Os bancários enfrentam diversas formas de discriminação nos bancos. Uma delas é o racismo, que ainda é bastante visível na contratação, na remuneração e na ascensão profissional.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego continua sendo maior entre a população negra. Um dos motivos é o alto índice de rotatividade no setor. Os bancos continuam demitindo muitos funcionários com mais tempo de casa e, contratando menos e com salários mais baixos, maximizam os lucros em detrimento da intensificação da exploração da mão de obra, acompanhadas com as demissões.
Na composição dos altos cargos, como diretorias, conselhos de administração e superintendências, bem como nos demais níveis hierárquicos e de composição do quadro de funcionários, como operacional, técnico gerencial e administrativo, a presença de negros e negras é muito pequena.
Racismo
“O racismo é um sistema de poder, uma ideologia que penetra e participa da cultura, das relações entre pessoas e grupos, incide nas políticas públicas, nas instituições e nas estruturas de poder. Opera sempre para manter os privilégios e a hegemonia de grupos dominantes, que é em sua ampla maioria de cor branca”, destaca Andrea Vasconcellos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.
“Ele também se manifesta nos sentimentos, condutas, ações, e omissões e se (re)produz não só na falta de acesso e/ou o acesso de menor qualidade aos serviços e direitos, mas perpetua uma condição estruturante de desigualdade em nossa sociedade. Portanto, enfrentá-lo requer ações em diferentes níveis: pessoal, interpessoal e institucional”, defende.
Para Andrea, “os bancos, que se dizem modernos e comprometidos com a responsabilidade social, deveriam enfrentar essa realidade vergonhosa, adotando medidas específicas e eficazes de inclusão e integração racial e social”.
As políticas de ações afirmativas são instrumentos essenciais para resolver problemas históricos de distorções salariais, desigualdades, exclusão e segregação no sistema financeiro, sustenta a dirigente sindical.
13 de maio
Neste 13 de maio, data da chamada “abolição da escravatura”, a Contraf-CUT reforça o mote “Vamos abolir a discriminação e promover a inclusão: Por mais contratações de negros e negras”, definido no 1º Fórum sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT, em novembro de 2011, em Salvador.
A data lembra a assinatura da Lei Áurea em 1888 (125 anos atrás), que aboliu formalmente a escravidão de negros e negras no Brasil. Porém, não eliminou os preconceitos e as discriminações entre homens e mulheres, entre brancos e não brancos.
“Por essa razão, o dia 13 de maio se configura como um momento importante para reflexão, denúncia, mobilização e luta contra todas as formas de manifestações de racismo”, salienta Andrea.
Discriminação
Se nos bancos públicos, onde a contratação acontece via concurso público, a presença de negros e de negras é tímida, nos bancos privados a realidade é bem pior.
Sobre a escolaridade, observa-se que mesmo tendo a mesma instrução os negros e as negras ganham menos, cerca de 64,2 % do salário dos brancos. E a permanência no emprego é bem menor, conforme revelou o Mapa da Diversidade de 2009.
“É necessário revelar a cor da exclusão no sistema financeiro e dar um basta à desigualdade racial ainda presente nos bancos públicos e privados com a implantação de ações afirmativas de inclusão”, ressalta Andrea.
A realidade permite observar que não há igualdade de oportunidades, de tratamento e de direitos entre brancos e negros no sistema financeiro.
“Os altos lucros comprovam que os bancos têm condições financeiras para implantar programas de inclusão e demonstrar na prática a responsabilidade social que tanto apregoam nos seus relatórios”, enfatiza Andrea. “Mas o que os banqueiros fazem é manter as desigualdades, além de praticar a rotatividade e demitir milhares de trabalhadores, agindo na contramão do crescimento com desenvolvimento econômico e social do país”, aponta.
2º Censo da Diversidade
Na última sexta-feira (9), foi encerrado o 2º Censo da Diversidade, cujos resultados serão divulgados em breve pela Fenaban.
“Esperamos conhecer logo o diagnóstico sobre a cara da desigualdade no sistema financeiro, estimulando novas ações de inclusão contra todas as formas de discriminação, racismo e preconceito que contrastam com a alta rentabilidade dos bancos”, ressalta Andrea.
Igualdade de oportunidades
“Chamamos a atenção para que essas distorções, entre outras, sejam corrigidas e, por isso, falamos nos quatro cantos do país que é preciso abolir a discriminação nos bancos, denunciar todas as formas de preconceito, com a finalidade de erradicar as desigualdades”, enfatiza Andrea.
“Reivindicamos mais contratações de negros e negras no sistema financeiro, como forma dos bancos manifestarem efetivamente responsabilidade social. Queremos igualdade de oportunidades”, conclui a diretora da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT