Ideias das classes dominantes

grafico_artigomax-03Desde que os homens saíram das cavernas até sua organização em sociedade, muitos conceitos e costumes foram criados, substituídos, desapareceram ou evoluíram.

Mesmo com mudanças, invariavelmente, “as ideias da classe dominante são as ideias dominantes”, como bem observou Karl Marx.
Por isso, independentemente da época, a história sempre foi escrita do ponto de vista dos “dominantes”. No passado os povos, atualmente o capitalismo. Por exemplo, nos livros escolares os espanhóis são os “conquistadores”, os ingleses “colonizadores”. Tanto um quanto outro, assim como os portugueses foram, verdadeiramente, dizimadores de nações com cultura e costumes próprios. Mas isto não é ensinado.

A cobiça do homem sempre gerou inúmeras guerras e mortes. O devaneio de ser dono do mundo existe, continua vivo e está posto em prática pelo sistema e deveria ser inimaginável que as 62 pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo – em riqueza que toda a metade mais pobre da população global.grafico_artigomax-02

Isto é um absurdo!

Este sistema sempre foi excludente e desde sempre passou a produzir consensos para sua ideologia ser aceita. E para tal, o capitalismo se apropriou da política e dos meios de comunicação, hoje denominado como mídia. “O sistema age através de grandes conglomerados para massificar o seu pensamento e assim o transforma em ‘opinião pública” suas referências e identidade.

• Fim dos programas sociais, porque todos têm oportunidades iguais (meritocracia).
• Criminalização da luta por direitos, portanto a polícia deve repreender estes criminosos (militantes de movimentos sociais e sindicais).
• Valorização do indivíduo em detrimento à coletividade na qual o trabalhador/a se torna colaborador/a.

E nesta desconstrução contínua, o/a trabalhador/a perde a noção de classe, de categoria a ponto de transferir as suas questões para o dirigente sindical.

• Quanto o sindicato está pedindo?
• Quando será a greve do sindicato?

Assim chegamos à nossa Campanha Nacional dos Bancários, que foi vitoriosa, apesar da conjuntura política e econômica adversa.

Apesar dos bancos lucrarem em todo e qualquer cenário conseguimos vencê-los com luta e resistência!

Porque a luta dos bancários/as em muitas cidades e locais deste imenso país é uma referência para diversos sindicatos, movimentos sociais e para classe trabalhadora. Pois a greve ou de participação em qualquer atividade de luta por direitos e cidadania deve ser um estado de consciência. Não de imposição, mas voluntário com o entendimento que só a luta traz avanços. Uma vez que no capitalismo não há, houve ou haverá benevolência de qualquer patrão.

E, enquanto esta conscientização não chega, diversos companheiros das mais variadas categorias e lutas se unem à luta dos bancários. São os vigilantes, metalúrgicos, trabalhadores do vestuário e têxteis, professores, agricultores sem-terra, militantes e ativistas sociais… que colaboram conosco nas agências, departamentos e centros administrativos, porque a solidariedade da classe trabalhadora transcende ao individualismo do sistema.

Se há incompreensão que outros trabalhadores não devem estar inseridos nas nossas lutas e a nossa categoria em outras questões, significa um retrocesso.

Afinal, decisão sobre os rumos da nossa categoria sempre estará em nossas mãos, mas a busca pela utopia de um mundo mais justo e menos desigual pertence a todos/as sem distinção de categoria, de etnia, de opção sexual, religiosa e filosófica.

Sigamos juntos, lado a lado, à esquerda e em frente!

 

* Max José Neves Bezerra é bancário do Itaú e presidente do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo