Sindicato dos Bancários/ES faz ação contra as metas e em favor da saúde de bancários

O Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, filiado à Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), percorreu as agências do Centro de Vitória, na manhã desta última terça-feira, 23 de maio, dialogando com bancários e clientes sobre as condições de trabalho nos bancos e sobre como o modelo de gestão tem adoecido a categoria.

A ação fez parte da Campanha Menos Metas, Mais Saúde, promovida nacionalmente pelo movimento bancário, e dessa vez se concentrou nos bancos públicos – Banestes, Caixa e Banco do Brasil.

“Percorremos mais algumas agências no Espírito Santo para chamar a categoria bancária e os trabalhadores em geral para mudar essa situação de precarização do trabalho e de adoecimento decorrentes da cultura de metas. O trabalho deve ser sempre promessa de vida. Precisamos coletivamente mudar essa situação e recolocar a saúde em primeiro lugar”, lembra o diretor da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Ronan Teixeira.

A Campanha Menos Metas, Mais Saúde chama a atenção para a necessidade de mudar o modelo de organização do trabalho bancário — um modelo baseado na cobrança abusiva de metas, associadas principalmente à venda de produtos (seguros, previdência privada, cartões, etc.). Além de serem muitas vezes inatingíveis, as metas causam uma pressão que atravessa toda a estrutura organizacional dos bancos, culminando em práticas de assédio moral que geram adoecimento físico e mental nos diversos níveis hierárquicos.

Dados apresentados pela Contraf revelam como os casos de adoecimento aumentaram na categoria. Nos últimos 5 anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores. Nos afastamentos Acidentários (B91) as doenças mentais e comportamentais saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%.

“Não podemos normalizar a quantidade de bancários que trabalha com base em calmantes e medicamentos para dormir. Conversamos com os bancários sobre essa realidade e pedimos que ficassem atentos à própria saúde, porque o trabalho não pode ser motivo de esgotamento físico e psicológico. Também lembramos que é preciso ter um olhar de cuidado com o outro. Se há um colega em sofrimento, passando por uma situação de assédio moral, de perseguição no trabalho, por exemplo, todos devem denunciar”, disse a diretora do Sindicato Cláudia Patrícia, bancária do Banco do Brasil.

Cláudia lembra ainda que o Sindicato dispõe de um canal de denúncias on-line onde o empregado pode relatar anonimamente qualquer situação de assédio moral ou outra violação de direitos. As denúncias são essenciais para que o Sindicato atue no combate ao assédio nos bancos.

Veja outros sobre adoecimento da categoria

Apesar de representar 1% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária representa 24% dos afastamentos acidentários (B91) por doenças mentais e comportamentais no país. Em 2012, esse percentual era de 12%.

  • Em 2020, a incidência de acidentes de trabalho nos bancos múltiplos com carteira comercial foi de 12,8 para cada mil vínculos, enquanto a média geral da economia foi de 10,8 acidentes por cada mil vínculos

  • O índice de doenças ocupacionais por cada mil vínculos nos bancos múltiplos com carteira comercial foi de 6,43 em 2020, sendo que na média geral da economia o indicador é de 0,74 por mil vínculos;

  • Entre 2013 e 2020 a média de afastamentos na categoria bancária foi de 20.192/ano;

  • Nos últimos 5 anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores;

  • A categoria bancária tem peso de menos de 1% no emprego formal no Brasil, mas tem peso de 3% nos afastamentos acidentários (B91). Essa proporção já foi bem menor: era de 1,7% em 2013;

  • Nos afastamentos Previdenciários (B31), as doenças mentais eram de 23% em 2012 e saltaram para 36% em 2021;

  • Nos afastamentos Acidentários (B91) as doenças mentais e comportamentais saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%

  • No 1º semestre de 2022, 44,1% dos desligamentos na categoria foram a pedido, enquanto na economia como um todo esse percentual foi de 33,6%. Uma das hipóteses para esse comportamento é o esgotamento dos trabalhadores por conta de pressões com metas abusivas.

Fonte: Sindicato dos Bancários/ES

Fotos: Sérgio Cardoso