Proposta sem aumento real é proposta indecente

Marcos Alvarenga*

No dia 09/08, data de entrega da minuta de reivindicações, os representantes dos bancários salientaram que um dos eixos principais de nossa campanha é o AUMENTO REAL, ou seja, índice de reajuste salarial ACIMA DA INFLAÇÃO! Mas os bancos insistem em desvalorizar e não reconhecer o empenho e dedicação dos bancários. Assim como no ano passado, a FENABAN apresentou, no último dia 29/08, uma proposta de índice salarial ABAIXO da inflação, significando perdas irreversíveis aos trabalhadores.

Além disso, os bancos prometiam uma “proposta global” que iria abranger todas as reivindicações de nossa minuta. Mas, infelizmente, os bancos apresentaram uma contra proposta abrangendo apenas o índice de reajuste e a PLR, ignorando questões, importantes e essenciais, como contratações, fim do assédio moral, igualdade de oportunidades, saúde, segurança e condições de trabalho.

Os bancos apresentaram uma proposta de índice indecente (6,5%), com perda salarial de, aproximadamente, 3%! Para tentar esconder o prejuízo dos bancários, os bancos voltaram com a estratégia do famigerado abono. Mesma estratégia utilizada na década de 90 (época do Governo FHC/PSDB), quando os bancários ficaram 8 anos sem aumento real, chegando a ter perdas acumuladas em torno de 100%.

Essa estratégia da FENABAN também foi colocada em prática na campanha do ano passado. Na época, os bancários e bancárias, de todas as regiões do país, recusaram essa proposta indecorosa, iniciando uma greve que nos garantiu a reposição da inflação e o aumento real. Além de um índice diferenciado para os vales refeição e alimentação (conquistamos o índice de 10% nos salários, PLR e piso e 14% nos vales). “A FENABAN, sabedora da nossa posição diante de uma proposta rebaixada, brinca de forma desrespeitosa e irresponsável ao apresentar uma proposta semelhante a do ano passado, que foi massivamente recusada nas assembleias Brasil afora. Enquanto a FENABAN adotar essa postura, vamos lutar para garantir nossos direitos”, disse o Presidente do SindBancários Petrópolis, Marcos Alvarenga.

O abono sempre será prejudicial ao trabalhador. É melhor transformá-lo num percentual de aumento salarial do que recebê-lo. Sobre o abono ainda incide o Imposto de Renda, mas o pior é que ele não agrega, em nada, poder de compra e valorização salarial a curto, médio e, especialmente, longo prazo.

Tomando como exemplo essa proposta da FENABAN, o abono (sem o desconto do IR), diluído em 12 vezes (1 ano), representaria R$ 250,00 por mês (sendo que esse valor não seria agregado ao salário do bancário e nem incidiria no 13°, férias, INSS, FGTS, PLR e etc.). Além, claro, de serem consumidos em 1 ano (caso alguém usasse a lógica de dividi-lo para somá-lo ao salário mensal).

Nesse caso, seria melhor repôr a inflação integralmente (projetada em 9,57%), porque esses 3% a mais, em relação ao índice proposto pela FENABAN de 6,5%, representariam R$ 120,00 de acréscimo no salário de quem recebe R$ 4.000,00 ou R$ 180,00 para quem recebe R$ 6.000,00. A grande diferença é que esses valores seriam agregados, de fato, aos salários, incidindo em todas às verbas e direitos e acumulando com reajustes salariais futuros.

Como podemos ver, o abono é prejudicial, ainda mais quando a proposta de reajuste fica abaixo da inflação, trazendo perdas salariais que nunca mais serão repostas.

A indicativa e orientação do Comando Nacional dos Bancários e do SindBancários Petrópolis é de REJEIÇÃO da proposta da FENABAN.

 

 

* Marcos Alvarenga é bancário do Banco do Brasil e presidente do Sindicato dos Bancários de Petrópolis