Maiores financiadores do partido Novo têm origem no Itaú Unibanco

Por Maria Cristina Fernandes

O maior bloco de financiadores do Novo gravita em torno do Itaú Unibanco, a começar de João Dionísio Amoêdo, que tirou do bolso R$ 4,5 milhões para viabilizar o partido. Em 2002 o dirigente do Novo era presidente da financeira do banco BBA quando a empresa foi vendida para o Itaú por um valor equivalente a três vezes seu patrimônio (R$ 650 milhões). Até 2008 o dirigente foi conselheiro de administração do Itaú Unibanco.

A primeira prestação de contas do partido registra como segundo volume de doações do fundador e acionista da Porto Seguro, Jayme Garfinkel, outra empresa na qual o Itaú Unibanco tem participação, e a gestora de investimentos Cecília Sicupira Giusti, filha de Carlos Alberto Sicupira, sócio do 3G Capital. Ambos doaram R$ 250 mil. No documento entregue ao TSE o sobrenome da gestora aparece como Sicupi e o CPF está errado. A direção do Novo informou que a informação será retificada.

O presidente do conselho da holding Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, cuja contribuição de R$ 150 mil foi registrada sem o último sobrenome, é o terceiro maior doador. O vice-presidente do banco, Eduardo Mazzilli de Vassimon, igualmente grafado sem o último sobrenome, entrou com R$ 100 mil para viabilizar a sigla.

O fundador do banco de atacado BBA (atual Itaú BBA), Fernão Bracher, e o ex-presidente do Unibanco, Israel Vainboim, doaram, respectivamente, R$ 50 mil e R$ 25 mil para colocar o Novo em pé. Os financiadores que gravitam em torno do banco se completa com Fábio Barbosa, presidente da Fundação Itaú Social e ex-presidente do Santander Brasil. Segundo Amoêdo, a contribuição de R$ 15 mil de Barbosa aparecerá na prestação de contas de 2016.

A lista de financiadores ainda tem Eduardo Mufarej, sócio e presidente da Tarpon, empresa que comprou a Abril Educação (hoje Somos Educação), Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, e Rogério Xavier, sócio da gestora de investimentos SPX.

A operação tem um custo de R$ 270 mil por mês que hoje é bancado quase integralmente pelos R$ 26 de contribuição mensal dos 9 mil filiados. O Novo recebe uma cota de R$ 98 mil mensais do fundo partidário. Os dirigentes desistiram de devolvê-lo depois de terem sido informados que o dinheiro seria redistribuído entre as demais legendas. Quiseram doar a quantia à Polícia Federal mas enfrentaram entraves legais. A maior parte do dinheiro é depositada numa conta para ser usado, posteriormente, numa campanha pública contra o fundo partidário.

O Novo tem ainda um grupo de economistas e intelectuais que não fazem doações mas aceitam convites para dar palestras a seus filiados. O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o atual presidente do IBGE, Paulo Rabelo de Castro, o presidente do Instituto Liberal, Rodrigo Constantino e filósofo Luiz Felipe Pondé estão entre os palestrantes.

 

 

Fonte: Valor