A organização não-governamental (ONG) Naturae Vitae, com fins ecológicos e de proteção aos animais, entra na discussão sobre a situação dos carroceiros de Bauru e tenta apontar uma alternativa viável a esses trabalhadores. Eles oferecem parceria para a formação de um consórcio para compra de automóveis Kombi aos trabalhadores, com o intuito de melhorar suas condições de trabalho e também poupar os animais de uma situação desgastante. A idéia foi apresentada ontem, em reunião realizada na Regional Mary Dota, com a presença do presidente da Associação dos Carroceiros de Bauru (Assocar), Aparecido Quirino, e do secretário das Administrações Regionais (Sear), Nelson Fio.
De acordo com a bióloga Fátima Schoeder, presidente da Naturae Vitae, a proposta da ONG visa, inicialmente, melhorar as condições de vida e trabalho dos carroceiros com a possibilidade de mantê-los atuando com o transporte de cargas, recicláveis ou até mesmo de pessoas. “Enquanto uma carroça consegue transportar 200 a 300 quilos, uma Kombi poderia levar mil quilos. O veículo também seria útil e seguro para o transporte da família desses trabalhadores, além da possibilidade de tirarmos as carroças da rua, que são incompatíveis com o trânsito da cidade”, aponta.
Os veículos seriam adquiridos através de um consórcio, do qual participariam os carroceiros já cadastrados na Sear e na Assocar. Além da compra de Kombi usada, a ONG propõe também uma parceria para a alfabetização e habilitação dos trabalhadores para dirigir. “Nossa proposta é de que a prefeitura dê o suporte para a alfabetização e patrocine as carteiras de motorista, ou que isso seja feito por algum empresário interessado em ajudar”, comenta Fátima. “Muitos não sabem ler mas eles têm noções do trânsito por circularem o dia todo na cidade”, completa.
A fiscal Jalile Abdel Aziz, também da Naturae Vitae, lembra que o cuidado com os cavalos é trabalhoso e poderia ser feito de forma correta se eles fossem retirados das ruas e doados para uma instituição. “Não é só dar capim. Eles precisam de sal mineral, alfafa, cenoura, cuidados veterinários. Não queremos tomar os cavalos dos carroceiros, mas sim oferecer a eles uma melhor oportunidade de trabalho e aos animais, a diminuição de seu sofrimento e desgaste”, afirma.
Para Aparecido Quirino, a idéia da troca das carroças por automóveis Kombi parece coerente e promissora para a categoria. “As pessoas vieram para somar e dar idéias, não é só para tomar os animais dos carroceiros. Muitos carroceiros não participam nem das reuniões com medo de perderem os cavalos. As Kombis seriam melhor para trabalhar”, analisa. Até o momento, apenas 15 carroceiros se cadastraram na Sear, enquanto Quirino indica que o total desses trabalhadores em Bauru deve chegar a 2 mil.
Segundo Nelson Fio, a proposta de alfabetização dos trabalhadores seria completamente viável, em parceria com a Secretaria de Educação. “Para a habilitação, precisaríamos de uma parceria. Mas é uma proposta interessante. É melhor apontar soluções do que criticar a situação. Vamos estudar o que podemos fazer enquanto cadastramos os carroceiros”, diz. O cadastramento vai até o final do mês, em todas as regionais.
(Por Diego Molina – www.jcnet.com.br)
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