Dirigentes do Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense denunciam que o Santander está tentando implantar um modelo de atendimento comercial que põe em risco a segurança de funcionários e clientes. Numa agência de Nova Iguaçu foi instalada uma mesa para venda de produtos no hall eletrônico, onde não há vigilantes nem a proteção da porta giratória.
Na agência onde foi flagrado o novo modelo, o funcionário designado é o gerente de pessoa física. O objetivo é abordar os clientes e vender produtos como seguros, investimentos e até empréstimos e financiamentos. “O bancário fica vulnerável, pode ser rendido por um assaltante. E os clientes também ficam à mercê da ação de bandidos, principalmente os que fizerem empréstimos, que ficarão sujeitos a sequestros-relâmpago e saidinhas. Além disso, todos os seus dados pessoais e bancários são informados num local onde não há nenhuma privacidade”, pondera Márcia Cristina de Lima, diretora do sindicato.
Mas a ação sindical foi rápida. “Avisamos à gerência que o banco estava infringindo a lei de segurança bancária e que não poderia manter a mesa e o funcionário ali. A mesa continua, mas o bancário não trabalha mais lá”, relata a dirigente. A atuação rápida do sindicato se espalhou dentro da rede. Numa outra unidade, em São João de Meriti, a mesa foi instalada, mas o serviço não chegou a ser implantado. “Fomos até a agência e informamos que nenhum bancário pode trabalhar no hall eletrônico. Conseguimos intervir antes de começar, mas já sabemos que a agência é considerada piloto e acreditamos que o banco já pode ter designado o funcionário para trabalhar na função”, relata Solange Camilo, que também é dirigente do Seeb-Baixada.
É provável que o novo modelo seja uma tentativa de recuperar negócios perdidos com a orientação de afastar os clientes das agências. Com o estímulo ao uso dos meios eletrônicos e até a triagem do atendimento, recomendando o uso de correspondentes bancários, as oportunidades para abordar clientes e oferecer produtos diminuem. O gerente no hall eletrônico teria mais chances de fechar negócios – e bater metas – abordando os clientes que aguardam para usar os caixas automáticos. “Mas isso não pode ser feito sem nenhuma medida de segurança, deixando bancários e clientes vulneráveis”, protesta Paulo Garcez, diretor da Federação.
Aperto e risco
Outra questão levantada é a dificuldade de circulação de pessoas. Na agência de Nova Iguaçu, onde o mobiliário chegou a ser instalado, o hall eletrônico é pequeno. “Com a mesa ali, não há muito espaço para a circulação das pessoas, nem para a formação de fila. Em dias e horários de maior movimento, os clientes e usuários terão que esperar fora da agência, na rua. Além do desconforto, é uma situação ainda mais arriscada para quem aguarda, já que a ação das quadrilhas de saidinhas é ainda mais fácil”, pondera a sindicalista Márcia Cristina.
Os diretores do sindicato já avisaram aos gerentes da agências que vão intensificar as visitas às unidades para verificar se os bancários serão obrigados a trabalhar no hall eletrônico. Caso isto aconteça, vão interferir com ações sindicais e denunciar o banco à Polícia Federal pela infração à legislação de segurança privada.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES