O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro fez uma paralização na Previ nesta quarta-feira, 27, em protesto contra o descomissionamento de uma funcionária da Previ. Os trabalhadores do fundo de pensão são, na sua imensa maioria, empregados cedidos do Banco do Brasil. Quando a Previ não precisa mais deles, são devolvidos ao banco. Foi o que aconteceu com Jaqueline Ferreira, que perdeu a comissão e voltou ao posto efetivo de escriturária. Pior: foi comunicada numa sexta-feira de que deveria tomar posse numa agência de Belo Horizonte, sua cidade de origem, na segunda-feira seguinte. Entre a patrocinadora e o fundo, a trabalhadora já conta 29 anos de casa.
Além do descomissionamento e da transferência de praça em tempo curtíssimo, o que mais impressiona é que a decisão foi motivada por questões que nada têm a ver com o serviço. Jaqueline está concluindo seu doutorado em Teoria Psicanalítica, com uma pesquisa sobre a Previ e seu trabalho interessa tanto à empresa que ela recebeu uma licença de 30 dias para redigir sua dissertação. Mas este prazo não foi considerado e Jaqueline deveria abrir mão deste afastamento – não podendo, portanto, concluir seu doutoramento – e também de férias já vencidas e não gozadas. Tampouco lhe foram oferecidas outras opções, como transferência para outro setor ou permanência como extraquadro até a aposentadoria.
Opções como estas foram oferecidas a outros funcionários do banco que foram afastados do setor desde a posse da diretora eleita Cecília Garcez na Diretoria de Administração. A executiva tem perseguido funcionários e já dispensou vários. Mas estas decisões nada têm a ver com o desempenho ou comportamento dos subordinados. Para se ter uma ideia do absurdo, a funcionária descomissionada estava em todas as listas de contingência que o banco negociava com o sindicato dos bancários durante a greve. “Ora, se o banco queria que ela entrasse mesmo durante a greve, é porque Jaqueline é uma funcionária importante, que faz um bom trabalho. Por que, então, afastá-la do serviço?”, questiona José Henrique, diretor de Bancos Públicos do Seeb-Rio.
Além de arbitrário e claramente motivado por questões alheias ao desempenho profissional, o descomissionamento de Jaqueline também desrespeita o acordo de cessão dos funcionários do BB à Previ. O documento prevê que os funcionários cedidos ao fundo tenham os mesmos direitos garantidos no Acordo Aditivo dos funcionários do banco e uma cláusula sobre o descomissionamento determina que este só ocorra depois de 3 avaliações negativas. A retirada da comissão de Jaqueline não obedeceu a esta regra.
Conselho
A paralisação foi marcada para esta quarta-feira para coincidir com uma reunião do Conselho Deliberativo, que seria realizada no local. Já que os conselheiros estariam presentes, os dirigentes do sindicato decidiram aproveitar a ocasião para realizar a atividade. Os sindicalistas entregaram uma nota de repúdio do sindicato ao descomissionamento de Jaqueline ao presidente da Previ, Gueito Matsuro Genso, e ao vice-presidente do BB Paulo Roberto Lopes Ricci – que é também presidente do Conselho.
A principio, a Previ ficaria com atividades suspensas durante todo o dia. Mas, diante da paralisação, o banco aceitou negociar. Uma reunião para tratar da questão foi marcada para a próxima segunda-feira.
Fonte: Redação da Fetraf-RJ/ES