O último dia 18 foi marcado por manifestações pela democracia em todo o país, promovidas pela Frente Brasil Popular, coletivo formado por entidades e coletivos de esquerda. Em 26 cidades houve atos públicos em apoio à permanência de Dilma Roussef à frente da presidência e contra o golpe de estado que está sendo orquestrado pela oposição de direita.
Em todas as manifestações, a parcialidade e os atos inconstitucionais de segmentos do Judiciário e a grosseira manipulação da informação realizada pela grande mídia – sobretudo os veículos das Organizações Globo – foram alvos do repúdio do manifestante. Ao grito “não vai ter golpe” somou-se o velho bordão “o povo não é bobo/abaixo a Rede Globo” e o “fora Cunha” que já vem sendo usado desde o ano passado.
Embora o ex-presidente Lula tenha recebido grande apoio de boa parte dos manifestantes, os atos não se caracterizaram por uma defesa do PT e da política adotada pelo governo federal. O povo que foi para as ruas e praças do país defendeu que Dilma Roussef cumpra seu mandato até o final e que a Constituição seja respeitada. Militantes de vários partidos, sindicatos, coletivos e organizações de esquerda, estudantes, artistas e intelectuais participaram do ato.
Segundo o Centro de Operações da prefeitura do Rio de Janeiro, a Praça XV foi ocupada por cerca de 70 mil pessoas. Em todo o Brasil, mais de 1,375 milhão participaram dos atos. A maior concentração foi na Avenida Paulista, em São Paulo, com cerca de 500 mil pessoas. Em segundo lugar ficou a manifestação de Recife, com 200 mil, e Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador empatadas em terceiro, com 100 mil manifestantes cada uma.
A cobertura da grande mídia foi pífia, em flagrante contraste com o imenso destaque dado às manifestações pró-impeachment. Mas não foi possível ignorar que multidões foram foi às ruas de todo o país para defender o Estado Democrático de Direito e o mandato da governante legitimamente eleita. Já que era preciso noticiar, alguns veículos forneceram os números — sempre muito conservadores – da PM ou ressaltaram as discrepâncias entre estes dados e os fornecidos pela organização de cada ato.
Durante os atos realizados em todo o Brasil, alguns manifestantes evitaram usar a cor vermelha, uma vez tem havido ataques a quem exibe peças desta cor – inclusive bebês e até animais. Os agressores são favoráveis ao impeachment e sofrem influência da grande mídia, que vem incitando a população contra o governo federal e o PT.
Estiveram presentes ao ato do Rio de Janeiro representantes dos Sindicatos dos Bancários de Angra dos Reis, Baixada Fluminense, Niterói, Petrópolis, Rio de Janeiro, Sul Fluminense e Teresópolis.
Outra frente
A Baixada Fluminense acaba de montar um núcleo da Frente Brasil Popular na região. O lançamento do coletivo foi feito no último dia 21, segunda-feira, na subsede Nova Iguaçu do Sindicato dos Bancários. Na ocasião os participantes apresentaram os motivos que levaram os movimentos sociais da Baixada a organizar a base da Frente. Entre os objetivos, a defesa incondicional do Estado Democrático de Direito, do pré-sal e dos direitos trabalhistas.
A luta continua
Diante dos ataques que têm sido feitos à presidente Dilma Roussef e ao risco institucional que o país vive, a CUT recomenda que os ativistas se mantenham em estado de mobilização permanente. A direção executiva da Central soltou um documento com as seguintes orientações para as estaduais e os ramos:
- Criar comitês em defesa da democracia e contra o golpe;
- Realizar assembleias massivas, plenárias e debates com a participação e trabalhadores/as e membros dos movimentos sociais;
- Promover a mobilização e a panfletagem nos locais de trabalho e nos bairros denunciando o golpe, fazendo a defesa da democracia, esclarecendo a população quem são os golpistas (CNI, Fiesp, Firjan, setores da classe média, Rede Globo, Jornal o Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Veja, Época, Isto É, Moro, Ministério Público, PSDB, DEM, PPS, Solidariedade, Movimentos Vem Prá Rua, Revoltados onLine, Brasil Livre ) e o que eles querem (atacar os direitos da classe trabalhadora, entregar o Pré-Sal para empresas petrolíferas estrangeiras, arrochar os salários, privatizar a educação e a saúde, acabar com a política de valorização do salário mínimo, entre outras medidas);
- Esclarecer quem são os membros da Comissão Especial que conduz o processo de impeachment na Câmara dos Deputados (dos 75 membros da Comissão, 35 são indiciados por algum tipo de crime), denunciando o impeachment como golpe;
- Fazer pressão sobre os membros da Comissão para que votem contra o impeachment, seguindo a linha usada na luta contra o PL 4330: envio de cartas e e-mails aos parlamentares; cartazes e outdoors com a foto dos que estão a favor do impeachment denunciando-os como golpistas e inimigos da democracia; comissão de recepção dos deputados nos aeroportos, entre outras iniciativas;
- Criar Comitês de Sindicalistas em defesa da democracia e contra o golpe;
- Organizar Plenárias de Sindicalistas nos Estados para definir linha de ação contra o golpe.
Está prevista a realização de outro ato público, convocado pela Frente Brasil Popular, para o próximo dia 31.