A campanha Maio Amarelo é uma iniciativa internacional que tem por objetivo conscientizar as pessoas para os perigos do transito e, assim, reduzir os acidentes. Este ano, Petrópolis entra para o mapa das mobilizações nacionais, realizando manifestações públicas neste fim de semana (confira programação abaixo). Além dos eventos, prédios importantes e marcos históricos – a Catedral de São Pedro de Alcântara, o Museu Imperial, a Câmara Municipal e o Obelisco – serão iluminados de amarelo, para marcar a participação na campanha. No Rio de Janeiro, o principal cartão postal da cidade, o Cristo Redentor, também receberá iluminação especial.
Um dos petropolitanos mais empenhados em divulgar a campanha na cidade é o bancário Iomar Torres. Ele perdeu a filha, Gabriela, num acidente em outubro de 2013 e está transformando a dor da perda está sendo transformada em disposição de luta. A família mandou confeccionar 50 camisetas amarelas com a foto de Gabriela e uma frase pedindo punição para os que provocam acidentes. “Eu me engajei porque minha filha era muito engajada em campanhas como esta. Das atividades do Outubro Rosa, para conscientização sobre o câncer de mama, por exemplo, ela costumava participar sempre. É preciso conscientizar as pessoas e também buscar punição não só para o motorista que dirigia o carro em que ela estava. É preciso que a sociedade pressione para que se obtenha punição para todos os assassinos do trânsito”, esclarece Iomar.
O bancário traz números alarmantes que a OMS – Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU, e órgãos no Brasil vêm divulgando. “Todo ano, mais de um milhão de pessoas morrem em acidentes de transito no mundo todo. Em 2013, só no Brasil, houve 57 mil mortes. E aqui em Petrópolis, os dados oficiais da Secretaria de Saúde revelam que, nos últimos sete anos, tivemos 16 mil vítimas fatais. Isso dá uma média de uma pessoa morta a cada 4 horas só na nossa cidade”, informa Iomar.
Estes números mostram que o objetivo da ONU ao lançar a campanha está longe de ser atingido. “A meta estabelecida era de que, de 2011 a 2020, os acidentes fossem reduzidos em 50 % . Mas isso ainda não aconteceu. É preciso que o poder público desenvolva ações de educação e fiscalização para que o trânsito se torne mais seguro. Os acidentes matam mais que as guerras e que várias doenças; mais que a AIDS, por exemplo”, critica o bancário. A realidade próxima demonstra que não é só nas grandes cidades que há risco. “Aqui temos a BR-040, que é muito perigosa. E muita gente que se acidenta lá não é daqui de Petrópolis. Há alguns dias tivemos um acidente fatal com um motociclista, numa moto de alto desempenho. E os jovens usam a rodovia para ir às boates em Itaipava, porque é mais rápido. Como muitos bebem antes de dirigir, há muitos acidentes”, relata Iomar.
Todos
A pirâmide etária brasileira mostra claramente que os jovens são as maiores vítimas da violência. Nas classes mais pobres, as mortes são causadas principalmente por armas de fogo, em conflitos entre bandidos ou entre eles e a polícia, com predominância de jovens negros do sexo masculino. Já na classe média o principal fator é o trânsito. “As mortes dos jovens de baixa renda não têm tanta visibilidade. Campanhas como o Outubro Rosa e o Novembro Amarelo, por exemplo, têm muito mais divulgação na mídia. Mas o trânsito não mata somente jovens de classe média para cima. Mata também o trabalhador que está no ônibus, que é atropelado. Não é só quem tem carro que corre o risco”, pondera Iomar.
Por esta razão, a conscientização da sociedade é importante. Mas o poder público tem que assumir sua responsabilidade. “Já houve a proposta de reverter o valor das multas aplicadas aos motoristas infratores para projetos de educação para o trânsito. Os governos federal, estadual e municipal têm obrigação de criar políticas públicas para transformar em realidade estes projetos e aumentar a fiscalização. Em três anos, não houve melhora nos índices”, aponta Iomar. Além disso, o bancário ressalta que propostas de leis que estão tramitando podem agravar ainda mais a situação. “Estão propondo, por exemplo, aumentar a jornada de trabalho dos caminhoneiros. Isso é um perigo! Além da questão trabalhista, tem a segurança no trânsito para ser levada em conta”, critica o bancário.
O bancário acredita que é necessário um empenho maior da sociedade para cobrar do poder público a criação destas medidas. Mas as iniciativas individuais são também importantes. “Queremos, a partir de agora, fazer crescer mais o movimento, para os próximos anos. Conscientizar mais as pessoas. Tem gente que ao volante se transforma, parece que se tornam cavalheiros medievais com armadura, prontos para o combate. E este comportamento leva a atitudes imprudentes que podem ter conseqüências graves”, conclui Iomar.
Programação: Maio Amarelo em Petrópolis
10 de maio, sábado, a partir das 09h
Na Praça Dom Pedro
Distribuição de panfletos, exposição de fotos, exibição de vídeos, depoimentos e demonstração de primeiros-socorros com o Corpo de Bombeiros.
11 de maio, domingo, às 18:30
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Praça da Inconfidência)
Missa em memória das vítimas do trânsito.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES