Na capital federal – e sede nacional da Caixa – os trabalhadores lotéricos têm recebido o apoio dos bancários na sua luta por melhores salários. Não há entidade sindical de base que represente estes trabalhadores e os acordos coletivos têm sido assinados com a Fetracom-DF, a Federação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços. Mas o Sindicato dos Bancários está à frente da organização da categoria há alguns anos, tendo já participado ativamente de negociações bem sucedidas. A CUT estadual também se senta à mesa da negociação.
Desde o início da década, o Sindicato dos Bancários vem fazendo uma intensa campanha de sindicalização com os trabalhadores lotéricos e organizou eventos voltados especificamente para este segmento. Foram seminários, cursos de formação e até um congresso, onde foram definidas as reivindicações. A CCT assinada em 2012 foi a melhor já conquistada por estres trabalhadores, trazendo aumento real, criação de grupos de trabalho para temas específicos, melhoria na verba de quebra de caixa e a instituição do direito a defesa quando houvesse diferença de caixa.
Por conta deste trabalho, o sindicato já teve 500 lotéricos associados, pagando em dia através de boleto bancário. “Também prestamos assessoria jurídica, quando necessário”, explica o advogado Paulo Roberto Alves da Silva, do escritório LBS, que presta serviço para o Seeb-DF. A postura do sindicato é não deixar os trabalhadores sem assistência, mesmo que não possa representá-los oficialmente.
A representação de fato não se torna de direito porque o Sindiloterias, sindicato patronal, não quer nem pensar em negociar com a entidade bancária. Mas, no grupo dos concessionários de lotéricas, não há consenso quanto a esta questão. “Temos muitas lotéricas na região que são praticamente familiares, o proprietário trabalha com a esposa, filhos, parentes e só um ou dois empregados. Estes querem a representação dos bancários, até porque poderíamos fazer pressão sobre a Caixa em questões que os beneficiariam também. Quem não quer são os empresários que têm várias concessões, e são eles que dominam o sindicato patronal”, relata Rodrigo Brito, presidente da CUT-DF, que estava à frente do Seeb quando começou a aproximação com os lotéricos.
Apesar de concordar com a representação pela Fetracom, o Sindiloterias já tentou aliciar empregados lotéricos para fundarem um sindicato. “Os patrões querem criar a entidade e colocar na direção os gerentes e supervisores que são ligados a eles. E tem até concessionário que diz que também é trabalhador e que poderia fazer parte deste sindicato. Outras centrais sindicais também já tentaram criar a entidade específica. Mas isto acabou nunca acontecendo, porque a CUT sempre esteve por perto, diretamente e também através do Seeb e da própria Fetracom, que é cutista. O trabalhador lotérico de Brasília reconhece a CUT e suas instâncias como entidades fortes e comprometidas com a classe trabalhadora”, relata Brito.
Para que a representação do Seeb-DF seja sacramentada, é preciso que a entidade faça uma reforma estatutária e inclua os lotéricos e empregados de correspondentes bancários entre as categorias abrangidas. “Mas isto ainda não foi feito porque estamos procurando a melhor forma de representar os lotéricos para garantir avanços. Pode ser que a criação de um sindicato específico seja mais vantajosa, e isto seria feito no âmbito da CUT. Ainda estamos analisando e, enquanto isso, os bancários seguem prestando auxílio e assessoria aos trabalhadores”, esclarece o presidente da central em Brasília.
Fonte: Da Redação – Fetraf-RJ/ES