CAIXA: Trabalhadores cobram mais diálogo e menos intransigência

A Contraf/CUT, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e o Comando Nacional dos Bancários exigiram da Caixa Econômica Federal mais diálogo e menos intransigência nas negociações com os trabalhadores. A cobrança foi feita durante a terceira reunião específica da campanha salarial, nesta sexta-feira (11), em Brasília (DF), quando os negociadores da empresa voltaram a apresentar inúmeras negativas às reivindicações, como isonomia, fim do GDP e abono dos dias de paralisação em defesa da Caixa 100% Pública e contra do Projeto de Lei da terceirização e reversão dos reflexos na carreira. As alegações são as mesmas dos encontros anteriores: respaldo por dispositivo legal ou limitação de recursos.

“O comportamento da Caixa na mesa de negociação é preocupante. Em três reuniões, a empresa tem demonstrado muita intransigência. O que temos recebido são sucessivos ‘nãos’, gerando praticamente um impasse. Precisamos dar outro viés a nossas negociações e mais disposição para o diálogo”, apelou Genésio Cardoso, integrante da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba. “O banco ainda não apresentou nenhum avanço. A mobilização da categoria é fundamental para a ampliação dos nossos direitos e mais conquistas. No dia 18, também vamos reforçar as manifestações”, ressaltou Fabiana Uehara Proscholdt, representante da Contraf/CUT na Comissão.

O Comando Nacional dos Bancários orientou as federações e os sindicatos a realizarem manifestações e atividades lúdicas nos dias de negociações, com objetivo de chamar a atenção da população sobre os temas da campanha e pressionar os bancos para que atendam às reivindicações dos trabalhadores.

Isonomia

No debate sobre isonomia, a Caixa recusou a extensão da licença-prêmio e do anuênio (ATS) para todos os admitidos a partir de 1998. Os interlocutores do banco alegaram que a proposta é inviável por conta do elevado custo. Os membros da CEE/Caixa discordaram da argumentação da empresa, solicitaram o estudo que foi realizado em 2013, e lembraram que a não extensão desses benefícios gera uma divisão dentro da própria empresa. “São duas categorias de empregados. Fazem o mesmo trabalho e não tem os mesmos direitos”, alertou Genésio Cardoso.

O representante da Fetraf-RJ/ES esclarece que os sindicatos chegaram a fazer uma proposta para resolver o problema do anuênio, semelhante à solução dada para a carreira profissional, que reúne os engenheiros, advogados e médicos da empresa. Este segmento teve incorporação do ATS para os salários futuros e recebeu uma indenização pelo período passado. “Na prática, pouca diferença faria para a Caixa, porque boa parte do pessoal que tem função gratificada recebe um adicional, o CTVA. Com a incorporação do anuênio, o valor total da remuneração seria o mesmo, mas esta parcela de complementação seria reduzida. O que está acontecendo, hoje, é que a Caixa privilegia os funcionários da carreira profissional, em detrimento dos bancários, que são empregados ligados às atividades-fim da Caixa”, pondera o dirigente.

Foram reivindicados ainda outros itens em relação a isonomia: o fim da discriminação dos empregados do REG/ Replan não-saldado; manutenção das gratificações dos empregados envolvidos em processos de apuração sumária, até que seja dado direito à ampla defesa; e revisão da Estrutura Salarial Unificada e Plano de Cargos e Salários da carreira administrativa com valorização salarial, entre outros.

Organização do Movimento

A Caixa não aceitou abonar os dias de paralisação realizados pelos trabalhadores em 27 de fevereiro, em defesa da Caixa 100% Pública, e nos dias 15 de abril e 29 de maio, contra o Projeto de Lei que escancara a terceirização, bem como a reversão dos reflexos na carreira. Para os membros da CEE/Caixa, a medida é uma forma de retaliar a mobilização dos trabalhadores.

“As paralisações foram manifestações legítimas dos empregados para evitar a abertura de capital do banco e lutar contra um PL que ameaça os direitos da classe trabalhadora”, disse Genésio Cardoso. Os trabalhadores sugeriram um acordo para compensação das horas descontadas. A empresa ficou de analisar a reivindicação. “Parece que a Caixa quer deixar esta discussão para depois de fechado o acordo da Fenaban, para usar estas reivindicações como moeda de troca ou para fazer o papel de generosa na negociação”, especula Luiz Ricardo Maggi.

Ainda, sobre o tema organização do movimento, o banco recusou a liberação dos delegados sindicais e representantes de entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, cursos, seminários, congressos e plenárias, quando solicitado pelos sindicatos; estabilidade e inamovibilidade para os delegados sindicais suplentes; e a manutenção da função para todos os integrantes da CIPA, delegados sindicais e dirigentes sindicais pelo mesmo tempo de estabilidade e da inamovibilidade. Segundo a CEE/Caixa, as entidades têm dificuldades de conseguir as liberações dos dirigentes. A empresa alegou que o pleito é uma interferência na gestão e não pode ser acatado. “A Caixa insiste em deixar esta liberação por conta dos gestores, mas esta questão é complicada, porque muitos gerentes temem ser repreendidos por liberar funcionários para atividades sindicais”, pondera Maggi. “Há também a situação da escassez de funcionários, que impede que os gestores possam abrir mão de funcionários. Mesmo com o cuidado que o movimento sindical toma de não marcar estas atividades em dias de muito movimento, a situação fica difícil principalmente nas agências com dotação reduzida”, destaca o sindicalista.

Carreira

Na negociação desta sexta-feira, teve início o debate sobre apenas um ponto da minuta específica relacionado à carreira: Gestão de Desempenho de Pessoas. Os trabalhadores reivindicam o fim do GDP. E a resposta da Caixa foi a mesma das reuniões anteriores: o programa será mantido e a empresa pretende ampliá-lo até 2016. “Somos contra o GDP e temos reforçado porque somos contra”, destacou Fabiana Uehara.

A representante da Contraf-CUT contestou também sistemas de rankeamento no banco. Segundo ela, circulam informações de que a Caixa vai lançar um canal de acompanhamento individual de vendas, a ser utilizado nas avaliações do GDP. As representações dos trabalhadores são contra a individualização das metas, porque esta medida causa o acirramento da competição entre os empregados que, entre outros problemas, agrava o adoecimento da categoria. O rankeamento fere, inclusive, o que está acordado no CCT.

Como não foi possível esgotar toda a pauta sobre carreira e nem debater as questões relativas ao Saúde Caixa, ficou definido que a próxima negociação, agendada para sexta-feira da próxima semana, 18 de setembro, que será das 9 às 18h. “É lamentável que, depois de três rodadas, a Caixa mantenha a intransigência e a má vontade para atender às nossas reivindicações. A impressão que dá é que a Caixa trata nossas reivindicações com um certo pouco caso. A categoria precisa se mobilizar para que o banco trate nossas reivindicações com seriedade”, convoca Maggi.

Esclarecimentos

Indagada sobre o intervalo de 15 minutos para mulheres, os interlocutores da Caixa informaram que o banco está cumprindo o que está previsto no artigo 384 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Segundo a legislação, para fazer hora extra as trabalhadoras devem realizar esta pausa antes de iniciar a prorrogação do período de trabalho. A CEE/Caixa vai solicitar que as federações e os sindicatos debatam esse tema em suas bases.

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Fenae