Santander: sindicalistas discutem problemas regionais e nacionais com CRT

    Foto: Jailton Garcia – Seeb São Paulo
Em reunião ocorrida na tarde desta quarta-feira (27) do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), a Contraf-CUT, federações e sindicatos criticaram as mudanças unilaterais no plano de saúde dos funcionários e aposentados, à exceção da Cabesp, e cobraram alterações do banco para preservar os direitos dos trabalhadores. Houve também discussões sobre demissões, homologações por prepostos terceirizados e metas para caixas, dentre outros assuntos.


 


“Mais uma vez, os bancários saíram frustrados da negociação, pois o Santander não trouxe avanços. Precisamos intensificar a mobilização em todo país para que o banco atenda as reivindicações dos trabalhadores e respeite o Brasil e os brasileiros”, avalia o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.


 


Emprego


 


Nesta quinta-feira (28), às 17 horas, representantes das entidades sindicais e Afubesp se reúnem com o vice-presidente sênior do Santander, responsável pela área de recursos humanos, para discutir os problemas de emprego.


 


“Vamos reivindicar o fim das demissões, da rotatividade e das terceirizações, bem como mais contratações de funcionários, a fim de melhorar as condições de trabalho, evitar o adoecimento de funcionários e buscar atendimento de qualidade aos clientes”, destaca o dirigente sindical. “Não é à toa que o banco voltou a ser campeão em outubro no ranking de reclamações de clientes no BC num ano em que ocupou essa incômoda liderança por sete meses consecutivos”, acrescenta.


 


Alterações nos planos de saúde


 


O banco vai alterar a forma de cobrança dos planos de saúde, à exceção da Cabesp. Atualmente os valores são definidos com base na faixa salarial. A partir de janeiro de 2014, as contribuições serão calculadas com base na faixa etária. Essas alterações unilaterais encarecerão os planos para os funcionários na ativa e praticamente inviabilizarão a manutenção do convênio para os aposentados.


 


De acordo com a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa, o movimento sindical quer que o banco interrompa a implantação dessa mudança arbitrária até que haja discussão sobre o tema com os representantes dos trabalhadores. O banco agendou uma reunião específica sobre o assunto para a próxima quarta-feira, dia 4 de dezembro, às 16 horas.


 


“Considerando que os trabalhadores fazem parte do contrato, e para que a negociação esteja no mesmo nível para todos, reivindicamos que o banco forneça a cópia do contrato e dos estudos atuariais que determinaram os valores a serem cobrados”, propôs Rita.


 


Metas para caixas


 


Um dos maiores problemas enfrentados pelos funcionários das agências é a cobrança por metas. Após muitos anos de pressão dos dirigentes sindicais, o Santander divulgou em julho um comunicado para toda a rede de agências orientando que o caixa não pode ser cobrado pelo cumprimento de metas de venda de produtos.


 


> Clique aqui para ler o comunicado do banco sobre as atividades dos caixas.


 


No entanto, os sindicatos continuam recebendo inúmeras denúncias, indicando que continua a cobrança de metas para caixas. “Reivindicamos que o banco comunique novamente a rede de agências e dê ciência ao comunicado sob a forma de assinatura de gestores e caixas, a fim de que todos tomem conhecimento da orientação”, defendeu Ademir.


 


O banco se comprometeu a reforçar a orientação, sendo que a forma desse reforço será informada para as entidades sindicais até o dia 6 de dezembro.


 


Rita pede aos funcionários que denunciem aos sindicatos se as cobranças de metas persistirem após a nova divulgação do comunicado. “O banco reafirmou que o acordo tem de ser cumprido. Se há um comunicado proibindo a cobrança por metas e ele não está sendo cumprido, isso mostra que há leniência por parte de alguém do banco, e nós exigimos que se apurem as responsabilidades”, destaca.


 


Falta de higiene


 


Para reduzir ainda mais os custos, o banco diminuiu até os gastos com serviços de limpeza, o que leva muitas agências a atenderem os clientes em péssimas condições de higiene. O movimento sindical deixou claro que as agências, que estiverem funcionando sem as devidas condições de limpeza e higiene, serão fechadas e o problema será denunciado aos clientes e à população.


 


“É injustificável que o banco pague milhões de reais por ano para um punhado de altos executivos, enquanto corta despesas sob forma de demissões e precarização da limpeza nas agências”, aponta a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Maria Rosani.


 


Esta economia tem feito os trabalhadores de limpeza atuarem em duas agências por dia, sendo metade do expediente em cada uma. Além da sobrecarga de trabalho, isto cria situações complicadas também para os bancários. Em Petrópolis, o gerente administrativo de uma agência no centro da cidade se viu obrigado a fazer uma limpeza de emergência. “Uma criança que acompanhava a mãe sentiu-se mal e acabou vomitando. A funcionária da faxina já tinha saído e era necessário que o local tivesse condições mínimas de higiene para funcionar. Foi preciso que o bancário limpasse. Sem falar que, como a agência é grande e o tempo é curto, a trabalhadora da faxina não consegue limpar direito, ela faz um grande esforço para deixar o local em condições apenas aceitáveis”, relatou à reportagem da Fetraf-RJ/ES o diretor do Seeb-Petrópolis Alexandre Martins Eiras.


 


Homologação por prepostos terceirizados


 


O Santander insiste em seguir terceirizando as homologações nos sindicatos, exceto São Paulo e Rio de Janeiro, dentre outros. Ao invés de enviar um funcionário, como vinha fazendo até abril deste ano em todo país, o banco passou a contratar advogados como prepostos, certamente por causa da falta de trabalhadores nas agências diante de tantas demissões.


 


“Não aceitamos a terceirização das homologações, pois a admissão e o desligamento são atividades-fim das empresas”, alerta o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia, Adelmo Andrade.


 


Acordo para call center


 


Os funcionários dos call center do Santander, em São Paulo e no Rio de Janeiro, sofrem com os desrespeitos às pausas de descanso previstas na legislação. O banco ficou de apresentar uma contraproposta às reivindicações dos trabalhadores até o dia 6 de dezembro. Na mesma data, ocorrerá reunião entre os dois sindicatos e o banco para tratar do assunto.


 


Um dos problemas relativos às pausas tem a ver com a tentativa do banco de fazer duas coisas valerem por uma, fazendo o bancário ir ao banheiro no momento enquanto está em seu horário de pausa “A ida ao banheiro tem que ser livre e a pausa prevista  na legislação, para evitar LER/DORT, tem que ser respeitada. As duas medidas visam à preservação da saúde do trabalhador”, argumenta Paulo Garcez, representante da Fetraf-RJ/ES no CRT.


 


Garcez também levou à reunião questões relativas ao acesso dos dirigentes sindicais às dependências onde funciona o atendimento remoto do banco. Uma reivindicação local importante do Rio de Janeiro que foi apresentada pelo dirigente foi a questão da segurança. O call center foi transferido para outro local, que fica numa área com alta ocorrência de assaltos e onde não há o mesmo padrão de policiamento ou de segurança privada que havia no prédio antigo. Em razão disso, vários funcionários já foram assaltados, apesar do curto período de funcionamento do serviço no novo edifício.


 


Corte do adicional de periculosidade


 


Os dirigentes sindicais denunciaram ainda que o banco cortou em novembro o pagamento de adicional de periculosidade de funcionários lotados em agências e postos, como nas instalações da Petrobras, alegando que possui laudo técnico para tanto.


A Contraf-CUT fará um levantamento junto aos sindicatos para identificar todas as unidades atingidas e orientar a emissão de laudos técnicos sobre o assunto, buscando retomar o pagamento. “É inaceitável que o Santander queira economizar retirando direitos dos funcionários”, protesta Garcez.


Uma das unidades onde o adicional foi cortado é o PAB que ao lado da caldeira de uma fábrica de tintas em São Gonçalo, base do Seeb-Niterói. Sem que nenhuma mudança fosse feita no posto, o banco alegou que um novo laudo técnico negou a existência de risco. (Saiba mais aqui)   


 


SantanderPrevi


 


Ao final, os representantes dos trabalhadores cobraram a retomada do grupo de trabalho, previsto no acordo aditivo à convenção coletiva, sobre o processo eleitoral do SantandePrevi. Os bancários querem democratizar as eleições com regras transparentes. O prazo estabelecido já venceu e nenhuma proposta foi apresentada pelo banco.


 


Também foi reivindicada a retomada do Fórum de Saúde e Condições de Trabalho, igualmente previsto no acordo aditivo.


 


O banco ficou de apresentar datas para essas reuniões até o dia 6 de dezembro.

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT e Seeb São Paulo