Categorias
Artigos Destaque

ARTIGO – “Aumento da Selic não pode impactar trabalhadores e economia do país”, por Nilton Esperança

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 10,5% para 10,75%. Embora o ajuste de 0,25 ponto percentual estivesse dentro das expectativas do mercado financeiro, ele representa um desafio significativo para o governo e a população, já que o aumento dos juros tende a elevar os custos da dívida pública, penalizando as finanças públicas e o desenvolvimento social e econômico do país.

A justificativa do Banco Central baseou-se na piora das expectativas de inflação e na valorização do dólar. No entanto, especialistas apontam que, apesar de a inflação estar controlada (como indicam os dados do IPCA), a alta da Selic beneficia principalmente os grandes investidores e o sistema financeiro, que lucram com títulos públicos e especulações financeiras. Ao mesmo tempo, o impacto negativo é sentido pela população em geral, através de aumento no custo de vida e redução das oportunidades de emprego, já que a alta nos juros encarece o crédito para empresas.

Além disso, a decisão do Banco Central ocorre em um cenário em que crises climáticas, como secas e enchentes, estão influenciando o preço dos alimentos e da energia. Porém, economistas argumentam que a Selic não é uma ferramenta eficaz para combater esse tipo de inflação, de origem sazonal e estrutural.

Por fim, o aumento da Selic também torna o Brasil mais atraente para especuladores internacionais, que buscam lucros em mercados com taxas de juros mais altas, sem gerar benefícios reais e para a economia produtiva. Esse movimento de capitais favorece investidores, mas prejudica a criação de empregos e o crescimento sustentável do país.

Categorias
Artigos Destaque

Impacto dos Juros Altos e a Necessidade de Políticas Desenvolvimentistas – Por Nilton Esperança

Os juros altos representam um desafio significativo para os trabalhadores e a economia nacional. Dificultam o acesso ao crédito, essencial para emergências ou investimentos, e impactam negativamente a economia, com menor geração de empregos e possíveis demissões. Empresas reduzem investimentos e contratações devido aos altos custos de financiamento, resultando em instabilidade no mercado de trabalho.

Em contrapartida, a redução dos juros pode impulsionar o desenvolvimento econômico, promovendo crescimento sustentável e melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores. Políticas desenvolvimentistas, focadas na queda dos juros, podem facilitar o acesso ao crédito, estimular o consumo e os investimentos, e aumentar a competitividade das empresas. Com juros mais baixos, as empresas têm melhores condições para expandir suas operações, criar novos postos de trabalho e investir em inovação.

A implementação de políticas de redução de juros também fortalece o mercado interno, aumentando o poder de compra da população e promovendo o crescimento econômico inclusivo. É crucial que os formuladores de políticas reconheçam a importância de uma taxa de juros mais baixa para o bem-estar dos trabalhadores e o desenvolvimento da nação.

Em resumo, os juros altos tornam a vida financeira dos trabalhadores mais difícil, limitando suas opções de crédito e afetando o mercado de trabalho de forma geral. A adoção de políticas desenvolvimentistas, com foco na redução dos juros, é essencial para promover uma economia robusta e sustentável, beneficiando tanto os trabalhadores quanto a nação como um todo.

Nilton Esperança (Presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES)

Categorias
Artigos Últimas Notícias

ARTIGO – “PL 1904 viola a Constituição”, por Nilton Esperança

A Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES) expressa sua profunda preocupação com os recentes movimentos legislativos que buscam atacar direitos fundamentais das mulheres e da classe trabalhadora.

A aprovação da urgência para o Projeto de Lei que equipara o aborto ao homicídio e impõe um limite de 22 semanas para o procedimento, mesmo nos casos já autorizados por lei, causou uma reação negativa por parte da sociedade civil. Manifestantes tomaram as ruas e as redes sociais para se opor a essa medida, demonstrando a indignação popular diante de um projeto que penaliza, de maneira desproporcional, as mulheres, especialmente em casos de violência sexual.

Embora a maior parte da bancada evangélica na Câmara tenha sentido o impacto dessa reação, e recuado temporariamente, adiando a votação para o final do ano, após as eleições municipais, o perigo não está afastado. O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, indicaram que o projeto não avançará sobre os casos de aborto já permitidos pela lei. No entanto, a realidade mostra que parlamentares extremistas continuam a pressionar por essa agenda retrógrada, como evidenciado pelo debate convocado pelo senador Eduardo Girão, abertamente contra o aborto.

Nosso compromisso é com a defesa dos direitos humanos e com a promoção da justiça social. Repudiamos qualquer tentativa de retroceder nas conquistas de direitos fundamentais. Reforçamos nossa solidariedade a todas as mulheres e a todos os trabalhadores que lutam contra essa ofensiva ultraconservadora.

Contamos com o apoio e a mobilização de todos para resistirmos a esses ataques e garantirmos um futuro mais justo e igualitário para nossa sociedade.

Atenciosamente,

Nilton Esperança – Presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES)

Categorias
Artigos Destaque Notícias da Federação

“Todo o apoio aos nossos povos originários!” – por Nilton Esperança

Jamais imaginei que veria, em pleno século XXI, no ano de 2023, em um país como o nosso, seres humanos sendo resgatados pelo Ministério da Saúde em estado grave de desnutrição e malária. Principalmente, crianças e idosos. 

A crise humanitária dos Ianomâmis, além de inadmissível, é criminosa. E seus responsáveis devem ser identificados e punidos pelos crimes que cometeram contra esses brasileiros. 

Está claro que houve falta de empenho nos últimos anos em combater o garimpo nas terras Ianomâmis. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já havia classificado, em 2019, a situação como “extremamente grave”, principalmente, pela questão do garimpo ilegal, que é o principal responsável pelo adoecimento e pela fome vivida pelos Ianomâmis. O líder indígena Junior Heurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Ianomâmi, disse ter enviado mais de 60 pedidos de auxílio diretamente ao Governo. Todos ignorados. Isso me faz pensar que o extermínio dos Ianomâmis foi uma politica de Estado do antigo governo. E pensar que, no ano passado, o Brasil fez parte dos 11 países que propuseram a convenção do Genocídio da ONU, e agora vem à tona que cometeu esse crime contra o seu próprio povo.

Nossa solidariedade em situações como esta é extremamente importante. Porém, não basta para mudar a realidade. Precisamos cobrar, enquanto sociedade civil, políticas públicas que protejam nossos povos originários. O atual governo deu um importante passo ao criar o Ministério dos Povos Indígenas, que é ocupado pela deputada federal do Estado de São Paulo, agora Ministra, Sônia Guajajara. A atitude do atual presidente, ao ser informado sobre a situação, de viajar pessoalmente com ministros de outras áreas às terras dos Ianomâmis, foi imprescindível para salvar a vida desses brasileiros. E iniciar a mudança dessa realidade. Fica aqui mais uma vez a reflexão do governo que queremos. Me peguei pensando que meu voto ajudou a salvar esses brasileiros.  

A ajuda humanitária tem chegado de dentro e de fora do nosso país. E tão importante quanto, é o combate efetivo ao garimpo ilegal, raiz do problema, pelas forças militares a pedido do Governo. A PF abriu um inquérito para apurar se houve crime de genocídio e omissão de socorro na assistência aos Ianomâmis pelo governo passado, e parlamentares de diversos partidos apoiam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. 

Eu entendo que é urgente pacificar o país, no entanto, em meio a um furacão de acontecimentos deixado como legado pelo antigo governo, é preciso escolher o que é prioridade para combate imediato. A meu ver, neste momento, nossa prioridade é salvar os brasileiros Ianomâmis. 

Unidos Somos Fortes!

Nilton Esperança

Foto: Araquém Alcântara

Categorias
Artigos Destaque Notícias da Federação

“Construir uma nova realidade para um país que queremos e precisamos” – por Nilton Esperança

No dia 8 de janeiro de 2023, assistimos estarrecidos aos ataques às sedes dos Três Poderes.

Sob o olhar complacente da Polícia Militar do Distrito Federal, vândalos invadiram os prédios do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF munidos com pau, pedras e ódio contra o Estado Democrático de Direito, centenas de brasileiros e brasileiras promoveram o pior ataque à nossa democracia desde o ano de 1964.

O dia 08/01/2023, entrou para a nossa História como um dia triste.

A OAB classificou as invasões como inaceitáveis; associações de juízes, promotores e delegados federais repudiaram as ações; políticos de diversos partidos, incluindo (ex) aliados do ex-presidente, teceram pesadas críticas aos ataques e a sociedade civil vem chamando a invasão de “barbárie”. A indignação com o que aconteceu no Distrito Federal fez o mundo ficar de pé ao nosso lado. O presidente dos EUA, Joe Biden, tuitou uma mensagem de apoio ao Brasil, condenando o “atentado à democracia”. Na mesma linha seguiram praticamente todos os líderes da América Latina e nomes importantes da política mundial, como o presidente da França, Emmanuel Macron, do governo espanhol, Pedro Sánchez e a premiê italiana Giorgia Meloni, que criticaram os ataques.

O governo eleito, as instituições e boa parte da sociedade civil se uniram para dizer Não à tentativa de golpe. Nossa Democracia se mostrou forte e Soberana. Jamais poderemos admitir que isso venha acontecer novamente. Lutamos e defendemos um país que respeite a todas as classes, religiões, etnias e gêneros.

Como dirigente de uma entidade de classe, me questionei: Nós poderíamos ter evitado esse atentado? Penso que não. Para que isso não tivesse acontecido, o candidato, que perdeu de forma democrática, teria que respeitar seus eleitores. Se pronunciando logo após o fim das eleições, aceitando o resultado das urnas. Se comprometendo com seu eleitorado e com os parlamentares eleitos , a ajudar a melhorar a vida de nós brasileiros, Atentados a instituições e pessoas, mundo afora, são construídos sobre o discurso do ódio, da falta de respeito as diferenças e de informações mentirosas. Tenho a certeza que a maioria de seus eleitores não são como os vândalos que destruíram o patrimônio público, e não compactuam com essa prática.

A Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf-RJ/ES) defende as investigações e prisões de todos os envolvidos no atentado do dia 08 de janeiro. Que sejam presos todos os que participaram, financiaram e instigaram os atos terroristas de acordo com a lei, garantindo acesso à justiça e preservação de seus direitos (humanos) na condução do processo criminal. Como deve ser em um Estado Democrático de Direito.

Mas além da responsabilização dos criminosos envolvidos, para seguirmos precisamos pensar e refletir sobre que país queremos construir a partir dos atentados.

Queremos continuar sendo um país de ódio, caos, de perda de direitos e de ostracismo internacional? Ou queremos um país gigante diante do mundo com respeito a nossa bela diversidade?

Eu defendo um país que dialogue com todos os setores da sociedade; que fortaleça laços com outros países construindo acordos com geração de emprego, renda e riqueza para todos e todas.
Um país que respeita os direitos trabalhistas. Um país que investe em educação, saúde e ciência.
Um país que respeita suas instituições e que através do diálogo levante a bandeira da paz.

Unidos somos fortes!

Nilton Damião Esperança
Presidente – FETRAF RJ/ES

Categorias
Artigos Últimas Notícias

Negros e negras são os mais vulneráveis à morte por Covid-19 – Por Almir Aguiar

A pandemia da Covid-19 é um mal que atinge o mundo inteiro matando milhões de pessoas. No Brasil, que é o segundo em óbitos no planeta, superado apenas pelos EUA, há dois agravantes que aumentam a tragédia: o primeiro é o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo, imitando o seu guru, o ex-presidente americano Donald Trump. Além do descaso há também incompetência e corrupção no alto escalão, como comprova a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado. Já são mais 600 mil de vidas que foram ceifadas em nosso país. O segundo agravante é a colossal desigualdade social, aprofundada pela política econômica neoliberal imposta ao país desde o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff e que ficou ainda pior no atual governo, sob a batuta do ministro banqueiro Paulo Guedes. E como sabemos, esta desigualdade tem cor.

É a realidade comprovada por números oficiais que esta desigualdade tem cor e expressa o racismo histórico e estrutural enraizado em nossa sociedade. Condições de vida e de moradia mais precária, sem saneamento básico, famílias numerosas coabitando cômodos pequenos e sem estrutura nas favelas e periferias das cidades, ausência de uma política de saúde pública preventiva e a situação agravada pela explosão do desemprego, da miséria e dos preços dos alimentos, energia elétrica e gás de cozinha, que afetam ainda mais os mais pobres. Em outras palavras, é a população negra que está na base da pirâmide social numa sociedade quase que de castas que mais sofre com a crise econômica e sanitária. Esta desigualdade persevera e atingiu níveis insuportáveis quando parcela da sociedade racista saiu do armário e assumiu suas posições intolerantes e discriminatórias numa espécie de ideal de superioridade racial branca que faz lembrar o nazismo, com suas adaptações à hipocrisia do racismo brasileiro e ao mito da democracia racial.

Esta falta de condições mínimas de vida tornam negros e negras os mais vulneráveis também na tragédia sanitária da Covid-19. Um conjunto de pesquisa feita pela Rede Solidária aponta que, por estas condições sociais de vida, o risco de morte é maior para homens e negros e mulheres negras. O estudo é baseado nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde revelando que o maior percentual de morte de negros não é apenas por causa de suas atividades profissionais mais expostas ao vírus, mas também por outros fatores sociais. Os trabalhadores que perderam a vida no universo dos 67,5 mil de óbitos no ano passado apontados pela pesquisa, são dos setores de comércio e serviços (inclusive bancos), totalizando 6.420 óbitos, seguido da agricultura (3.384) e transportes (3.367). Em todas as atividades os riscos de morte são maiores para os homens negros, com exceção do setor agrícola. Chama a atenção o fato de que, mesmo nas profissões de nível superior, morrem mais negros que brancos de Covid-19: 43% maior entre advogados e 44% maior entre arquitetos e engenheiros, por exemplo. Tudo indica que, mesmo com idêntico nível de escolaridade e atividade profissional, a população negra tem condições de vida que a colocam como mais vulnerável nesta pandemia, visto que a média salarial dos brancos é sempre maior. Pesquisa feita pela Associação Brasileira de ONGs (Organizações Não Governamentais), a Abong, aponta que, em 2019, as pessoas afrodescendentes ganharam, em média, 27% menos do que as brancas. A inserção mais precária de muitos negros ao mercado de trabalho, em empresas menores e com piores condições de trabalho ou mesmo sem vínculo empregatício, também explica a maior vulnerabilidade.

Os riscos de morte entre mulheres negras, que estão na base da pirâmide, também são altas proporções. Em serviços domésticos, estes riscos são 112% maiores entre negras do que em relação às brancas. Nas ocupações de nível superior não há diferenças relevantes por uma razão que revela o quanto o mercado de trabalho discrimina a população negra, especialmente as mulheres: há muito poucas negras nessas atividades.
Durante a pandemia, a ausência de acesso a serviços de saúde, condições de vida precárias em habitação e saneamento e tarefas com crianças e idosos tornou muitas mulheres mais vulneráveis, especialmente as negras.

Fato é que a tragédia sanitária, que atinge a todos, independentemente de classe social, gênero e raça, explicita ainda mais o racismo no Brasil e o quanto é importante inserir negros e negras em programas de oportunidades na educação e no trabalho, como a política de cotas, para enfrentarmos a dívida histórica de uma sociedade cujas elites trazem todo o ranço do senhor de engenho e sua visão de que gente, no caso os trabalhadores, é para explorar, queimar como carvão, para tirar o maior lucro possível, mesmo que isto resulte na morte de um grande número de negros e negras pobres. É esta elite egoísta, ranzinza, insensível, avarenta e racista que impede o Brasil de ser uma nação justa, desenvolvida e com oportunidades para todos. Estes paradigmas passaram da hora de serem superados. E, neste caso da pandemia, estamos falando de vidas ceifadas. Até na questão da grave crise sanitária, negros e negras são as maiores vítimas num Brasil racista e desigual. Isto precisa ter um fim ou jamais vamos nos tornar uma nação desenvolvida, socialmente pacificada e com igualdade de oportunidades.
A responsabilidade por estas mudanças é de todos. Mas que os trabalhadores não esperem o ponta pé inicial desta burguesia racista.

*Almir Aguiar – militante do MNU e Secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro- Contraf-CUT

Categorias
Artigos Destaque

O COVID 19 mata !

 

Os sindicatos de todo o país vem alertando para a gravidade da epidemia por Coronavírus e a necessidade premente de medidas de prevenção e contenção de sua disseminação, e por isso entregamos em nossa última reunião, por videoconferência, com a Fenaban, 17 reivindicações, incluindo o fechamento das agências bancárias e demais unidades, mantendo atendimento não presencial das atividades consideradas essenciais conforme decreto. Nossa pauta não surgiu do acaso ou de algum surto de “achismo”, mas referenciado nos minuciosos estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) . Como podemos ver na mídia, no caso dos pacientes infectados na China e na Itália, a velocidade de transmissão do vírus é espantosa, e a gravidade dos quadros em internos em UTI’s que foram a óbito. Quantos mais terão falecido, vítimas do Covid 19, quando terminarmos está leitura?
Está pandemia é agravada pelos inescrupulosos disseminadores de fakenews, que estão aqui como propagadores de pânico e de histeria, ao contrário dos movimentos sindicais organizados, seguidores do que diz a ciência e seus especialistas, que sabem o COVID 19, ser algo muito mais que uma “gripezinha”. Enquanto isso muitos se perguntam, de forma perturbadora: quantos leitos de UTI providos de intubação e ventilação mecânica estarão disponíveis para os próximos pacientes de coronavírus? Segundo a OMS, se ações não forem tomadas haverá um alastramento descontrolado da infecção, que é de elevadíssimo contágio, e muitos morrerão nas portas dos hospitais.
Por isso senhores banqueiros AJAM COM RESPONSABILIDADE! Temos que nos manter unidos e operantes até debelar está pandemia, que poderá ser crescente entre os próximos 4 ou até 6 meses. Até lá, precisamos de medidas efetivas de contenção de risco de contaminação, e não uma pauta de metas, demissões e lucros.
Gostaria também de reforçar para que a população fique em casa. O isolamento social é defendido pela OMS como o meio mais eficaz para evitar o crescimento da epidemia.
Unidos Somos Fortes!

Nilton Damião Esperança
Presidente da FETRAF-RJ/ES

Categorias
Artigos

Um manifesto ou a gente escreve de puro engasgo

Viviana Ribeiro*

20180722
Um homem um marido joga Tatiane pela janela do quarto andar da casa do casal

20170720
A amiga diz para outra amiga que tem medo do namorado e dorme com uma faca embaixo do travesseiro

20180219
A amiga diz para outra amiga que não consegue romper com o namorado que a agride

20180722
Tatiane diz para amiga que está criando coragem para se separar do marido que “tem ódio mortal dela”

20180807
o que sai nos jornais é: “Mulher cai da janela do quarto andar…”
Embora no corpo da reportagem, escrevam coisas do tipo “marido está preso e é suspeito de feminicídio…”

19702014
no corpo da reportagem não importa, ninguém lê
O que importa são as manchetes

20180808
Uma planta cai da janela
Um sapato cai da janela
Uma mulher que já chega em casa apanhando do marido e continua apanhando ininterruptamente não cai da janela. mesmo se ela estivesse tentando fugir.

20180315
É necessário é urgente ensinar as crianças que um homem – marido namorado companheiro irmão pai tio filho estranho estrangeiro – não pode matar um corpo, especialmente, de mulher

2018010120180808
É necessário é urgente aprender a criar outras relações entre nós

20180720
Todos são iguais. não somos todos iguais. e homens matam mulheres porque estão convictos que podem. e há forças sociais seculares que fundaram e mantêm essa convicção

20180808
Poder: capacidade ou possibilidade de
Possuir força física ou moral
Ter ocasião ou meio de
Ter força, vontade ou energia moral para
Ter domínio ou controle sobre
Direito ou capacidade de decidir, agir e ter voz de mando; autoridade
Possibilidade, natural ou adquirida, de fazer determinadas coisas
Supremacia em dirigir e governar ações de alguém pela imposição da obediência, domínio, influência
Ter força física para
Ter força histórica política e social para

12152018
Ao longo dos séculos, homens estão convictos de que podem matar mulheres

201807270828
Tatiane Silvia Ana Maria Rosa Cláudia – o caso singular como marca da história –

19751020
A questão fundamental é indagarmos quais as condições que tornaram possível tal convicção masculina e as forças sociais que a promoveram/promovem ou que dela foram/são cúmplices

2003152018
Como surgiu o patriarcado?

20180808
A questão do controle violento do corpo da mulher, especialmente, a reprodução, está no centro do capitalismo. de XII até hoje

197519852018
Se Marx tivesse atentado para a história violenta das mulheres e percebido como essa violência é um dos elementos centrais da formação e manutenção da sociedade capitalista, talvez…talvez, tivesse eleito as mulheres [e não os proletários] como as protagonistas da revolução

 

* Viviana Ribeiro é mestra em filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), docente e cofundadora do IPIA – Comunidade de Pensamento
(Site: www.ipiacomunidade.com.br, Facebook: @IpiaComunidade)

Categorias
Artigos

Privatização da loteria instantânea abre novo capítulo de perdas para a Caixa e o Brasil

Por Rita Serrano*

O governo Temer marcou para 4 de julho o leilão da Loteria Instantânea Exclusiva, a Lotex, administrada pela Caixa. A venda integra o Programa Nacional de Desestatização, com as empresas participantes disputando um contrato de 15 anos no lance mínimo de R$ 542 milhões. Há informações de que grupos da Itália, Portugal, Grécia e EUA manifestaram interesse. E, apesar da decisão controversa, o governo determinou que a Caixa não deverá participar do leilão.

A privatização da Lotex representa uma perda gigantesca para os brasileiros. As loterias Caixa, de forma global, registraram em 2017 uma arrecadação próxima a R$ 14 bilhões. Desse montante, quase metade (48%) foi destinado a programas sociais nas áreas de Educação, Esporte, Cultura, Saúde e Previdência, percentual que deve ser reduzido drasticamente, já que o leilão prevê repasse social de apenas 16,7%. Ao privatizar a partir de editais que só facilitam a participação de multinacionais estrangeiras, o Brasil vai aos poucos perdendo sua soberania, pois essas empresas não têm interesse em investir no País, ganham altas cifras e enviam as divisas para suas matrizes no Exterior. O mesmo critério vem sendo usado em outros casos, como na venda dos ativos da Petrobrás e subsidiárias da Eletrobrás, expondo a real intenção do governo golpista de dilapidar o patrimônio dos brasileiros.

Para explorar a loteria instantânea a Caixa chegou a constituir, em 2015, a Caixa Instantânea S/A, sociedade por ações de capital fechado. Nesse cenário, mesmo que a privatização da Lotex ocorresse, o banco poderia permanecer como sócio minoritário. Mas a decisão de promover a privatização apenas da outorga teve como resultado a exclusão da instituição do processo.

O valor a ser arrecadado no leilão também mudou, e muito. Em 2016 especulava-se em até R$ 4 bilhões; no primeiro edital, em 2017, com concessão de 25 anos, o valor mínimo estava em quase um 1 bilhão. Agora a expectativa caiu drasticamente, considerando-se o lance mínimo de R$ 542 milhões para 15 anos de concessão, um valor questionável. Segundo estimativas do Banco do Brasil, a concessionária arrecadaria, em apenas um ano, cerca de 7,6 vezes mais. Já a Caixa sofreria perda de receita potencial anual da ordem de R$ 4,2 bilhões. Considerando outra estimativa, a do Tribunal de Contas da União (TCU), a arrecadação da concessionária seria correspondente a 4,5 vezes a outorga mínima. Trata-se, portanto, de prejuízo ao erário e ao interesse público.

Além disso, o chamado payout (o equilíbrio entre o total arrecadado e o percentual destinado aos prêmios) fica na média dos 44% no Brasil, abaixo da média mundial, superior a 50%, e bem abaixo do estabelecido no leilão, de 65%. Isso significa que outros produtos das loterias da Caixa poderão perder significativamente na concorrência com as empresas estrangeiras que eventualmente venham a assumir as Loterias Instantâneas.

E há, ainda, um outro agravante nessa questão das loterias. A recente Medida Provisória que destina seus recursos para o Fundo Nacional de Segurança Pública (MP 841, de 11 de junho passado), que passará a receber a maior parte do dinheiro arrecadado. Mesmo sem qualquer leilão, essa MP já reduz o repasse de outros beneficiários, como cultura, esportes, Fies etc.

O movimento sindical e associativo e os parlamentares engajados na defesa de uma Caixa pública e para os brasileiros vêm reagindo aos ataques privatistas. Especificamente no caso da Lotex há uma emenda aditiva à MP 841 apresentada pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF) para que seja garantido o direito da Caixa em participar do leilão ou que, posteriormente, possa ter participação societária ou, ainda, integração contratual ao consórcio vencedor. Já uma análise jurídica realizada para a Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e Fenae aponta que a exclusão da Caixa do processo contraria o interesse público e a economia popular.

Por conta disso, representantes da Fenae e do Sindicato dos Bancários de Brasília se reuniram no último dia 20 com o procurador da República Carlos Henrique Martins Lima, do Ministério Público Federal (MPF), para denunciar os problemas e solicitar análise do órgão quanto à privatização da Lotex.

Os brasileiros devem ter clareza de que as loterias não são apenas um entretenimento ou jogos de azar. Elas são fundamentais para a existência de muitos dos programas sociais que conhecemos hoje e podem simplesmente desaparecer, deixando milhões de pessoas na mão, além de tirar da Caixa uma operação que contribui para a importância e manutenção do banco público. As consequências virão inclusive para os empregados da instituição, que já sofrem hoje as investidas privatistas com reduções e cortes de postos e direitos. Com a venda da Lotex, não há vencedores no Brasil.

 

* Rita Serrano é representante dos empregados da Caixa no Conselho de Administração e coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. É mestra em Administração

Categorias
Artigos

O que é ideologia

Frei Betto*
Toda pessoa recebe, pelo condicionamento social em que está inserida, determinada configuração do mundo e da história pela qual se situa e se entende dentro da sociedade. Esta configuração reúne um conjunto de ideias, valores e princípios de ordem jurídica, social, moral, política e religiosa. A esse conjunto chamamos ideologia.

Ideologia não é algo que se pode ter ou não, dependendo da própria vontade. É algo que se possui sem consciência de que se possui. É a maneira pela qual vemos os acontecimentos da vida e da história, e nos situamos diante deles. São os óculos através dos quais encaramos o mundo de determinada cor e forma. Ninguém enxerga sem os olhos, porém ao enxergar algo ninguém vê os próprios olhos. Assim ocorre com a ideologia. Por meio dela – que resulta de nossas concepções morais, políticas, sociais, artísticas ou religiosas, nem sempre explícitas -, vemos e interpretamos a realidade objetiva na qual nos situamos.

A ideologia expressa nossa teoria sobre a vida, o mundo e a história. Os antigos acreditavam que o cosmos era uma ordem hierarquicamente disposta, e a Terra ocupava o seu centro, em torno da qual girava o sol. Desta óptica ideológica de interpretar o mundo tiravam consequências práticas, como acreditar que pessoas que ocupavam o polo superior da escala social eram mais abençoadas por Deus que as demais situadas na escala inferior. Portanto, além de exprimir certa teoria, a ideologia determina também hábitos e costumes, ou seja, uma práxis.

A maneira de pensar e viver predominante em uma sociedade corresponde geralmente ao modelo ideológico imposto pelo grupo social que domina esta sociedade. Em uma economia competitiva, baseada na acumulação privada da riqueza e na busca desenfreada de lucro, é natural que se acredite que o ideal à felicidade se resume em ser rico, mesmo em detrimento da ampla camada da população desprovida dos recursos mínimos à sobrevivência.

Assim, a ideologia da sociedade consumista impõe seus valores por meio de programas de TV, sites, revistas em quadrinhos, livros de história que evitam interpretar os fatos pelo ângulo dos humilhados e ofendidos. O jovem, mais maleável a essa influência, sonha com a vida opulenta de seus heróis. A propaganda manipula “valores” que socialmente aparecem como os mais importantes na vida: poder, fama, riqueza e beleza. E sugere produtos pelos quais tal “valor” pode ser facilmente alcançado: carro, cigarro, perfume ou roupa de determinada grife.

Para o rolo compressor publicitário, converter uma pessoa significa infundir-lhe novos hábitos de consumo através da crença de que, assim, estará adquirindo um novo status social.

Nada mais ideológico do que alguém supor não ter ideologia. Todos a temos, e ela favorece o nosso altruísmo ou egoísmo, respeito ou preconceito ao diferente, ideal solidário ou arrogância colonialista.

 

* Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.
freibetto.org      Twitter: @freibetto

 


© Copyright 2018 – FREI BETTO – Favor não divulgar este artigo sem autorização do autor. Se desejar divulgá-los ou publicá-los em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, entre em contato para fazer uma assinatura anual.
MHGPAL – Agência Literária ([email protected])