigam válidos até a assinatura do novo acordo.
Nilton Esperança, Presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), representou a entidade na mesa.
Além de Nilton, o Presidente do Sindicato dos Bancários de Macaé e Região, Paulo Alves, e o Secretário de Imprensa e Comunicação do Sindibancários-ES, e representante da Intersindical, Carlos Pereira (Carlão), participaram da reunião.
Nilton Esperança comentou sobre a reunião.
“Denunciamos a terceirização, que vem trocando bancários por terceirizados. Essa política de cortes para lucrar mais, com demissões e fechamento de postos de trabalho, mesmo com lucros exorbitantes, julgamos que não há necessidade e nem motivos. Quanto a questão da ultratividade, os bancos alegam não haver necessidade de assinatura do pré acordo, mas queremos que os bancos assinem, mas eles insistem em ficar somente “na palavra”. Solicitamos que isso seja discutido e debatido, que os bancos revejam essa posição e voltem com uma resposta positiva. Além disso, pedimos a volta das homologações nos Sindicatos, assim como a qualificação e a requalificação. Também pedimos aumento de indenização adicional, para que isso possa coibir demissões.”
E completou. “Acertamos os detalhes das próximas mesas. Os banqueiros ficaram de se reunir e dar respostas para os temas.”
“É preciso um destaque para o que o Banco Santander vem fazendo: exagerando na terceirização e utilizando práticas antisindicais”, finalizou.
Números
Ao entrar no tema central da mesa, os trabalhadores apontaram que o setor bancário está na contramão de todos os demais setores do ramo financeiro, enxugando vagas e fechando agências.
Segundo dados da RAIS (base de dados estatísticos, organizados pelo Ministério do Trabalho e Previdência), entre 2012 e 2022, a categoria bancária saiu de 513 mil pessoas para 433 mil, redução de 16% (79,5 mil). No mesmo período, as demais categorias do ramo financeiro aumentaram em 72% os postos de trabalho, passando de 323 mil para 555 mil.
Enquanto isso, nos últimos cinco anos, os bancos fecharam mais de 3 mil agências, a maioria nas áreas com elevada necessidade social, ou seja, fora dos grandes centros, deixando as pequenas cidades desassistidas do serviço bancário.
O Comando Nacional também revelou aos banqueiros que a Consulta Nacional deste ano apontou que para 68% dos trabalhadores dos bancos privados a principal preocupação é com a garantia do emprego.
A Fenaban alegou que as vagas de emprego dependem de crescimento econômico. O Comando, então, propôs a assinatura de uma carta conjunta para cobrarem juntos, do Banco Central, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em um percentual que faz com que o Brasil tenha um dos maiores juros reais do mundo, comprometendo o desenvolvimento do setor produtivo e a criação de empregos. “Ao invés de colaborar com o crescimento do país, o BC está contribuindo com os que vivem de especulação financeira”, reforçou Juvandia.
Terceirização
Com base em levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Comando apontou também que, em 2023, os bancos aumentaram em 22% a contratação de profissionais de TI, porém, no mesmo ano, houve o aumento de 89% de profissionais terceirizados nesta mesma área.
Os representantes dos trabalhadores destacaram o caso do Santander, que vem substituindo bancários por contratados PJ, com salários de R$ 1.500, além de uma remuneração variável. Esses mesmos funcionários têm acesso ao sistema do banco e atendem aos clientes, sendo que, em alguns lugares, há relatos de que chegam a realizar cinco visitas ao dia.
Outras pautas da mesa
– Os trabalhadores cobraram ainda o retorno da homologação nos sindicatos, para que as entidades possam acompanhar de perto todo o processo, para garantia de direitos dos desligados;
– Qualificação e requalificação profissional, sobretudo diante da revolução tecnológica;
– Indenização adicional em caso de demissão.
Manifestações nas redes sociais
Durante a reunião, bancários e bancárias de todo o país foram mobilizadas para uma manifestação nas redes sociais, com o uso da hashtag #JuntosPorEmprego. As atividades em rede resultaram em mais de 136 mil reações e alcançou o 1º lugar nos tópicos mais comentados da rede X (ex-Twitter), no Brasil, nesta quarta-feira.
Calendário das próximas reuniões
Junho
2/06 – Cláusulas sociais
11/06 – Igualdade de oportunidades
Julho
18 e 26/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/07 – Em definição
27/07 – Em definição
*com informações da Contraf-CUT