PALESTRA: o desafio da internacionalização


A Federação realizou no último dia 28 um evento que tratou de dois temas ainda novos para alguns sindicatos: a internacionalização das ações sindicais e a aproximação com os trabalhadores jovens.


Para falar da atuação das redes de bancos multinacionais e da internacionalização do movimento sindical bancário, foi convidado o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mário Raia. O sindicalista, que é funcionário do Santander, oriundo do Banespa, esclarece que este modelo de organização em redes é uma necessidade. “O capital se organiza mundialmente, as empresas se organizam mundialmente. Nós, trabalhadores, também temos que nos organizar assim para darmos conta das necessidades. As redes surgem quando os trabalhadores entendem isso e começam a se organizar além das fronteiras de seus países”, defende Mário.


Esta organização, segundo o dirigente, tem um desafio inicial que é a compreensão das diferenças. “Há culturas sindicais diferentes, legislações trabalhistas diferentes. Por exemplo, no Uruguai não há demissões como aqui, o trabalhador tem uma certa estabilidade no emprego, garantida por lei. Então, a questão do emprego, que é urgente para os bancários brasileiros, não mobiliza em outros países”, exemplifica Mário. Segundo o sindicalista, os temas mais quentes nas reuniões das redes são outros. “Os assuntos mais discutidos foram saúde e condições de trabalho e liberdade de organização. Há muitos relatos de assédio moral, metas abusivas e adoecimento de bancários. E também de práticas anti-sindicais, que estão se intensificando em todos os países. Estes temas vão surgindo quando os trabalhadores de cada banco vão trocando experiências sobre o que acontece em seus países”, relata.


Aprendendo e ensinando


Esta troca de experiências permite reconhecer onde o movimento brasileiro está acertando e no que ainda precisa avançar. “Nossa organização e o modelo de atuação dos bancários brasileiros são exemplos do que podemos oferecer aos colegas dos países vizinhos. E podemos aprender com eles como construir acordos mais longos e como atuar para a construção de uma legislação que dê proteção ao emprego”, aponta Raia.


Outro objetivo é a definição de ações a partir desta colaboração. “Pretendemos unificar as estratégias de lutas. Para começar, vamos elaborar um banco de dados com todos os benefícios, direitos e legislações trabalhistas de todos os países das redes. Isso nos dará condições de buscar nivelar por cima, buscando a garantia dos mesmos direitos e condições de trabalho, buscando a assinatura de Acordos Marco globais. Tïvemos um acordo marco para o BB nas Américas, que vence neste dia 31. Nosso objetivo é que, no momento da renovação, possamos estendê-lo aos trabalhadores do banco em todo o mundo”, relata Mário.


Todo este esforço tem um objetivo final que vai além das questões meramente trabalhistas, na mesma linha que os sindicatos cutistas já seguem de buscarem estar na vanguarda das mudanças sociais para além da categoria que representam. “Esta discussão permite aumentar mais o sentimento de solidariedade de classe internacional. Vamos percorrer as entidades filiadas à Contraf-CUT em todo o país para sensibilizar os dirigentes para esta iniciativa”, anuncia Mário Raia. “Este é o caminho para tornarmos realidade o velho slogan ‘Trabalhadores do mundo, uni-vos!’”, acredita o sindicalista.


Resposta rápida


Durante a reunião das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, realizada no início de maio em Assunção, no Paraguai, a pesada ofensiva anti-sindical do Santander contra sindicatos e contra a Contraf-CUT foi denunciada. Estarrecidos, os sindicalistas latino-americanos, coordenados pela UNI-Finanças, decidiram realizar uma campanha contra esta postura do banco. A primeira ação foi no dia 23, em que a maioria dos sindicatos cutistas do país fizeram algum tipo de atividade, com panfletagem ou com suspensão parcial ou total do expediente bancário.


No dia 29 outra ação foi lançada, com a disponibilização de cartas para o presidente do banco no Brasil, Jesús Zabalza, e o CEO do banco, Emílio Botín. Através deste link é possível enviar a correspondência para ambos, aproveitando o texto em Espanhol ou enviando outro. A UNI-Finanças também encaminhou cartas específicas para Zabalza (aqui) e Botín (aqui).

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES