Sindicalistas da base avaliam 15ª Conferência Nacional dos Bancários


Os dirigentes da Federação participaram ativamente das discussões da 15ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada entre os dias 19 e 21 de julho, em São Paulo. Foram três dias de palestras e grupos de trabalho que resultaram na minuta de reivindicações. A luta contra o PL 4330 também mereceu atenção dos bancários, que definiram como prioritária a mobilização para derrubar o projeto.


Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação, ficou satisfeito com o trabalho realizado. “Foi uma conferência de alto nível. Passamos três dias discutindo, com muita responsabilidade, problemas que atingem não só os bancários, mas os trabalhadores brasileiros em geral. Todas as forças políticas puderam participar, com total liberdade, das discussões realizadas. A pauta elaborada durante a conferência será entregue à Fenaban no dia 30 de julho. Vamos intensificar a luta contra o assédio moral, por melhores condições de trabalho, a discussão sobre metas, o combate à rotatividade e outras medidas inaceitáveis que os banqueiros adotam e que prejudicam a categoria”, avalia Nilton.


Antes de ser entregue à Fenaban, a minuta de reivindicações dos bancários precisa ser aprovada em assembleias realizadas até a véspera, dia 29.


Propostas inovadoras e inovações preocupantes


Os trabalhos foram divididos em quatro grupos de trabalho, com eixos temáticos que abrangem todas as principais questões: remuneração; emprego; reestruturação produtiva; e condições de trabalho. Antes dos grupos se reunirem, sindicalistas, lideranças políticas, ativistas e professores apresentaram palestras para informar e esclarecer as dúvidas dos delegados sobre os temas a serem debatidos nos grupos.


Para o presidente do sindicato de Nova Friburgo, Max Bezerra, participar do grupo de Remuneração foi uma boa experiência. Ele destacou duas propostas novas e de grande importância: o aumento do auxílio funeral e o fim do desconto do vale-transporte. O primeiro assunto é simples: o auxílio funeral é baixo. “Não se enterra ninguém com o valor que está na CCT. É preciso que a quantia seja realista, principalmente numa profissão como a nossa, onde há tantos riscos de assalto e sequestros”, pondera Max.


Outra questão que surgiu no grupo não podia ser mais atual: o fim do desconto do vale-transporte. “A proposta passou por consenso no grupo, não precisou seguir para a plenária. Esse é o momento de reivindicar o fim do desconto, a proposta está alinhada com a reivindicação do passe livre que tomou as ruas de todo o país”, avalia o dirigente.


Segundo Júlio Cesar Pessoa de Sales, diretor do Seeb-Niterói, o tema mais discutido no grupo sobre Reestruturação Produtiva foi a terceirização. Os debates passaram pelo PL 4330 e pelos correspondentes bancários. Os dirigentes se mostraram apreensivos com a possibilidade da terceirização ser universalizada tanto pelo PL quanto pelas normativas do Bacen que autorizam o funcionamento e ampliação dos correspondentes. “Eles acaba sendo uma porta de entrada para terceirizar o resto”, entende o sindicalista.


Júlio ficou satisfeito com a discussão sobre terceirização, mas percebe que outro assunto ficou em segundo plano: o mobile payment, sistema de pagamentos via celular que pode atingir em cheio os bancos – e, por tabela, os bancários. “Escolhi trabalhar neste grupo porque ele reúne várias discussões interessantes, que tratam de mudanças que podem acontecer em breve e que vão atingir a categoria. As mudanças tecnológicas, por exemplo, ainda são novidade para muitas pessoas e o tema ainda precisa ser mais discutido. Precisamos debater mais e nos informar, para evitar que sejamos pegos de surpresa por uma mudança desta magnitude”, alerta.


Mais empregos, melhores condições


Paulo Roberto Garcez, diretor da Federação que participou da discussão sobre Emprego, considera que as demissões, o PL 4330 e os correspondentes bancários são os temas que merecem mais atenção dos trabalhadores. “A terceirização que o PL 4330 propõe vai acabar com nossa categoria. O Banco Central, com suas normativas para ampliar a atuação dos correspondentes bancários, está atuando como legislador, o que não é seu papel. E, pior, está legislando em questões trabalhistas. Já os bancos estão simplesmente cortando postos de trabalho. No Itaú tivemos 14 mil. No Santander, está em curso uma reestruturação que já cortou pelo menos 2.700 empregos, segundo dados de homologações informadas pelos sindicatos filiados à Contraf”, destaca Garcez.


Como a preocupação é comum, os debates transcorreram com tranquilidade. “O grupo não teve polêmica, porque os temas são todos importantes e alarmantes. Ninguém é contra a luta para derrubar o PL 4330, nem contra medidas de proteção ao emprego. As decisões foram para a plenária final e passaram para a minuta sem muitas divergências. Os bancários estão unidos no esforço para derrubar a terceirização, reduzir a rotatividade e impedir o corte de postos de trabalho”, relata o dirigente.


Suez Santiago, diretor da Fetraf-RJ/ES, participou do grupo que discutiu Condições de Trabalho e gostou do resultado dos trabalho. “Sempre há polêmicas, mas os temas são debatidos com profundidade e resolvidos de forma democrática”, analisa. O dirigente destaca, entre as discussões realizadas pelo grupo, a preocupação com os aposentados. “A legislação determina que, com a aposentadoria, o trabalhador que quiser manter o plano passe a pagar a parte do empregador. Mas há alguns bancos em que o bancário não paga mensalmente e, portanto não teria direito ao plano depois de se aposentar. O que aprovamos no grupo, e que passou para a minuta, é que o plano de saúde do aposentado continue como era enquanto estava na ativa”, esclarece o dirigente. O sindicalista sabe que a luta por este benefício é difícil, mas considera importante a inclusão da cláusula. “Se os bancos vão conceder ou não, é outro problema. Mas não podemos deixar de fora da nossa minuta de reivindicações”, defende.


Prontos para a luta


Nilton Damião Esperança considerou ótima a participação dos sindicalistas fluminenses e capixabas. “Parabenizo os representantes dos 13 sindicatos filiados e também os diretores da Fetraf-RJ/ES que, durante três dias, marcaram presença nas discussões, demonstrando responsabilidade, respeito e compromisso com a base”, comentou o dirigente.


O calendário da Campanha Nacional dos Bancários prossegue com atividades já marcadas. A entrega da minuta à Fenaban acontece já nesta terça-feira, dia 30. Estão incluídas também atividades contra o PL 4330 e pela pauta geral dos trabalhadores. Confira, abaixo, a agenda já definida.
























Até 29/07 Realização de assembléias para aprovar a pauta
definida na 15ª Conferência
30/07 Entrega da pauta de reivindicações à Fenaban
06/08 Dia Nacional de Luta contra o PL 4330
12 e 13/08 Mobilizações em Brasília para convencer os
parlamentares a rejeitarem o PL 4330
22/08 Dia Nacional de Luta dos Bancários, com
passeatas no final do dia
28/08 Dia do Bancário, com atos de comemoração
e de mobilização
30/08 Greve de 24 horas, em defesa da pauta geral dos
trabalhadores apresentada ao governo e ao Congresso
Nacional apresentada pela CUT e demais centrais

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES