O gerente da agência Charles de Gaulle do Santander, no Centro do Rio, criou uma forma alternativa de fazer os empregados baterem as metas de vendas de produtos. Está sorteando um forno de micro-ondas para os bancários que convencerem clientes a cadastrar internet banking, débito automático, poupança programada ou aceitarem fazer parcelamento de fatura, seguros, previdência privada e planos de capitalização.
Interpelado por dirigentes sindicais em visita à unidade, o gerente geral foi irônico e perguntou aos sindicalistas se o problema era o tipo de prêmio. “Não importa o que seja oferecido. O que não está certo é o banco criar mais uma forma de fazer os bancários baterem metas que são cada vez mais abusivas”, critica Luiza Mendes, funcionária do Santander e diretora da Federação. “E sabemos também que, apesar da atitude irônica e quase desrespeitosa conosco, não é este gestor ou qualquer outro que tem estas ideias. Isso vem de superintendência e até de mais acima”, acrescenta a dirigente.
Segundo informações do gestor, o micro-ondas seria sorteado somente entre os clientes que contratassem os serviços, mas os bancários reivindicaram a chance de participar do sorteio também. “Até entendemos a postura dos funcionários. Já que eles é que vão ter que fazer todo o esforço para vender os produtos, é justo que possam ter alguma recompensa. Mas esta acaba sendo uma forma de fazer os empregados trabalharem mais e mais para atingir metas que já são muito altas”, pondera Luiza Mendes.
O pior é que este tipo de “ferramenta motivacional” é ilusória e ainda pode trazer mais problemas para os empregados do banco. “Alguns bancários sequer percebem que estimular os clientes a usarem menos os serviços das agências pode acabar levando à diminuição dos postos de trabalho. Eles estão trabalhando contra si próprios”, destaca Paulo de Tarso Ferreira, diretor da Fetraf-RJ/ES e funcionário do banco. “Além disso, este é o tipo de premiação que é difícil de conseguir, porque é por sorteio. É como aquela história do burrinho correndo atrás de uma cenoura que o cavaleiro pendurou na ponta de uma vara”, compara o sindicalista.