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Sementes, terra e água: os idos de março

Por Silvia Ribeiro*


 


Curitiba, Brasil. O sul do Brasil, confluência de vários movimentos sociais mais fortes desse país e da América Latina, foi durante março, o cenário do confronto entre os movimentos camponeses e as transnacionais, tendo como pano de fundo a Organização das Nações Unidos. Entre 5 a 31 de março ocorreram, uma após a outra, a Conferência das Nações Unidas sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, a terceira Reunião das Partes do Protocolo Internacional de Cartagena sobre Biossegurança e a oitava Conferência das Partes do Convênio de Diversidade Biológica das Nações Unidas. Enquanto isso, no México, se reunia o quarto Fórum Mundial da Água.


 


Sem pedir permissão, os “condenados da terra” na voz de milhares de camponeses, trabalhadores rurais sem-terra, atingidos por barragens, vítimas da monocultura de árvores e dos transgênicos do Brasil e do mundo, interromperam a cena das conferências das Nações Unidas que ocorreram em Porto Alegre e Curitiba, enquanto dezenas de milhares marcharam no México em defesa da água e contra a sua privatização.


 


Com a calma e a firmeza dos motivos justos, armados de sementes, bandeiras e canções, mulheres, crianças e homens deixaram atônitos os diplomatas do mundo – lembrando eles que o mundo real está fora das mesas de negociação – e furiosos os diretores das transnacionais.


 


Na marcha final convocada pela Via Campesina em 31 de março, em frente ao centro de convenções de Curitiba, mais de cinco mil camponeses e integrantes do MST colocaram uma enorme faixa que resumiu o que está em jogo: “A natureza e a biodiversidade são dos povos, não dos governos nem das transnacionais”.


 


No Brasil, a Via Campesina marcou o campo de jogo desde o início: em 8 de março, as mulheres do movimento ocuparam um laboratório e viveiro de eucaliptos clonados da empresa Aracruz, em protesto contra o deserto verde e a expulsão de indígenas e camponeses pelos monocultivos florestais. Em seguida, marcharam e fecharam por quatro horas o acesso a Conferência de Reforma Agrária. Dois dias depois, conseguiram que a declaração do fórum paralelo Terra, Território e Dignidade fosse incluída como documento da conferência oficial de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural.


 


A reunião do Protocolo de Biossegurança começou com marchas e a ocupação feita pela Via Campesina em um terreno onde a empresa Syngenta estava plantando milho e soja transgênicos ilegalmente, em uma zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, onde ficam as famosas cataratas com o mesmo nome. A ocupação continua.


 


Na semana seguinte, em uma vitória contundente da sociedade civil internacional, o Convênio de Diversidade Biológica (CDB) manteve e reafirmou a moratória contra a tecnologia Terminator, que faz sementes suicidas. Moratória que existia dentro do CDB desde 2000, mas que as transnacionais dos transgênicos tentaram minar meses antes, em uma reunião preparatória do CDB em Granada, na Espanha.


 


As transnacionais chegaram contentes ao Brasil: pelos corredores do CDB passavam sem pudores em frente aos diretores globais da Monsanto, Syngenta e Delta & Pine, proprietários da maioria do mercado de transgênicos e patentes de Terminator. A vitória em Granada e seu sentimento de superioridade sobre os burocratas governamentais, a quem se acostumaram a instruir pelo meio do suborno e outros similares, lhes dava ânimo.


 


Receberam uma bofetada em plena cara. O arco-íris dos protestos diários da Via Campesina nas ruas e dentro do centro de conferências, a coordenação de centenas de organizações da sociedade civil na Campanha Internacional contra Terminator, com ações simultâneas no Brasil e em outros países, as intervenções de jovens e indígenas, incluindo delegados especialmente enviados do povo huichol de Jalisco e do povo guambiano da Colômbia, as atividades paralelas com o Fórum Brasileiro das organizações não governamentais e movimentos sociais, conseguiram, finalmente, que fossem revertidos os textos vindos de Granada, para desespero das transnacionais e dos delegados dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, principais governos que queriam romper a moratória. Os delegados do México, até o último momento, também trabalharam para convencer os outros governos para quebrar a moratória, seguindo o costume vergonhoso que tiveram em todas as conferências de março, onde defenderam as transnacionais.


