Na mesa de negociações sobre “Saúde e Condições de Trabalho“, realizada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (CN Fenaban), nesta quinta-feira, 18 de julho, a inclusão com garantia de ascensão às pessoas com deficiência (PCDs) no setor bancário, foi o tema que abriu a reunião.
A Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES) esteve representada pelo Presidente, Nilton Esperança; pelo Vice-Presidente, Pedro Batista; e pelo Secretário de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, Carlos Pereira (Carlão).
“Em relação aos PCDs, temos que focar em nossas reivindicações. Não podemos aceitar os banqueiros somente alegando que estão cumprindo a cota. Temos que exigir que contratações contemplem todos os setores dos bancos e, principalmente, com critérios adequados para cada tipo de deficiência. Na questão da segurança, não abrimos mão das portas giratórias, dos seguranças e de todas as exigências da Polícia Federal e leis municipais. As bancárias e os bancários vêm sofrendo com agressões, até mesmo físicas de clientes e usuários, que na maioria das vezes cobram o que, na verdade, tem que ser cobrado dos banqueiros: a falta de funcionários e condições de trabalho, que fazem com que os clientes fiquem irritados por ficarem em filas intermináveis, provocanto irritação e descontentamento.”, comentou Nilton Esperança.
Para Pedro Batista, “os bancos devem olhar com mais atenção para estas pessoas. Que não sejam vistas como problemas. A diversidade é saudável para todas as empresas.”
Segundo levantamento do Dieese, considerando todos os cargos da categoria bancária, os PCDs representam apenas 4%. Nos cargos de liderança, esse percentual é ainda menor: apenas 2%.
Outra reivindicação da categoria apresentada na mesa é o abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, considerando que, muitas vezes, precisam se ausentar do trabalho para ajustes técnicos de equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas, conforme a condição da deficiência.
Neurodivergentes
Os trabalhadores também destacaram a questão dos neurodivergentes, pessoas com diferenças neurológicas variáveis e que podem ou não ser deficientes. “Sou uma pessoa neurodivergente, TDAH, que não é uma deficiência. O que observamos é que um funcionário neurodivergente, não pode ter medo de ser quem ele é. Tem que ter segurança e abertura para conversar com o gestor sobre as adaptações que necessita, sem medo de sofrer retaliação”, observou Bianca Garbelini, funcionária do Banco do Brasil, secretária da Juventude da Contraf-CUT e também mãe de uma adolescente PCD.
Ainda na questão da neurodivergência, foi ressaltado um cuidado especial às pessoas do espectro autista, que são consideradas com deficiência.
Além da inclusão de cláusulas sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e redução da jornada para acompanhamento médico e educacional de pais com filhos PCDs, sem redução salarial, os trabalhadores reivindicam na Convenção Coletiva de Trabalho:
– Adequação do ambiente de trabalho segundo a natureza e grau de deficiência do empregado;
– A vedação de transferência de PCDs, salvo por pedido do trabalhador;
– A constituição de uma comissão bipartite (indicados pela Contraf e Fenaban) para deliberar sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e sobre políticas de inclusão;
– Inclusão e capacitação de pessoas com deficiência;
– Financiamento de veículos para empregado com deficiência;
– Estacionamento exclusivo para empregados com deficiência;
– Abono de faltas aos trabalhadores com deficiência; e
– Aumento de auxílio para pais com filhos com deficiência.
Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.
Devolutiva da mesa Igualdade de Oportunidades
A pedido dos trabalhadores, os representantes dos bancos trouxeram os números dos canais de apoio e acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica, conquista da categoria na CCT.
De abril de 2020 a julho de 2024, foram atendidas 607 mulheres em 12 canais estabelecidos pelos bancos, que resultaram em 2.094 sessões. Desse total, foram realizadas 47 realocações de local de trabalho, a pedido das próprias bancárias. A realocação de trabalhadoras em situação de violência também é resultado de convenção coletiva.
Também, como fruto dos canais, ocorreram 3 concessões de crédito especial e 4 flexibilizações de jornada de trabalho às mulheres em situação de violência, a pedido das próprias funcionárias.
Segurança
Os trabalhadores apresentaram dados de uma consulta, encomendada ao Dieese, com bancários de unidades de negócios e postos de autoatendimentos, de todas as regiões do país. Ao serem perguntados se, nos últimos 24 meses, sofreram algum tipo de agressão, partindo de clientes ou usuários, 69% responderam que sim.
Quando perguntados qual foi a primeira pessoa que o funcionário procurou, no momento da agressão, a resposta da maioria (38,7%) foi o vigilante.
Além da segurança bancária no ambiente físico, os trabalhadores reivindicaram a segurança bancária no ambiente digital. “No processo de fechamento de bancos tradicionais e abertura de unidades de negócios, os bancos estão abrindo mão de portas de segurança e contratação de vigilantes. Mas isso não pode acontecer, porque a insegurança continua, mesmo que não tenha a transação de dinheiro físico, existe o dinheiro digital”, explicou o coordenador da Comissão Negociadora de Segurança Bancária da Contraf-CUT, Jair Alves.
Os trabalhadores reforçaram que o tema dialoga diretamente com a saúde, uma vez que a elevada sensação de insegurança e medo tem impactos na saúde mental das bancárias e bancários.
Os representantes dos bancos justificaram que as portas giratórias causam “constrangimentos” aos que possuem alguma dificuldade de mobilidade. Também afirmaram que as mudanças estruturais do setor reduzem a necessidade de vigilantes e portas giratórias.
Calendário
Julho
25/07 – Saúde e condições de trabalho: combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição
*com informações da Contraf-CUT