A Caixa Econômica Federal não apresentou nenhuma proposta às reivindicações dos empregados para as questões relacionadas à carreira, jornada de trabalho, Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) e organização do movimento. “Inviável” foi a resposta da empresa a todos os itens apresentados pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, durante a quarta rodada de negociação da pauta específica dos trabalhadores na Campanha 2014, ocorrida nesta sexta-feira (12), em Brasília. As reuniões com o banco estão ocorrendo concomitante às negociações com a Fenaban.
“Esse posicionamento da Caixa frustra mais uma vez os trabalhadores. Nós vamos insistir para buscar o atendimento às nossas reivindicações durante a Campanha Nacional”, destacou Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora o Comando nas negociações com o banco.
Fabiana, que também é diretora de Administração e Finanças da Fenae, atesta: “a Caixa não quer negociar. Nada foi apresentado nas quatro reuniões que tivemos até agora”.
Jornada de seis horas
Os representantes dos trabalhadores cobraram da Caixa o cumprimento da jornada de seis horas e a adoção do login único para evitar fraudes no registro do ponto eletrônico. A estação única adotada pela empresa não impede que o empregado continue trabalhando após o término da jornada.
Os negociadores do banco disseram que o fim das horas extras sistemáticas também é o desejo da Caixa e que a empresa tem envidado esforços para que isso ocorra.
No entanto, segundo o Comando, a realidade nas unidades de todo o país é bem diferente. A sobrecarga de trabalho força os empregados a trabalharem acima da jornada, e eles sofrem pressão para não fazer horas extras ou não registrar corretamente o ponto. Para os representantes dos trabalhadores, a carência de pessoal – problema que a Caixa diz não existir – é um dos fatores que geram toda esta situação.
Além da extrapolação de jornada também há o problema reverso. “Informamos que temos recebido denúncias de registro negativo de horas, que consiste em cumprimento de menos de 6 horas de trabalho em dias de pouco movimento, para compensar nos dias de pico. Esta situação, segundo nos foi informado, é determinada pelos gestores. A Caixa respondeu que não há orientação para essa prática”, relata Luiz Ricardo Maggi, representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.
A coordenadora da CEE/Caixa destacou as condições precárias em que estão trabalhando, por exemplo, os tesoureiros, por conta do excesso de atribuições. As dificuldades desse segmento já foram colocadas em mesas de negociação. A Caixa prometeu soluções, mas não as colocou em prática. “Esta é uma questão que nós esperamos resolver até o fechamento desta campanha”, acrescentou Fabiana. Outro problema que os tesoureiros estão enfrentando é a compensação irregular. “Como estes bancários têm muito trabalho depois que a agência fecha, os gestores das GIRETs – Gerências de Retaguarda estão sugerindo que os tesoureiros tirem duas horas de almoço para não gerar mais que duas horas extras por dia”, denunciou Maggi.
Ainda com relação à jornada, o Comando defendeu o pagamento de horas extras a todos os trabalhadores e o fim da compensação. “Nosso entendimento é de que, se houver necessidade de fazer hora extra, que ela seja paga”, enfatizou Dionísio Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Reestruturação
Também foi feito um questionamento sobre mudanças na Gerência de Programas Sociais – GIPSO. O setor já vem passando por mudanças há algum tempo e vários departamentos já foram remanejados. O novo nome será GIFAB – Gerência do Programa Bolsa Família e Benefícios Sociais e haverá redução do número de unidades, das 13 atuais para 11. A GIPSO Rio já está em processo de transferência de setores para Brasília. “A Caixa informou que está apenas aguardando a publicação da resolução para finalizar o processo. O banco também informou que dará aos funcionários que não se transferirem para Brasília as garantias previstas no Manual Normativo. Mais detalhes serão definidos numa reunião que será marcada para este fim”, informa Maggi.
Carreira
A Caixa voltou a rejeitar a adoção de critérios para descomissionamentos. Os representantes dos trabalhadores criticaram o banco por não deixar claras as regras utilizadas e por tomar a medida de forma unilateral, deixando a cargo do gestor a retirada de função.
Outra proposta recusada pela Caixa é a criação de comitê paritário – integrado por representantes dos empregados e da empresa – para acompanhar o PSI (Processo Seletivo Interno).
Outro ponto cobrado na negociação foi o retorno do incentivo à graduação. Os representantes da empresa alegaram que o programa está suspenso temporariamente para reavaliação e ficaram de apresentar uma posição sobre esse benefício durante a campanha salarial.
O Comando reivindicou também atenção da empresa aos supervisores de canais. Estes trabalhadores são cobrados como gerentes, mas têm remuneração inferior. Além disso, são obrigados a arcar com despesas como combustível e telefone para exercer suas atividades. A Caixa alega que o salário é compatível com as atribuições e solicitou à área responsável a demanda sobre o ressarcimento das despesas.
Foi debatida também a implantação do plano de carreira próprio para os empregados do setor de tecnologia. Em reunião realizada na semana passada, o vice-presidente de Tecnologia da Informação da Caixa, Joaquim Lima, prometeu apresentar na quinta-feira (11) proposta de encarreiramento da TI, o que não aconteceu.
A informação dada aos trabalhadores foi a de que o projeto seria apresentado nesta sexta, na negociação específica da Campanha 2014. Mas a Caixa, mais uma vez, frustrou os empregados da área, ao informar que o assunto será tratado posteriormente, na mesa de negociação permanente.
Organização do movimento
A Caixa também negou as reivindicações relativas à organização do movimento como ampliação à inamovibilidade dos delegados sindicais durante a estabilidade.
Quanto à participação do suplente de representante dos empregados nas reuniões do Conselho de Administração (CA), os negociadores da empresa alegaram que esta decisão compete ao CA.
Mobilização
“Diante da intransigência da Caixa, a melhor resposta dos trabalhadores é a mobilização”, defende Fabiana. Para ela, os avanços na negociação só virão com a participação dos empregados nas reuniões dos sindicatos e locais de trabalho e o envolvimento com a Campanha 2014. “É hora de lutar por nossas reivindicações”.
A coordenadora da CEE/Caixa pediu uma nova reunião com o banco para aprofundar o debate de algumas reivindicações. A data da negociação será definida no início da próxima semana, quando a Fenaban confirmará se vai apresentar uma proposta global à categoria bancária na sexta-feira (19).
Fonte: da Redação, com Contraf-CUT e Fenae