Embora não seja grande no Brasil, o HSBC é um dos maiores bancos do mundo e conta, atualmente, com cerca de 257 mil empregados. Seu CEO, Stuart Gulliver, justificou as fraudes recém reveladas argumentando que o HSBC cresceu demais nos últimos anos e que o nível de informação que se exige de executivos do setor é maior que o exigido dos comandantes das Forças Armadas ou da Igreja Anglicana.
Mas o escândalo envolvendo o banco britânico não diz respeito somente a fraudes realizadas por escalões inferiores. O próprio Gulliver escondeu seu bônus de $ 7.6 milhões de Libras numa transação que envolvia um banco suíço e uma empresa do Panamá. O executivo admitiu que abriu a conta na Suíça para esconder de seus colegas o valor dos bônus que recebia. A prática de pagamento de bônus a executivos no HSBC já foi alvo de críticas, uma vez que a União Europeia impôs limites para esta remuneração extra. A própria residência de muitos dos executivos, bem longe da Europa, também é uma forma de burlar o rígido sistema tributário britânico, que morde uma parcela significativa do saldo dos súditos da rainha.
Cobertor curto
No Brasil, o HSBC não pagou a PLR completa em 2013 por conta de uma queda nos lucros. No mundo todo, a lucratividade do banco caiu 17 % no último ano. As multas cobradas pela lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e armas contribuíram em muito para reduzir o caixa do HSBC.
Mas a PLR dos bancários brasileiros está ameaçada não por redução do lucro ou multas. A operação brasileira – que nunca chegou a realmente dizer a que veio – está se utilizando, mais uma vez, de um velho truque para justificar o não cumprimento do acordo. O banco está inflando a Provisão para Devedores Duvidosos – a reserva destinada a cobrir o buraco da inadimplência dos clientes.
Mas nos dividendos dos acionistas, ninguém mexe.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES