Vagner Freitas: “O impeachment só retira direitos”

Cerca de 20 mil pessoas percorreram em passeata as principais ruas do centro do Rio de Janeiro no fim da tarde desta terça-feira, dia 08, em defesa do desenvolvimento do país, contra o impeachment da presidenta Dilma Roussef e a favor da cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A marcha começou no final da Av. Presidente Vargas, seguiu pela Avenida Rio Branco e terminou na Cinelândia, onde um show com baluartes do samba encerrou o ato, “Sambando na cara do golpe”.

O ato foi promovido pelas centrais sindicais e contou com a participação de representantes de sindicatos de vários estados e de muitos municípios fluminenses. Estiveram presentes também representantes dos trabalhadores rurais e dos movimentos sociais. Também participaram da manifestação representantes do movimento dos estudantes secundaristas, que estão protagonizando uma importante luta contra os desmandos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e seu projeto de fechamento de escolas públicas.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a crise política que tomou conta do Brasil traz um grande risco para a classe trabalhadora. “Para os trabalhadores e trabalhadoras o impeachment representa só uma coisa: a retirada de todos os seus direitos. É o fim da carteira assinada e da CLT, é o projeto de terceirização que acaba com todos os direitos dos empregos formais. Quem defende o impeachment da Dilma, todos, são defensores da retirada dos direitos dos trabalhadores. São os que acham que o salário mínimo está muito alto, que salários baixos controlam a inflação, que tem que escravizar os trabalhadores e trabalhadoras. Entendam isso: o impeachment só retira direitos”, avalia Vagner. O presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, destaca que a pauta dos trabalhadores é muito diversa desta que tem sido defendida por setores da direita: “Precisamos avançar nos investimentos. Esta é a pauta dos trabalhadores, que estamos construindo. Não podemos deixar que aqueles que perderam a eleição e querem fazer um terceiro turno pautem os trabalhadores. Nossa pauta é emprego e investimento. Impeachment é choro de perdedor”, destaca o sindicalista.

A crise provocada pela carta enviada pelo vice-presidente, Michel Temer, à presidenta Dilma Roussef também foi comentada pelos dirigentes sindicais. “Na minha avaliação, o vice-presidente, quando envia uma carta como aquela à presidenta, demonstra claramente que não tem compromisso com a manutenção do Estado democrático de Direito, nem com a própria chapa na qual ele foi eleito. Esta atitude traz instabilidade ao país, que não precisa disso neste momento”, critica Vagner Freitas. “A agenda do Brasil não é o impeachment; é o crescimento econômico, o desenvolvimento, a mudança da política econômica, a geração de emprego e renda”, reafirma o presidente da CUT.

Marcelo Rodrigues vai além e destaca que a rusga entre os gabinetes não é problema dos trabalhadores. “Para nós esta carta não significa nada; não gera, nem tira um só emprego. Os problemas internos do Planalto têm que ser discutidos entre o vice-presidente e a presidenta e não podem interferir com a pauta dos trabalhadores”, ressalta Marcelo. Mas o dirigente destaca que até mesmo esta atitude só é possível porque o país, hoje, goza de uma liberdade duramente conquistada. “O vice-presidente é livre para discutir o que ele quiser, e viva a democracia! Imagina se um vice-presidente mandasse uma carta como aquela para o presidente (João) Figueiredo, por exemplo?”, destaca o sindicalista.

Dirigentes de vários sindicatos da base da Fetraf-RJ/ES participaram do ato: Baixada Fluminense, Niterói, Petrópolis, Rio de Janeiro e Sul Fluminense. A Diretoria Executiva da Federação também marchou, contando, ainda, com dirigentes que são da base do Espírito Santo. “Esta crise política é fruto da disputa de classes. De um lado temos parlamentares que representam a elite, os empresários, os banqueiros. E do outro estão os trabalhadores, que lutam pela garantia dos direitos e da democracia. Este ato demonstra que não aceitamos que o Brasil sofra mais um golpe de estado”, avalia Rubens Branquinho, diretor da Fetraf-RJ/ES.

 

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES