Os sindicatos da base do Rio de Janeiro e Espírito Santo tiveram intensa participação na greve geral do último dia 28. Além de fechar agências bancárias em toda a base, os dirigentes se uniram a sindicalistas de outras categorias e a ativistas de movimentos sociais nas mobilizações e atos públicos. Ao contrário do que a mídia hegemônica mostrou, a greve geral foi um sucesso, com trabalhadores demonstrando ao governo golpista que repudiam as reformas da previdência e trabalhista e a terceirização.
Em Angra dos Reis a greve se concentrou no município-sede, mas agências do Banco do Brasil e da Caixa ficaram fechadas em Itaguaí, Paraty e Seropédica. Os vigilantes foram fundamentais para que as agências ficassem totalmente fechadas, inclusive sem a presença de gerentes gerais e operacionais. Conscientes dos ataques à classe trabalhadora impostos pelo governo federal, os bancários não insistiram em entrar para trabalhar. Diversas categorias do município que compõe a Frente Ampla Sindical também fizeram a greve, como os sindicatos ligados a área portuária (arrumadores, estivadores, portuários, etc…), rodoviários, professores da rede pública e privada e eletricitários do complexo da Eletronuclear. A rodovia Rio-Santos foi bloqueada em diversos pontos. Houve um ato ao meio-dia na Praça da Igreja Matriz e vários ônibus foram fretados para levar militantes ao centro do Rio de Janeiro para fortalacer o ato público convocado pelas Centrais Sindicais.
Na Baixada Fluminense o foco principal da greve dos bancários foi nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, com fechamento de todas as agências do centro. Houve articulação dos bancários com outras categorias, principalmente professores e empregados da construção civil. Em Nova Iguaçu houve uma tentativa de fechamento do comércio.
Em Campos, a ação conjunta do movimento sindical e social começou na madrugada, com bloqueio das principais rodovias de acesso ao município. Os bancários fecharam agências em todos os municípios da extensa base, que inclui oito municípios. Por pressão de superintendentes, algumas agências dos municípios mais distantes foram abertas já no final do expediente bancário e permaneceram em funcionamento por menos de uma hora. O transporte público funcionou precariamente e as aulas foram suspensas na rede pública. Entre as escolas particulares, poucas funcionaram normalmente. Além dos bancários, comerciários, metalúrgicos, rodoviários, petroleiros, professores da rede pública, servidores municipais, trabalhadores em saneamento, servidores e professores da Faetec, movimento estudantil e MST organizaram a paralisação. Um grande ato público organizado pela CUT e outras centrais ocupou o calçadão do centro de Campos.
No Espírito santo, a Grande Vitória parou. Muito pouco das atividades rotineiras da região funcionou nesse dia. No interior do estado várias cidades também contaram com manifestações, com sindicalistas e ativistas sociais bloqueando estradas, servidores públicos paralisando suas atividades e dialogando com a população, como aconteceu em Aracruz, São Mateus, Linhares, entre outros municípios.
O Sindicato dos Bancários de Itaperuna fechou 23 agências, sendo 100% de todas as unidades do município-sede e de Bom Jesus do Itabapoana, Natividade e Porciúncula. Foram suspensas atividades em todos os grandes bancos: BB, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander.
Em Macaé as agências do centro ficaram fechadas durante todo o dia. A movimentação grevista foi intensa, com piquetes fortes nas saídas das garagens dos ônibus, e o transporte público não funcionou durante toda a manhã. As ações foram realizadas conjuntamente por bancários, petroleiros, professores das redes pública e privada, movimento estudantil e MST.
Em Nova Friburgo todas as agências do município-sede ficaram fechadas o dia todo e, nas demais bases, unidades do BB também não funcionaram. Às 10h houve um ato de coleta de assinaturas no centro, organizado pelo Fórum de Resistência. Ao final, foram encaminhadas cerca de 70 mil assinaturas – sendo 54 mil virtuais – ao deputado federal friburguense Glauber Braga (PSol). À tarde, uma passeata percorreu as principais vias do centro, partindo da Praça Demerval Barbosa Moreira e seguiu até a rodoviária. Houve ação conjunta dos bancários com metalúrgicos, trabalhadores da indústria têxtil, da indústria de vestuário, professores das redes pública e privada, movimento estudantil e das principais associações de moradores do município.
Em Niterói, além da paralisação de cerca de 190 agências no município-sede, São Gonçalo, Cabo Frio e unidades da Caixa no restante da base, os bancários participaram ativamente da mobilização conjunta do movimento sindical. A ação mais importante foi a paralisação do serviço de barcas, com interdição do terminal Arariboia das 5 da manhã até 10:30. A Avenida do Contorno, que liga São Gonçalo a Niterói, e a ponte Rio-Niterói ficaram fechadas por cerca de uma hora a partir das 7h. Com estas paralisações o fluxo de passageiros para o Rio de Janeiro foi severamente prejudicado durante toda a manhã, na maior paralisação da história recente. Houve colaboração entre bancários, vigilantes, metalúrgicos, professores das redes pública e privada, servidores e professores da UFF, trabalhadores da Cedae, eletricitários, sindicatários, trabalhadores em asseio e conservação, o movimento SOS Emprego, o movimento estudantil – secundarista e universitário e o MTST.
Em Petrópolis, a mobilização começou com piquetes nas empresas de ônibus, organizados por sindicalistas de diversas categorias. Foi impedida a circulação dos Corujões, os ônibus que circulam na madrugada e fazem o transporte dos rodoviários até seus locais de trabalho. Nenhum ônibus circulou até por volta das 10:30 e só perto do meio-dia houve transporte público no centro. O comércio e os serviços funcionaram precariamente. O turismo de compras, nas imediações da Rua Teresa, funcionou somente à tarde, mas com movimento fraco. As agências bancárias de Petrópolis ficaram fechadas durante todo o dia, com participação conjunta dos bancários e vigilantes, inclusive a maior agência do BB no estado. Os colégios públicos ficaram fechados e somente parte dos particulares funcionou. As universidades também não tiveram aulas o dia todo. Além de bancários e vigilantes, todas as categorias do movimento sindical petropolitano, o movimento estudantil, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, movimentos de juventude e religiosos participaram de um grande ato no final da tarde. A concentração foi às 17h na Praça da Inconfidência e seguiu até a Praça D. Pedro II. Foi a maior mobilização grevista e um dos maiores atos públicos da história da cidade.
No Rio de Janeiro os bancários fecharam as agências do centro e das regiões do Meier, Tijuca, Madureira, Leopoldina e Zona Oeste, num total de cerca de 300 unidades totalmente paralisadas. Houve paralisação dos centros administrativos Sedan, do Banco do Brasil; Almirante Barroso, da Caixa Econômica Federal; Call Center do Santander; Bradesco da Pio X e o antigo Realzão, também do Santander. Diversas categorias como portuários, metalúrgicos, petroleiros, aeronautas, aeroviários, servidores públicos das três esferas, professores das redes pública e privada, e moedeiros, entre outras, participaram da mobilização. O movimento estudantil e o MTST também estiveram presentes, bem como as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Os dois aeroportos ficaram fechados, os transportes coletivos não circularam durante toda a manhã e muitas escolas particulares grandes e tradicionais ficaram fechadas. As ruas do centro da cidade ficaram desertas até o meio da tarde. Com a greve forte e abrangente, o governo do estado reagiu e enviou a polícia para impedir a realização do ato público marcado para as 17h. A repressão e a perseguição aos manifestantes começou na Alerj, onde servidores públicos estaduais e estudantes da UERJ protestavam contra o não pagamento dos salários e o sucateamento da universidade. Já na Cinelândia PM disparou balas de borracha e jogou bombas nos manifestantes, não poupando sequer parlamentares – vereadores, deputados estaduais e federais – que participavam da manifestação. Ativistas foram perseguidos até a Lapa, onde a repressão continuou. Bombas foram atiradas do alto de prédios e até dentro de bares, portarias de prédios e estações do metrô.
No Sul Fluminense a greve dos bancários se concentrou nos municípios de Barra Mansa e Volta Redonda, onde houve a paralisação das atividades da Companhia Siderúrgica Nacional. Os sindic
alistas interditaram rodovias e houve paralisação das atividades de diversas categorias em toda a região.
Em Três Rios houve um ato no centro com a participação de cerca de duas mil pessoas, que percorreram o principal cinturão do centro comercial da cidade, saindo do Calçadão Prefeito Walter Francklin e finalizando na Praça da Autonomia. Agências bancárias de toda a base ficaram paralisadas durante todo o dia.