A reunião que aconteceu no último dia 25 entre a direção do BMB e os dirigentes sindicais foi uma novidade, já que o banco dificilmente atendia às solicitações de negociação. Mas a reunião foi pouco produtiva. A notícia boa é que um novo encontro foi marcado para a primeira quinzena de fevereiro. A expectativa dos sindicalistas é de que algumas das demandas apresentadas sejam respondidas neste encontro.
Uma das situações apresentadas pelos sindicalistas diz respeito ao desconto da co-participação do plano de saúde. Bancários de várias bases estão relatando que está sendo feita de uma só vez a cobrança de vários procedimentos, espalhados por muitos meses. Isso faz com que o montante descontado seja muito alto, comprometendo o orçamento doméstico do bancário no mês em que é feito o desconto. O banco alegou que o problema é a demora no repasse da despesa pelos hospitais. Os sindicalistas apresentaram uma proposta de que o montante descontado em cada mês a título de co-participação não passe de 5 % do salário. Caso os valores sejam superiores, que o desconto seja feito em parcelas que não excedam este limite.
Os representantes dos trabalhadores reivindicaram também que o cônjuge e os agregados sejam incluídos no plano de saúde sem custo para o funcionário. O banco já adiantou que isto implicaria em aumento do custo e que atender a este pleito seria inviável.
Sobre o plano odontológico, o banco lavou as mãos. Bancários de várias bases vêm reclamando que os profissionais estão se recusando a realizar alguns procedimentos que são cobertos pelo convênio. Mas a direção do BMB informou que não tem como resolver o problema se limitou receber denúncias e enviá-las à ANS.
Ainda foi discutida a contratação do programa próprio de remuneração variável, que o banco negou. Nos últimos anos, o que tem acontecido é que o banco apresenta a proposta com prazo curto para aprovação, o que impede que os termos sejam negociados. Os bancários apenas têm tempo de realizar assembleias para aprovação. Foi reivindicado que a empresa disponibilize um profissional para apresentar detalhadamente a proposta e esclarecer as dúvidas dos bancários. O banco ficou de apresentar o novo modelo e responder às reivindicações dos trabalhadores na próxima reunião, em fevereiro.
Segurança e contato
Outro problema apresentado pelos sindicalistas foi o abastecimento de numerário dos guichês de autoatendimento. As máquinas do banco são abastecidas pela parte da frente, o que deixa o funcionário vulnerável, já que todo o público que está no hall eletrônico pode vê-lo. Os trabalhadores querem que estes equipamentos sejam substituídos por outros, que sejam abastecidos pela parte de trás.
Veio da base da Federação a denúncia de que o banco está impedindo os bancários de atenderem a ligações telefônicas particulares. Uma central telefônica localizada em Belo Horizonte, sede do banco, atende aos telefonemas feitos para as agências e não transfere aos bancários. O diretor da Federação Edilson Cerqueira, que representou a entidade na reunião, recebeu e comprovou as denúncias. “Eu ouvi a reclamação de vários colegas e um dia, liguei de dentro da agência, pelo celular, e pedi para falar com o funcionário que estava à minha frente. A telefonista perguntou se podia ajudar e, quando eu disse que era só com o trabalhador, ela disse que não podia transferir a ligação para não atrapalhar o trabalho”, relata o dirigente. No entender de Edilson, este impedimento é muito ruim e pode até gerar problemas pessoais graves. Como há uma lei que proíbe o uso de celulares nas dependências bancárias, ninguém pode se comunicar com um bancário que estiver na agência. “Imagina se um funcionário precisar ser informado de um problema com seus filhos, por exemplo?”, pondera Edilson. O banco informou que há, sim, um sistema de atendimento de ligações para facilitar o serviço ao público, mas que a orientação não é esta, e ficou de averiguar.
Vale e PCS
Os sindicalistas denunciaram que tem havido cobranças a maior no desconto do vale-transporte de muitos funcionários e pediu uma solução ao banco. Os representantes da empresa não se mostraram interessados em buscar uma forma negociada de resolver o problema e disseram que todas as pendências serão resolvidas na Justiça Trabalhistas. “A orientação é que os sindicatos ajuízem ações coletivas contra o banco para reivindicar a devolução dos valores cobrados a maior”, recomenda Edilson Cerqueira.
Quanto ao encarreiramento na empresa, a direção adiantou que não tem interesse em definir um PCS. O banco argumenta que somente bancos públicos dispõem deste tipo de plano e que utiliza um programa datado de 1999. “Mas ninguém conhece este PCS e pedimos que o banco apresente os documentos na próxima reunião”, relata Edilson Cerqueira. Quanto à contratação de mais funcionários, outra demanda apresentada pelos sindicalistas, o banco já adiantou que as contratações dependem de demanda das agências.
Para Edilson Cerqueira, a reunião foi uma boa notícia por reabrir o canal de diálogo. “Mesmo não tendo ouvido respostas satisfatórias, saímos do encontro parcialmente satisfeitos, não só porque o banco finalmente concordou em sentar-se à mesa para negociar, mas também porque já temos um novo encontro pré-agendado”, avalia o sindicalista.
Além de Edilson, o diretor do Seeb Campos Paulo Robson também representou a base da Federação na reunião.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES