Bancários de todo o país escolheram o último dia útil de fevereiro para fazer um protesto contra a abertura de capital da Caixa. Único banco federal de varejo totalmente público – e o maior da América Latina – a Caixa tem sido alvo de boatos de que o governo federal estaria disposto a negociar 25 % do patrimônio em ações lançadas no mercado.
A Caixa completou 154 anos em janeiro último e sempre se caracterizou como banco 100 % público e com foco no social. Desde as poupanças dos escravos para compra da alforria até programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, a empresa sempre esteve presente na vida da população mais pobre. Principal financiadora da habitação, depositária do FGTS e pagadora do seguro-desemprego, a Caixa sempre foi o braço bancário do governo federal, realizando todos os pagamentos de benefícios sociais e subsidiando o crescimento do país.
Os boatos de que a Caixa poderia ter seu capital aberto mobilizaram os empregados da Caixa, que têm se empenhado em alertar a sociedade sobre os riscos da privatização de parte do banco. “A Caixa precisa dar lucro, como qualquer banco, mas este não pode ser o objetivo principal. Os serviços prestados à população são a razão de ser da Caixa desde a fundação e tem que continuar sendo assim. Que banco de mercado vai se interessar em pagar Bolsa Família, Seguro-Desemprego, oferecer financiamento imobiliário a juros baixos para famílias de baixa renda?”, questiona Nilton Damião Esperança, presidente da Fetraf-RJ/ES. Outro aspecto importante é a ascendência do poder público sobre o banco prestador. Alguns dos serviços até poderiam interessar a bancos privados, mas é um risco muito grande para o governo entregar alguns de seus programas sociais a uma empresa que não seja pública.
Na base da Fetraf-RJ/ES, sindicalistas bancários estiveram nos locais de trabalho realizando manifestações para mobilizar os funcionários e sensibilizar a população. No Rio de Janeiro o ato foi em frente ao prédio administrativo da Caixa no Estado, conhecido como Barrosão. A adesão dos empregados foi massiva, demonstrando que o funcionalismo está preocupado com a possibilidade do banco se tornar uma empresa de economia mista. A manifestação contou com a presença de parlamentares: a deputada federal Benedita da Silva (PT), o deputado federal Alessandro Molon (PT) e o vereador Reimont (PT).
Dirigentes dos sindicatos de Petrópolis, Sul Fluminense, Teresópolis e Três Rios percorreram as agências da base, distribuindo panfletos e conversando com bancários e população. Os sindicalistas destacaram os riscos da abertura de capital e a importância da Caixa para os trabalhadores e para a população menos favorecida. Em Três Rios, onde a base é extensa, foram necessários três dias – 25, 26 e 27 – para visitar todas as agências e fazer o trabalho de mobilizar os trabalhadores do banco e os cidadãos.
Virtual
Além das manifestações nas agências, a orientação enviada pela Comissão de Empresa, Fenae e Contraf-CUT foi de que os dirigentes fizessem fotos com o cartaz da campanha “Eu defendo a Caixa 100 % pública” e postassem nas redes sociais com a #acaixaédopovo. Em todo o país sindicatos colheram imagens e espalharam em seus perfis no Facebook e no Twitter. A mobilização virtual vai continuar nos próximos dias.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES