Occhi fala em socorro do governo à Caixa, mas não é bem assim

A grande mídia vem divulgando desde quarta-feira (19) a declaração dada pelo presidente da Caixa, Gilberto Occhi, de que o banco precisaria vender ativos para evitar ajuda do governo em 2018. A informação foi publicada originalmente em reportagem do “Wall Street Journal” na última terça (18).

Occhi afirmou que a Caixa está sendo afetada pela crise, mas que “provavelmente não precisará de ajuda financeira governamental neste ano ou no próximo”, e que a venda da divisão de loterias é uma possibilidade. Essa seria a solução para que a ajuda não seja necessária em 2018.

No entanto, o que a maioria das reportagens não esclarece é que a necessidade existente é de aumentar a capacidade do crédito da Caixa, se adequando às medidas exigidas dos bancos no chamado Acordo de Basiléia III.

Em março de 2016, o retorno sobre o patrimônio líquido médio acumulado em doze meses foi de 10,3%, o índice de Basileia foi de 13,7%, 2,7 p.p. acima do valor mínimo exigido de 11,0%. O ideal é que esse índice não atinja o mínimo, por isso a necessidade de elevar o capital próprio para aumentar a capacidade de crédito.

Porém, a utilização das palavras “ajuda” e “socorro” nas reportagens publicadas pelos grandes veículos de imprensa faz parecer que a Caixa enfrenta o risco de quebrar, reforçando a venda de ativos e uma futura privatização como solução para este problema.

“Mais uma vez, parece que querem colar a ideia de que a Caixa é terra arrasada e tem graves problemas, com o único objetivo de justificar a privatização do banco. Não permitiremos nenhum retrocesso nesse sentido”. Foi assim que o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, reagiu às declarações do presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, que em entrevista ao jornal norte-americano Wall Street Journal afirmou que a estatal precisará vender ativos e cortar dividendos para evitar uma injeção de capital do governo em 2018.

“A Caixa é lucrativa, sim. Mas o mais importante é o seu papel fundamental na execução de políticas públicas. Isso não pode mudar”, diz Jair Pedro Ferreira. Ele acrescenta: “um dos problemas citados por Occhi é o aumento da inadimplência nos empréstimos. Isso, porém, ocorreu em todos os bancos no período recente. Não se pode ignorar ainda o fato de que essa inadimplência na Caixa está abaixo dos patamares médios do mercado”.

Em 2015, o lucro líquido da Caixa foi de R$ 7,2 bilhões. No primeiro semestre deste ano, o valor foi de R$ 2,4 bilhões. “Um artigo publicado em um jornal este ano frisou, de forma absurda, que o Minha Casa, Minha Vida só resulta em prejuízos. É graças a esse projeto que milhões de brasileiros estão realizando o sonho da casa própria. A Caixa não pode ser um banco que prioriza o lucro. Essa foi a mesma tática da década de 90, quando fizeram de tudo para enfraquecer a empresa e privatizá-la”, conclui Jair.

 

 

Fonte: Fenae e Apcef-SP