 


O momento mais forte e simbólico do CDB foi a entrada das mulheres da Via Campesina no plenário de negociações: com a bandeira verde dos movimentos e velas, abriram diante dos delegado oficiais dezenas de cartazes escritos em vários idiomas exigindo a proibição da Terminator. O presidente da sessão anunciou que levaria em conta essa “intervenção”, e diante da frustração do diretor da Delta & Pine, que pediu que a segurança entrasse na sala, a maioria do plenário se levantou e aplaudiu.


 


Manter a moratória contra a Terminator é um feito importante e relevante para milhares de camponeses e indígenas, assim como para as possibilidades de todos decidirem o que comemos para que as transnacionais não o façam. Mas talvez a mensagem principal seja outra, que não fica em papel e não se apaga: os condenados da terra não aceitam sua condenação, nem seus algozes nem aqueles que, mediante as leis nacionais e internacionais, legalizaram os privilégios dos poderosos.


 


* Sílvia Ribeiro é investigadora do Grupo ETC

Fonte: MST Informa – nº 112 – Edição Especial

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Plenária na Alesp define grande ato pró CPI da Nossa Caixa

Em plenária, nesta quarta-feira, na Assembléia Legislativa de São Paulo, lideranças partidárias e de movimentos sociais apostaram nas condições favoráveis para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as recentes denúncias de uso político da Nossa Caixa. Dentre os presentes estiveram representantes da FETEC/CUT-SP e de sindicatos filiados, além de entidades sindicais de trabalhadores do setor público e deputados de oposição.


A avaliação das lideranças é de que a manutenção do tema na mídia frente à descoberta de novas falcatruas a cada dia contribui para o clima favorável à CPI, apesar das articulações da base aliada do ex-governador Geraldo Alckmin.


Um indício desse quadro pró CPI foi a aprovação, nesta quarta-feira, na Comissão de Segurança Pública da Alesp, de dois requerimentos do PT e PMDB, para convocação do ex-gerente de marketing do banco estatal paulista Jaime de Castro Júnior, autor de denúncias sobre direcionamento de gastos com publicidade da instituição para favorecimento de aliados de Alckmin, em troca de apoio político.


Por solicitação dos deputados Carlinhos Almeida (PT) e Romeu Tuma (PMDB), o ex-gerente deverá ser convidado a comparecer à comissão. Segundo Tuma, Castro Júnior estaria sendo alvo de ameaças. Por isso o deputado solicitou que o Ministério Público seja acionado para localizar o ex-funcionário, que estaria desaparecido.


Para ampliar as pressões pró CPI, partidos políticos de oposição, sindicatos e entidades do movimento social promoverão na próxima terça-feira um grande ato na Alesp. “A idéia é promover um desfile de modas, em alusão aos 400 vestidos que a Dona Lu Alckmin recebeu como doação”, antecipa Elias Maalouf, diretor de Bancos Estaduais da FETEC SP ao destacar a responsabilidade dos bancários na organização do evento. “Trata-se do último banco público do estado, por isso temos a tarefa de defendê-lo com toda a nossa energia, levando pelo menos 250 pessoas para o ato, cuja concentração está prevista para às 12h”, informa o dirigente.


A FETEC SP solicita aos Seebs que informem quantos dirigentes deverão participar da atividade.


 


Jornalista: Lucimar Cruz Beraldo

Fonte: FETEC-SP

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TV Digital – A desinformação e a pressa


Entre as tecnologias desenvolvidas por aqui, uma delas é justamente a modulação, que equivale ao que a mídia chama de “padrão”. O japonês (ISDB) e o europeu (DVB) já são bem conhecidos de nome, mas pouco explicados em relação às diferenças entre eles. Em 2000, o sistema japonês permitia a transmissão de sinais independentes para a TV e para receptores móveis (como o celular), enquanto o europeu era mais limitado. Isso levou a Associação Brasileira de Rádios e TVs (Abert) a usar o argumento da “recepção móvel” como mote para a defesa do ISDB.


A partir de 2004, com a introdução do DVB-H, essa diferença deixou de existir. Mas a retórica continuou, e agora embolaram a discussão, com as emissoras defendendo o ISDB porque isso manteria o canal na mão deles, e as empresas de telefonia defendendo o DVB porque isso daria a abertura para elas participarem desse mercado. Na verdade, ambos os argumentos são furados. Tanto o DVB quanto o ISDB permitem a transmissão de sinais para celulares e, se as teles vão ou não participar desse mercado, é uma coisa que depende da regulamentação, não da tecnologia.


Um ponto em que tanto o DVB quanto o ISDB deixam a desejar é que, nos testes realizados em São Paulo no ano 2000, nenhum dos dois conseguiu ser recebido em 100% dos pontos de teste – e eram pontos localizados em bairros próximos ao centro. Foi isso que levou o Brasil a pesquisar novas alternativas, com os trabalhos do Mackenzie (SP), INATEL (MG) e PUC (RS). Os dois primeiros trabalham com melhorias baseadas no sistemas existentes, enquanto que o último parte de uma abordagem radical – usa um equalizador baseado em inteligência artificial, coisa que não existe em nenhum dos sistemas atuais (ATSC, DVB, ISDB). Isso dá mais robustez, ou seja, permite levar mais informação, tanto para programas em alta definição quanto para ser recebido em veículos a 120 km/h .


A obsessão da Globo e do ministro Hélio Costa pelo padrão japonês é incompreensível. Se a questão é um sistema que permite levar alta definição para a TV e um programa para celulares ao mesmo tempo, com a maior qualidade possível, por que então não defendem o Sorcer, modulação desenvolvida pela PUC/RS, que é melhor, atende às demandas dela e é nacional, assim como o conteúdo global e a bandeira que eles tanto levantam na mídia? Fica claro que há muito mais por trás dessa preferência do que a lógica acima exposta.


Para o elefante virar cavalo


Além do Sorcer, outros componentes inovadores desenvolvidos pelos pesquisadores brasileiros devem sofrer com a adoção de um padrão estrangeiro goela abaixo. As pesquisas que desenvolveram o FlexTV (UFPB), um middleware brasileiro, tomaram como base o MHP (o middleware do padrão europeu – DVB), mas evoluíram consideravelmente, sendo elogiados inclusive por pesquisadores europeus. O middleware japonês é bem mais limitado.


A nação tupiniquim desenvolveu ainda o Maestro (PUC Rio), um mecanismo de sincronização de mídias para a reprodução de programas multimídia interativos, que não existe em lugar algum no mundo. Desenvolveu aplicativos como o TVgrama (UnB), que é um e-mail que não precisa de canal de retorno, importantíssimo para a imensa parcela da população que não tem linha telefônica. Desenvolveu aplicativos como o museu virtual (UFPR), que apresenta imagens em 3-D, que podem ser manipuladas pelo usuário. É um aplicativo muito útil para finalidades educativas, pra recriar ambientes em aulas de geografia, história, biologia. Há também aplicativos nas áreas de saúde (UFSC), governo eletrônico (UFC, BRISA), segurança da informação (Genius, CESAR, FITEC) e muitos outros.


Uma outra questão importante que diz respeito à tecnologia é como ela interfere no modelo de serviços. O modelo de serviços é a definição de como funcionará a nova televisão brasileira. Se ela trará novos canais, se oferecerá mobilidade, como será a interatividade, se haverá serviços de governo eletrônico e educação à distância, se terá uma alta definição que só será possível ver com televisores de 10 mil reais ou se trará uma programação com qualidade de imagem de DVD, mas acessível a todo mundo. Essas questões não dependem tanto da tecnologia, mas sim da forma como ela é combinada. Logo, é uma bobagem dizer que só japoneses poderão oferecer alta definição. Ou que só europeus oferecerão novos canais. A tecnologia, tanto a desenvolvida lá fora, quanto a desenvolvida aqui, no que toca a essas questões, pode fazer qualquer coisa. É verdade que algumas tecnologias são mais adequadas que outras para as finalidades desejadas. Não dá para rodar os aplicativos desenvolvidos no Brasil usando o middleware japonês, por exemplo. Mas há outro detalhe fundamental.


Para que possamos modelar a tecnologia às demandas da sociedade, é preciso ter pleno acesso a ela. No caso do SBTVD, toda a parte de software (e até um dos itens de hardware) foi feito em software livre. No caso dos outros sistemas, muitos componentes estão patenteados, até com uma patente da Microsoft. Isso mostra limitações para adequarmos ao que queremos – o que reforça a necessidade de termos mais tempo para definir modelo de serviços antes –, para o desenvolvimento futuro de acordo com as demandas que surgirem e ainda nos impõe o pagamento de royalties altíssimos, o que a longo prazo é um rombo no orçamento da União.


A mídia e o governo deveriam estar atentos a essas questões para esclarecer à população do que realmente se trata a definição, mas também para perceber que a pressa não é inimiga somente da perfeição, mas também da democracia, do bom-senso, do desenvolvimento nacional e do interesse público.


Carolina Ribeiro é jornalista e integrante do Coletivo Intervozes. Gustavo Gindre é jornalista, mestre em Comunicação, coordenador-geral do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (Indecs) e integrante do Coletivo Intervozes. Edison Lima é diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia-SP (Sintpq).


 

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O caixa tucano foi condenado, você sabia?

Por Fábio Jammal Makhoul [14/3/2006]

Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fazia pose de estadista e chamava a ética do PT de corrupta na capa da revista IstoÉ, uma pequena nota no pé da quinta e última página da seção “A Semana” passava facilmente despercebida até mesmo para os leitores mais atentos. Embaixo de três notas necrológicas, o pequeno texto informava: “Condenados a 11 anos de prisão pela 12ª Vara Federal do Distrito Federal o ex-presidente do Banco do Brasil Paulo César Ximenes e seis ex-diretores dessa instituição. Eles foram acusados de gestão temerária devido a irregularidades em empréstimos feitos à construtora Encol entre 1994 e 1995. Na quarta-feira 1”.

Assim como IstoÉ, a grande imprensa não deu muita bola para o caso. Veja, por exemplo, considerou a condenação de toda uma diretoria do maior banco público do país nada importante e não dedicou uma linha a respeito do assunto.

Os sete condenados formavam a diretoria colegiada do Banco do Brasil entre 1995 e 1998, com Ximenes no comando da instituição. Período que coincide com o primeiro mandato de FHC. Eles foram condenados em primeira instância por nove atos que caracterizam crimes de gestão temerária e de desvio de crédito ao emprestar dinheiro para a construtora Encol, que faliu em seguida e prejudicou milhares de mutuários.

Os acusados foram considerados responsáveis, entre outros crimes, por aceitar certificados de dívida emitidos ilegalmente pela construtora e por prorrogar sistematicamente operações vencidas e não pagas.

 

Fonte:

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RJ: constrangimento em porta giratória gera indenização

A juíza da 29ª Vara Cível do Rio, Marisa Simões Mattos, condenou o banco HSBC a pagar uma indenização de R$ 3,5 mil por danos morais a um cliente. O guarda municipal Luiz Paulo Vidal Martins tentou entrar em uma agência bancária e foi impedido pela porta giratória, que travou.


Mesmo afirmando não portar objetos metálicos e tendo procurado um policial militar para resolver a situação, Luiz aguardou por mais de uma hora para entrar no local e, mesmo dentro da agência, teve que ser acompanhado pelo gerente.


O HSBC alegou que o travamento da porta é automático e que agiu no intuito de preservar a integridade dos que utilizam o serviço da agência. Para a juíza, há formas mais eficazes e menos constrangedoras de zelar pela segurança dos clientes, do que a utilização de portas giratórias.

Fonte: Terra Brasil

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Lula sinaliza com reforma sindical em 2007

Caio Junqueira 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu ontem (04/04) um fórum qualificado para, pela primeira vez neste ano eleitoral, afirmar que as reformas trabalhista e sindical são inadiáveis em 2007. Durante solenidade de abertura da Semana Internacional de Construção e Iluminação, disse, a empresários e dirigentes sindicais desses setores, estar convencido de que ambas as reformas são “o próximo passo que nós temos que dar”.
 “Apenas começamos um processo de desobstrução ao desenvolvimento da construção civil no país. Obviamente que tudo isso vai ter que ser combinado mais à frente, numa diminuição da informalidade dos trabalhadores, para que a gente possa dar mais trabalho com Carteira Profissional assinada, portanto, mais estabilidade. É isso, obviamente, que leva vocês a ajudar a fazer o trabalho que é preciso fazermos, primeiro, a reforma da estrutura sindical, que está no Congresso Nacional, e a reforma da legislação trabalhista, que precisa ser adequada ao século XXI, e não ficar com resquícios da metade do século XX.”
 A exemplo da campanha eleitoral de 2002, na qual os petistas se apresentavam como os únicos capazes de mexer na legislação sindical e trabalhista do país, Lula ontem sinalizou que um consenso pode ser obtido se o trabalho que o governo, ao seu ver, vem fazendo, de intermediar o diálogo entre as partes envolvidas, puder continuar sendo feito. “(A reforma é) plenamente possível fazer se nós continuarmos sentando, empresários, trabalhadores e governo, sem a pergunta ou a insinuação de quem vai ganhar. Só tem um que precisa ganhar: é o país. Se o país ganhar, ganharão os empresários, ganharão os trabalhadores e ganhará o governo. É por isso eu estou convencido que esse será o próximo passo que nós temos que dar.”
 Encaminhada ao Congresso em março de 2005, a reforma sindical acabou “barrada” pela crise política. Antes, havia sido discutida por um ano e meio no Fórum Nacional do Trabalho, instância criada em 2003 pelo governo para debater as reformas sindical e trabalhista, que não chegou a sair do papel.

