PARA FIPE, CRESCIMENTO MAIOR PODE MANTER INFLAÇÃO DE 2006 EM 4,5%

A inflação de 2006 na cidade de São Paulo deve repetir o nível de 2005, na avaliação de Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Se confirmadas as previsões, a inflação anual vai interromper a trajetória de queda iniciada em 2003, quando ficou em 8,1% (após os 9,9% de 2002), recuando para 6,5% em 2004 e 4,5% no ano passado.


Para Pichetti, o afrouxamento da política monetária (queda de juros) vai abrir espaço para um crescimento maior da economia, o que terá reflexos nos preços livres. Além disso, a queda dos juros causará uma desvalorização do real, o que levará a IGPs maiores em 2006, refletindo no reajuste dos serviços públicos.

Pichetti alertou que a estabilidade conquistada em 2005 na inflação não é sustentável, por ter “custos muito altos”, como a queda na exportação e redução de atividades de alguns setores, devido à valorização do real, e o aumento da dívida pública. “Trocamos a inflação por juros altos.”


Fatores surpresas que podem afetar a inflação em 2006 são os imprevistos de um ano eleitoral e a mudança na cobrança do telefone fixo, de pulso para minutos, junto com a criação de um novo índice para substituir o IGP-DI como indexador de tarifas do setor. A projeção da Fipe para a inflação em janeiro é de 0,45%, impulsionada principalmente pelas mensalidades escolares e pelo licenciamento de veículos.


O ano passado “foi o ano da inflação dos serviços”, disse Picchetti, ressaltando que o 4,53% do acumulado de 2005 foi a menor taxa em cinco anos. Entre os serviços que impulsionaram a inflação, o economista inclui transporte urbano (13,08% no ano), saúde (9,26%) e educação (6,54%). “Praticamente metade da inflação de 2005 veio do setor de transportes”, disse.

Já os serviços de utilidade pública (energia elétrica, água, esgoto e gás) não pesaram na inflação. O setor apresentou um aumento de apenas 2,34%, possibilitado pelos baixos IGPs do ano (menos de 1,5%). O grupo alimentação representou a menor pressão, com alta de 0,47%. Os produtos que mais subiram em 2005 foram a esponja de aço (62,24%), seguros de veículos (31,08%) e o café em pó (20,27%). Entre os que mais caíram estão o limão (-41,13%) e produtos eletrônicos, como aparelho de celular (-34,21%), videocassete (-21,68%) e televisor (16,82%).


(Por Samantha Maia – do Valor Online, em São Paulo)


 


 

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