A Comissão Organizativa dos Empregados (COE) do Santander se reuniu com a direção do banco, na terça-feira (7), para solucionar os problemas gerados pela troca do plano de saúde dos funcionários pelo Santander. Após ouvirem os esclarecimentos sobre a mudança do Bradesco Seguros para SulAmérica Saúde e da Unimed para Uniplan apresentados, os dirigentes sindicais cobraram que não existam quaisquer prejuízos aos trabalhadores.
Com a mudança da operadora, a coparticipação subiu de 20% para 25% em consultas, exames simples, terapias e atendimentos de emergência e, a partir da sétima consulta, essa cobrança vai a 30% sem que haja teto e sendo ainda por dependente. “Para o pessoal da Unimed, a situação é ainda pior, porque não havia nenhum pagamento da co-participação em consultas e exames e, agora, passa a ser obrigatório pagar 25% a 30% do valor”, destaca Paulo Garcez, diretor da Fetraf-RJ/ES e integrante da COE.
“Como o banco se recusou a atender nossa reivindicação de que os percentuais de coparticipação não sofressem aumento, cobramos que ao menos os atendimentos emergenciais não entrem nessa contagem. Além disso, reivindicamos esclarecimentos sobre quais exames são considerados simples. O banco ficou de estudar a proposta”, relatou a coordenadora da COE, Maria Rosani. O percentual de 25% se aplica a até 6 consultas e exames anuais. A partir do sétimo atendimento, o percentual sobe para 30%. “Este número é muito baixo e a maioria dos médicos pede vários exames. Um ginecologista, por exemplo, além da consulta e do exame preventivo, costuma pedir mamografia, ultrassonografia, exames de sangue. Numa única ida ao médico a bancária já estoura o limite de seis procedimentos”, destaca Garcez.
Sobre atendimentos em psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, o Santander esclareceu que a coparticipação será mantida sempre em 25%.
Outra queixa dos bancários abordada na reunião diz respeito aos níveis dos novos planos. Muitos funcionários que tinham planos de nível superior, por opção própria, foram realocados conforme seu cargo e salário e não têm a opção de fazer o upgrade do seu plano mesmo se quiserem pagar mais por isso. O banco esclareceu que somente é permitido o upgrade do nível Master 1 (internação em enfermaria) para o Master 2 (internação em apartamento) e que só foram enquadrados como Master 1 os funcionários que assim optaram. “Cobramos que a migração seja disponibilizada em todos os níveis de planos e para todos. Isso garantirá a isonomia de direitos”, disse Rosani. Esta questão é particularmente séria em regiões em que a rede de atendimento não atende às necessidades. “Pessoas com necessidade de serviços especiais que são oferecidos por poucos prestadores correm o risco de ficar sem assistência por problemas de credenciamento e que haviam sido resolvidos com o upgrade”, critica Marcos Vicente, diretor do Seeb-Rio e integrante da COE.
Já os funcionários contratados a partir de 1º de março deste ano foram enquadrados no plano de saúde conforme seu cargo e salário, mas a cobrança da mensalidade é feita pela faixa etária. “Somos totalmente contrários. A medida é discriminatória em relação às pessoas de mais idade, que dependem mais do plano de saúde. Reivindicamos o fim deste critério”, destacou a coordenadora da COE. O pior é que, com o tempo, os bancários mais antigos vão custar mais que os novos para o banco, porque não será possível cobrar por faixa etária, já que se trata de direito adquirido. “O banco pode passar a usar o critério do custo do plano de saúde para justificar demissões de bancários que já estavam na empresa antes da mudança, principalmente aqueles com mais idade”, destaca Paulo Garcez.
Rede encolheu
No caso do Rio de Janeiro a questão da rede credenciada é especialmente difícil para os bancários que passaram da Bradesco Saúde para a Sulamérica. Hospitais e laboratórios importantes, que oferecem uma variedade imensa de serviços e especialidades, não estão mais disponíveis. “Temos casos de gestantes que estavam fazendo pré-natal não poderão mais fazer seu parto com o médico que as atendia, porque o profissional atua numa maternidade que não faz parte da rede da Sulamérica. Também há clínicas de cardiologia que continuam atendendo para consultas, mas não são mais credenciadas para exames, nem mesmo eletrocardiograma, que é rotina do atendimento. Isto interrompe tratamentos e leva insegurança aos funcionários”, destaca Marcos Vicente.
O Santander esclareceu que todos os casos envolvendo tratamento de doenças crônicas, gestantes com mais de 24 semanas de gestação, recém-nascidos, e trabalhadores afastados – que o médico ou serviço não esteja incluído na rede credenciada da nova operadora – serão analisados individualmente.
“Reivindicamos que nestes casos, incluídas doenças do trabalho, não seja cobrada coparticipação. Além disso, esperamos que o banco de fato solucione, caso a caso, a situação de pessoas que, por exemplo, não têm mais o seu médico incluído na rede credenciada”, enfatizou Rosani.
Valores inviáveis
Para os aposentados e os desligados que optaram por manter o plano por dois anos, a situação é ainda pior. “Se, para eles, o valor já era mais alto que para os funcionários da ativa, com a mudança o custo é ainda maior. E há também o problema do rebaixamento do plano, mesmo para quem tinha feito o upgrade. Sem contar a questão da redução da rede credenciada com a migração da Bradesco Saúde para a Sulamérica. A tabela de valores que foi informada aos desligados no momento da rescisão não vai ser mantida. Já estamos recebendo reclamações sobre estes problemas”, critica Marcos Vicente.
O aumento do custo e a redução da rede podem levar muitos bancários a abrir mão do plano de saúde, sobretudo os aposentados, que já pagavam valores muito altos. Com o desmonte do SUS e a intenção do governo federal de criar planos de saúde populares, os trabalhadores vão ficar em situação precária. “A rede pública já não dá conta de atender à toda a população. Com a crise, mais trabalhadores deixam de pagar por planos privados e os hospitais públicos já tiveram aumento da demanda. Os bancários do Santander que não puderem mais arcar com os custos dos planos novos estarão sujeitos à precariedade da saúde pública”, alerta Marcos Vicente.
Pouca informação, muitas dúvidas
“O Santander enfatizou que nada mudou e que não houve prejuízos aos trabalhadores. Porém a rede credenciada mudou e, em inúmeros casos, foi reduzida significativamente. Portanto, cobramos na reunião a ampliação em 30 dias, a partir de 7 de março, do prazo para indicações de médicos, hospitais e outros serviços para as redes da Sul América e Uniplan. É fundamental que seja mantida, ou ampliada, a rede credenciada que os funcionários do Santander tinham acesso antes da troca de operadora”, concluiu a coordenadora da COE.
Além das mudanças significativas, o movimento sindical critica o Santander pela falta de transparência e escassez de informações. Nem mesmo durante a reunião alguns questionamentos colocados pelos sindicalistas foram respondidos. “Os bancários devem ficar atentos às mudanças e buscar resolver suas questões especificas junto ao RH. Se o banco não der nenhuma resposta satisfatória num prazo razoável, devem procurar seus sindicatos”, alerta Paulo Garcez.
Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT e Seeb SP