As negociações permanentes entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e as empresas do setor rendem frutos que vão além da campanha salarial. Um dos temas das discussões é a terceirização, que vem sendo alvo de ações do sindicato. Neste mês de julho o SMABC conquistou um acordo que prevê a desterceirização do setor de logística da Ford, com contratação de 268 dos trabalhadores terceirizados, reconvocação de 57 funcionários que estavam em lay-off e realocação de 153 empregados de outras áreas que estavam como excedentes.
Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM-CUT e diretor do SMABC, explica que a estratégia é simples: “O sindicato tem procurado encarecer a terceirização. Organizamos os terceirizados e acabamos ajudando a construir acordos salariais bons, que colocam o salário e os benefícios muito próximos aos que são pagos aos metalúrgicos contratados. Aí, a terceirização não dá o retorno esperado pela empresa e, como existe também o problema da insegurança jurídica, deixa de ser interessante terceirizar”, esclarece Cayres.
A desterceirização da logística da Ford faz parte de um acordo que vinha sendo costurado há um ano e terá validade até março de 2017. Até esta data a empresa garante estabilidade aos trabalhadores.
Mas cobertura jornalística do assunto pela grande mídia descarta o aspecto de organização sindical que sustenta o acordo. Algumas matérias chegam a dizer que a Ford está “na contramão do projeto de lei que tramita no Congresso” e colocam a desterceirização como uma decisão de gestão tomada pela direção da empresa. “É importante destacar que foram os trabalhadores, em assembleia, que aprovaram este acordo. Nós negociamos, mas foram os peões que decidiram aceitar o acordo, e foi por unanimidade”, acrescenta Paulo Cayres.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES