Santander promove engajamento de empregados enquanto continua a demitir

As demissões no Santander no município do Rio de Janeiro já estão em torno de 100 somente neste trimestre, mas o banco continua realizando ações para promover o engajamento dos funcionários. Com motes como “Orgulho em Pertencer” e “Cultura de Servir” e muitos recursos de marketing interno, os bancários estão sendo levados a acreditar que fazem parte de uma família unida e vencedora. Apesar das metas cada dia mais agressivas, os empregados não sentem que estão sendo massacrados, mas acreditam que estão participando de um esforço coletivo de “superação” que vai levar a empresa ao sucesso.

A última ação do banco foi promover a “Semana Somos Santander”, que teve como ponto alto a organização de uma galeria de fotografias que os bancários foram estimulados a fazer com seus colegas nos locais de trabalho. Através de vários canais internos de comunicação, os bancários foram instruídos a usar vermelho nesta sexta-feira e, às 10h, se reunir em equipe para demonstrar seu engajamento com a cultura corporativa do Santander. Foi realizada uma competição de jingles, produzidos pelos próprios funcionários. Ao final da semana, um espetáculo teatral cômico, com o tema Cultura de Servir, com plateia e transmitido ao vivo na intranet e no aplicativo de comunicação interna, o Santander Now. Até a presidente mundial do banco, Ana Botin, participou da semana de eventos, participando do evento Santander Talk, ao vivo. “O jeito Disney de Encantar” foi o tema de outra palestra realizada durante a semana.

Mas toda este engajamento não demostra o que está, de fato, acontecendo. As pressões continuam e o banco passou a usar uma pesquisa de satisfação dos clientes para medir a qualidade do atendimento e penalizar as equipes que não tiverem bons resultados. Tanto nas agências, quanto no call center, o sistema de avaliação NPS está servindo para intensificar as cobranças e justificar demissões. Só no call center no Rio, já se fala em 150 dispensas em função do resultado alcançado pelas equipes de teleatendimento.

Com um lucro de R$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre do ano – 54% maior que no mesmo período de 2017 – a operação brasileira do Santander tem as mais altas taxas de empréstimos bancários do grupo – 20 vezes maiores que as cobradas em outros países onde o banco atua. Com altíssimo índice de rotatividade de mão de obra – o que permite trocar um empregado “caro” por um “mais barato” – a economia de custos permite o crescimento do banco. O estímulo agressivo para que os clientes usem os canais não presenciais de atendimento está fazendo minguar o número de funcionários, enquanto o lucro atinge recordes.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES