Presidente do Bradesco mente e desrespeita os bancários

O presidente do Bradesco e presidente da Fenaban, Márcio Cypriano, despreza a desmerece a inteligência de seus funcionários, fazendo um comunicado, no mínimo desrespeitoso com todos aqueles que são explorados diariamente e que são os verdadeiros responsáveis pelo lucro do último semestre de R$ 2, 6 bilhões do banco: os bancários. O banco paga os menores salários do sistema financeiro e não oferece nada além do acordo coletivo.

Companheiros?

Em sua mensagem, Cypriano cumprimenta os empregados, a quem chama de “companheiros”. Desde quando banqueiro trata os bancários com o afeto e respeito que caracterizam companheirismo? Ele não faz a menor idéia do que representa o significado da camaradagem, da solidariedade, do companheirismo. Ao contrário. Tratou os funcionários do banco com violência e truculência policial, contratou jagunços armados, impôs pressão psicológica e assédio moral, ameaçou de demissão e entrou na Justiça com interditos proibitórios para tentar, em vão, impedir o nosso legítimo direito de greve.


Mentiras e desrespeito

Outra balela do comunicado do banco é da “preocupação com os clientes”. As pesquisas de opinião e as denúncias nos órgãos de defesa do consumidor mostram o contrário: a população é desrespeitada, fica mofando nas filas porque os banqueiros demitem e não contratam caixas suficientes. Os bancos descumprem a Lei Antifilas, cobram taxas abusivas e juros exorbitantes.
Cypriano desrespeita a categoria ao chamar o nosso movimento de “ações extravagantes” e mente quando diz que a greve foi realizada por “grupos isolados” e que utilizamos pessoas não pertencentes ao meio bancário. Não somos “grupos isolados”, mas representamos uma categoria extraordinária e sacrificada pelos bancos. Somos cerca de 400 mil trabalhadores em todo o Brasil. O Sindicato dos Bancários do Rio tem 75 anos de história de luta contra ditaduras. Muitos companheiros foram torturados e até mortos durante o regime militar, enquanto que os banqueiros apoiaram e sustentaram o golpe de 1964 e a ditadura.

Arbitrariedades|

Apesar da utilização de todos os artifícios arbitrários dos bancos, nós realizamos no Rio de Janeiro paralisação de 24 horas, de 48 horas para garantir um reajuste melhor do que os índices ridículos apresentados pelos banqueiros. Levamos umas das maiores delegações para o Encontro Nacional e, por fim, realizamos a maior greve do país. O “espírito de unidade” demonstrou mais uma vez na Campanha Salarial, mas não como sugere o banqueiro, que elogia supostos “fura-greves”, e sim pela realização de uma greve nacional que derrotou a intransigência da Fenaban e arrancou uma nova proposta. Os bancários não esqueceram que foi o senhor Márcio Cypriano e seus amigos banqueiros que queriam oferecer e tentaram impor à categoria uma proposta rebaixada. A nossa mobilização e a greve fizeram a Fenaban apresentar uma proposta melhorada no índice do reajuste, no abono e na PLR.
Tivemos avanços importantes, mas mereceríamos muito mais, não só pelo nosso trabalho diário, mas principalmente pelo tamanho de nossa mobilização. Isto tudo só foi possível com a participação de todos os bancários e bancárias, inclusive aqueles que sofreram o assédio moral, sendo ameaçados de seus empregos, justamente pelo banco que o Sr. Márcio Cypriano preside, o Bradesco.
Com R$ 2,6 bilhões de lucro em apenas seis meses, o Bradesco pode, e a Convenção Coletiva permite, pagar um reajuste e uma PLR maior e principalmente garantir os empregos de seus funcionários. Até porque o presidente do banco diz que o funcionário é “o maior patrimônio da empresa”.
Em nome de todos os funcionários do Bradesco e de toda a categoria, repudiamos, na íntegra, esse comunicado do presidente do maior banco privado do país. Os bancários, a população e, no fundo, os próprios banqueiros sabem que temos razão.




Vinícius de Assumpção

Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio

Fonte: