SindJor realiza plenária para discutir violência contra jornalistas

O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro realiza nesta quinta-feira, às 19:30, uma plenária para discutir a violência contra jornalistas e a relação entre os profissionais de imprensa e grupos de ativistas. A iniciativa do sindicato vem em resposta a críticas recebidas depois que a entidade cedeu seu auditório para a realização de uma coletiva com ativistas e seus familiares. A plenária será realizada na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, na Avenida Erasmo Braga 115, 4º andar.

Alguns setores da categoria consideraram uma afronta a realização da coletiva na sede da entidade e começaram um movimento questionando as atitudes e posições da direção da entidade aos atos de violência praticados contra jornalistas. “Em resposta, publicamos notas informando que o sindicato apenas cedeu o espaço. A entrevista foi convocada por entidades como o Grupo Tortura Nunca Mais e a Justiça Global”, informa Olyntho Contente, diretor do SindJor. Mas os ataques não cessaram.

Além das divergências políticas entre a própria categoria – a eleição de 2013 foi muito disputada, com quatro chapas – há questões externas. A direção tem enfrentado o patronato e pressionado por melhorias salariais, pela inclusão do piso salarial na Convenção Coletiva e por melhores condições de trabalho. O sindicato também tem questionado as empresas sobre horas-extras não pagas, assédio moral, falta de segurança, acúmulo e desvio de função e diversos outros abusos cometidos pelos empregadores. A campanha salarial de 2014 foi longa, difícil e marcada por uma intensa pressão dos patrões pela aceitação de um acordo rebaixado.

Agora, as empresas estão usando as divergências políticas para gerar um racha entre os profissionais de imprensa. Os patrões estão colocando os empregados contra sua própria entidade representativa com o objetivo de enfraquecer a luta sindical – e, a reboque, toda a categoria jornalística. “O sindicato chegou a receber 70 cartas de oposição à contribuição assistencial, entregues por motoboys pagos pelos patrões. E houve denúncias de que os jornalistas que são favoráveis à direção da entidade estão sendo pressionados por seus empregadores a não manifestarem sua posição”, informa Olyntho.

A direção do sindicato destaca que é importante a ampla participação da categoria na plenária desta quinta-feira. “Mantemos a posição de abertura ao diálogo, queremos continuar discutindo com os profissionais a segurança nas coberturas. Quanto mais jornalistas comparecerem, melhor”, convida o sindicalista.

Veja, abaixo, o documento publicado pela direção do SindJor em resposta às críticas recebidas:


 

Carta aos Jornalistas



Nós, jornalistas do Município do Rio de Janeiro, temos o desafio de compreender as causas e as soluções possíveis para que haja um basta na violência que atinge a nossa categoria. A diretoria do Sindicato repudia todo e qualquer tipo de agressão, seja por parte de manifestantes ou de agentes do Estado. Agredir jornalista é um grave atentado à democracia. Sempre com a participação da categoria nos debates e deliberações, a nossa gestão, desde o início do mandato, tem pautado prioritariamente a segurança dos jornalistas no exercício livre da profissão.



Entre outras ações, realizamos audiências públicas, atos, elaboração e entrega do relatório de casos de violência a ministros de Estado e outras autoridades; denúncias internacionais; e ações no Ministério Público do Trabalho (MPT), que notificou as empresas a cumprir 16 recomendações de segurança. Essa atuação firme, por meio de fiscalização, denúncias e ações na Justiça dos precários salários, condições de trabalho e de segurança dos jornalistas, tem incomodado os nossos empregadores.



Na última quinta-feira (24/7), aconteceu mais um episódio de violência a jornalistas, durante a libertação de ativistas. O Grupo Tortura Nunca Mais e a ONG Justiça Global haviam reservado para a sexta-feira (25/7) o auditório para realização de uma coletiva de imprensa com os pais dos presos. Com a agressão da véspera, a direção do Sindicato decidiu propor que a atividade se transformasse num espaço de diálogo entre manifestantes e jornalistas, buscando evitar novas agressões e reafirmar a importância do papel do jornalista na sociedade.



Durante a coletiva, houve perguntas sobre a violência de manifestantes contra jornalistas. Pais e manifestantes se queixaram das notícias sobre as manifestações e prisões, que, segundo eles, tem criminalizado os ativistas. Em certo momento, parte dos manifestantes presentes entoou as palavras de ordem que costumam usar nas ruas: “Presos políticos, liberdade já, lutar não é crime, vocês vão nos pagar”, um protesto contra a opressão do Estado. Tanto jornalistas quanto a presidente do Sindicato, Paula Máiran, argumentaram imediatamente que nada justifica as agressões.



Os jornalistas permaneceram no Sindicato até a hora que cada equipe considerou adequada. Em momento algum, houve expulsão ou agressão a qualquer profissional. Pelo contrário, a direção garantiu que o clima de respeito e civilidade prevalecesse durante a atividade. Apesar de diversas notícias terem retratado a coletiva do modo como aconteceu, fomos surpreendidos por algumas que deturparam os fatos, como pode comprovar qualquer gravação da coletiva apresentada na íntegra. Houve forte reação da categoria.



Nossa carta reafirma o compromisso do Sindicato de agir sempre em defesa dos interesses individuais e coletivos da nossa categoria e convida os colegas para participar de plenária para o esclarecimento de dúvidas e sobre a violência que nos atinge. Será na próxima quinta-feira (7/8), às 19:30 horas, na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Av. Erasmo Braga 115, 4º andar). Vamos juntos construir uma ampla campanha em defesa dos jornalistas e das garantias para o livre exercício profissional a serviço da sociedade.

Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES