A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), que assessora a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, reafirmou durante a reunião da mesa permanente, nesta quinta-feira (2), a disposição de intensificar a luta contra o enfraquecimento da empresa e qualquer tentativa de privatizá-la. Para a CEE, a negociação indica que há, sim, a intenção de, no mínimo, abrir o capital.
“Vamos iniciar a mesa registrando que essa é a última antes do Conecef, encerrando um ciclo de debates sobre as pautas deliberadas no congresso de 2015. Diante do contexto político em que o país está, com a mudança na governabilidade desrespeitando estruturas democráticas e o voto popular, gostaríamos de registrar que não reconhecemos esse governo ilegítimo. Mas reafirmamos nosso compromisso com a mesa e reivindicamos transparência no processo de negociação”, declarou a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus.
O mesmo tom, em defesa da Caixa e contra a abertura de capital, marcou as manifestações de outros membros da comissão. “Já sofremos outras tentativas de privatização, a exemplo do que aconteceu no governo FHC, e nós resistimos. A mesa permanente é uma conquista da qual não podemos abrir mão”, disse Gilmar Aguirre, representante da Fetrafi/RS. “Fizemos também críticas às declarações do novo presidente, que já disse que é favorável à abertura de capital e se pronunciou sobre o fechamento de unidades deficitárias”, acrescenta Luiz Ricardo Maggi, representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.
Emprego e funções
Os dirigentes sindicais protestaram contra as medidas que visam o desmonte da empresa. As informações repassadas pelos representantes do banco só reforçaram a preocupação das representações dos trabalhadores. Não há perspectiva de novas contratações.
Maggi destaca que o prazo de adesão ao PAA foi prorrogado até 30/06. Embora os representantes da empresa não tenham informado o motivo, é provável que a prorrogação tenha sido decidida porque a meta de adesões não foi atingida até 08/06, data inicial para o encerramento. Além disso, a Caixa já informou que não haverá reposição, com contratações, o que agrava condições e a sobrecarga de trabalho e piora o atendimento. “Continuamos insistindo o que foi negociado no Aditivo de 2014, que é chegarmos a 103 mil empregados, número necessário para o bom funcionamento do banco. A Caixa não só não contratou concursados para atingir este número, como já está no segundo PAA”, critica Maggi. “Em razão destas medias, em 2015 foram fechados 3.219 postos de trabalho e de janeiro a abri deste ano, já tivemos 1.318 vagas encerradas, segundo dados colhidos pelo Dieese nos registros do Ministério do Trabalho. Deixamos claro que fazemos questão dos os 103 mil funcionários, com foi acordado em 2014”, acrescenta o sindicalista.
Além do enxugamento do quadro de pessoal, a Caixa informou que vai concluir a primeira onda da reestruturação, mas que não há nada definido em relação a outras etapas. Sobre alterações nas retaguardas, o banco se comprometeu a repassar informações detalhadas.
Outras medidas em curso podem agravar ainda mais as condições de trabalho. O banco não vai nomear novos caixas. Com isso, não haverá reposição dos trabalhadores em caso de vacância por aposentadoria ou promoção. Os caixas serão substituídos pelo caixa minuto, ou seja, outro empregado que é deslocado para exercer a atividade. “Isso é assustador e pior do que podíamos imaginar quando se falava em mudanças”, alerta Dionísio Reis, representante da Fetec/SP e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
O anúncio gerou preocupação porque, além do agravamento das condições de trabalho, a medida pode provocar mudanças desastrosas. “A não nomeação de Caixas Executivos preocupa porque traz o risco real de que a função simplesmente deixe de existir. Vamos verificar junto a nossa assessoria jurídica se isto é legal, já que a função é prevista no acordo coletivo”, anuncia Luiz Ricardo Maggi. O dirigente também destaca que o bancário com função de caixa nos demais bancos não faz o mesmo trabalho que os da Caixa. “O atendimento dos beneficiários dos programas sociais obriga o funcionário a conferir mais documentos, o que implica num nível de responsabilidade mais elevado”, pondera o sindicalista.
Os representantes do banco não souberam esclarecer porque o caixa minuto está sendo adotado. Fabiana Uehara, representante da Contraf-CUT na CEE/Caixa, lembra que não é a primeira vez eu esse modelo de gestão na retaguarda é adotado. “Tivemos esse mesmo debate no final dos anos 90, no momento que o banco estava sendo desmontado para ser vendido para o mercado”, citou. A comissão reivindicou que a empresa reveja sua posição.
Durante a reunião da mesa permanente, a Caixa fez uma explanação sobre o conceito de agência virtual que pretende implementar, inicialmente como projeto piloto na SR Sul de Goiás, Campinas, SR RJ Sul, SR Brasília Norte e SR Ipiranga. A alegação da empresa é de que esse tipo de unidade vai desonerar o volume de atendimento nas agências. Para os membros da CEE/Caixa, as agências virtuais podem acarretar o fechamento de unidades e a adoecimento de trabalhadores, como já ocorreu em outros bancos.
Mobilização
Nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, será lançada nacionalmente a campanha em defesa das empresas e serviços públicos. O evento, que acontece na Fundição Progresso a partir das 13h, é iniciativa do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. “É importante que os dirigentes sindicais das estatais compareçam em peso a este evento, que terá debates importantes para embasar nossa atuação na luta contra as privatizações”, pondera Maggi.
A Comissão Executiva dos Empregados orienta sindicatos e federações a se engajarem no Dia Nacional de Mobilização que será realizado na sexta-feira da próxima semana, 10 de junho, convocado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, contra o golpe e os retrocessos dos direitos dos trabalhadores. Nos atos realizados nos estados, a recomendação é que seja enfatizada a defesa da Caixa 100% Pública e pelo fortalecimento da empresa.
Fonte: Fetraf-RJ/ES e Agência Fenae