A mulher

Joana Almeida *
 


Aproximamo-nos de mais um 8 de março e permanece em pauta a luta das mulheres pela igualdade no trabalho, na vida e na sociedade. Apesar da causa centenária, permanece o desafio de garantir a superação na desigualdade salarial, do preconceito racial, da repressão à escolha sexual e de condições efetivas de equidade.


 


Evidências trazidas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012 mostraram que 38 % dos arranjos familiares tinham como pessoa de referência as mulheres, quando, em 2002, o percentual foi 28 % , o que demonstra o crescimento da presença da mulher no mercado de trabalho. Contudo, a pesquisa aponta que o rendimento médio das mulheres ocupadas é cerca de 38 % inferior ao dos homens, permanecendo evidente a disparidade salarial, mesmo em sua maioria, ambos assumindo a mesma função.


 


Fato que ainda nos deixa perplexos é o alto índice de violência. Conforme o Mapa da Violência 2012, no Brasil uma mulher é assassinada a cada duas horas. A Lei Maria da Penha, que tem profunda relevância nessa luta, por si só não responde a necessidade de ações preventivas, de atendimento e acompanhamento adequado às vitimas. Não podemos esmorecer na exigência por políticas especificas de combate à violência contra as mulheres, seja ela doméstica, urbana, moral ou sexual, além da conscientização pelo respeito à dignidade da pessoa independente do sexo.


 


Seguramente as mudanças sociais, culturais e políticas pelas quais passamos nas últimas décadas, como a eleição da presidenta Dilma, tem demonstrado que nossa luta não tem sido vã. O esforço em galgar degraus no mundo do trabalho tem referendado nosso potencial para ocuparmos qualquer espaço de poder com competência. Fato que não nos exime dos papeis de mãe, esposa, dona de casa, e mesmo isso gerando a jornada tripla, por vezes quádrupla, ainda há espaço para o esmero na aparência, qualificação através do estudo e para tantas outras incumbências do dia-a-dia.


 


É com passos fortes e sem titubear, que as mulheres cada vez mais se organizam e encontram razões para superação dos desafios postos. O mês de março traz simbolicamente uma oportunidade para aprofundarmos reflexões rumo a novas conquistas. É com esse espírito que as diversas organizações de mulheres saem unificadas às ruas dia oito, com concentração às 8h na Praça da Bandeira, por ampliação de direitos. A luta não é fácil, mas tem que acontecer.


 
* Joana Almeida é Presidenta da CUT-CE


Artigo publicado originalmente no Jornal “O povo” do dia 06/03

Fonte: Joana Almeida