A bancária Rita de Cássia Santos Bodolati foi reintegrada no Itaú no último dia 04 depois de uma longa espera. Ela foi demitida em abril de 2014, mas só procurou o Sindicato dos Bancários de Três Rios mais de um ano depois e seu processo foi aberto em agosto de 2015. Finalmente, dois anos depois da demissão, o juiz da 1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí deu antecipação de tutela determinando sua reintegração.
O caso de Rita de Cássia é atípico. Ela tem deficiência física de fala e foi contratada pelo extinto Banerj em abril de 1984. Sua demissão por justa causa aconteceu trinta anos depois, em 2015. Assim que procurou o sindicato, o departamento jurídico da entidade se pôs a trabalhar por sua reintegração e abriu o processo alegando que o banco não pode demitir pessoa com deficiência a menos que o substituto também seja deficiente.
O juiz não deu liminar de reintegração imediatamente por entender que era preciso apreciar o mérito do processo, ou seja, o motivo alegado para questionar a demissão. O banco chegou a justificar a dispensa da bancária argumentando que não há previsão para estabilidade de trabalhador com deficiência, mas o julgador entendeu que, não sendo cumprida a exigência quanto à substituição, o trabalhador não pode ser dispensado. Com a comprovação de que o banco não observou este detalhe da legislação, o juiz concedeu a antecipação de tutela.
A bancária deve receber todos os salários e benefícios que deixaram de ser pagos nestes dois anos de afastamento e ainda uma indenização referente à festa de 30 anos de casa. O Itaú tem por hábito convidar para uma festa em São Paulo os funcionários que completem três décadas de trabalho na empresa. Rita, que completou este tempo de serviço pouco antes da dispensa, não foi convidada. Mas o pagamento destes valores será feito somente quando foi expedida a sentença, ao fim do processo. Por enquanto, a decisão judicial serve apenas para que ela retorne ao seu cargo de Assistente Operacional de Suporte.
Para Nilton Damião Esperança, presidente da Fetraf-RJ/ES, a atitude do banco demonstra desrespeito e descaso para com os trabalhadores com deficiência. “Mais uma vez conseguimos reverter uma injustiça feita aos bancários. Não podemos desistir de brigar por nossos direitos e fazer com que os banqueiros nos respeitem como trabalhadores e como seres humanos”, pondera o dirigente.