Fonte: Valor Ecoômico

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Mulheres do Kuweit participam de eleições pela primeira vez

Por Haitham Haddadin (Com reportagem de H. Hashim Ahmed)


KUWEIT – As mulheres fizeram história no Kuweit nesta terça-feira, votando e concorrendo a cargos pela primeira vez em uma eleição local desde que o país concedeu a elas o direito ao voto, no ano passado.
As urnas foram abertas às 8h (2h, horário de Brasília) para o preenchimento de uma única vaga no Conselho Municipal, formado por 16 membros. Os outros integrantes foram eleitos e designados no ano passado.
“Hoje é a maior festa que estamos esperando por mais de 40 anos”, disse à Reuters Khaleda al-Khadher, uma das duas mulheres candidatas, em um posto eleitoral no subúrbio de Salwa.
“Esta é a primeira vez que mulheres do Kuweit podem mostrar aos homens que somos capazes, e é importante fazermos o melhor possível e deixar o resultado das urnas para Deus”, afirmou Khadher, usando um vestido preto no estilo conservador islâmico.
Cerca de 28 mil eleitores, incluindo 16 mil mulheres, poderão votar para escolher entre os oitos candidatos.
Em maio passado, o Parlamento aprovou uma lei garantindo o direito ao voto às mulheres, que lutaram por isso por mais de quatro décadas.
A eleição desta terça-feira abre caminho para mulheres participarem das eleições parlamentares de 2007, que serão as primeiras desde que o novo emir do Kuweit, o xeique Sabah al-Ahmad al-Sabah, assumiu o governo, depois da morte do seu meio-irmão.
O primeiro-ministro Nasser al-Mohammad al-Sabah disse em declarações publicadas nesta terça-feira que a participação política das mulheres vai melhorar a posição internacional do Kuweit.
“Estamos orgulhosos e honrados”, disse.


 

Fonte: Reuters

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Trabalho escravo em Jacarepaguá

Não é a primeira vez que denunciamos a existência de trabalho escravo em empresas terceirizadas da Telemar. Após denúncia recebida pelo Disque Denúncia Trabalho (0800 28 23 596) o deputado Gilberto Palmares (PT), presidente da Comissão de Trabalho da Alerj, encontrou em Jacarepaguá, na localidade Gardênia Azul, 12 pessoas trabalhando em regime de escravidão. “Os trabalhadores, oriundos de vários estados, estão alojados numa mesma casa e já não têm dinheiro para pagar as contas. Eles são contratados pela Telecom, empresa que presta serviço à Telsul, que por sua vez já é uma terceirizada da Telemar. Eles não têm carteira assinada, nem contrato de prestação de serviço. Significa que são contratados de boca, e o pior é que trata-se de situação recorrente. Tanto que a Telemar foi multada em Petrópolis por trabalho escravo”, explicou Palmares.

Fonte: Rápido – CUT-RJ

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Coar mosquito e engolir camelo: quem disse que a Aracruz faz pesquisa?

Nancy Cardoso Pereira *


 


Ainda o 8 de março feminista e camponês


 


Vem aquele sujeito que um dia foi de esquerda, um dia foi companheiro e diz assim:


Aah! Mas as mulheres foram longe demais! Invadir e destruir um laboratório de pesquisa?! Isto é vandalismo. Pesquisa é produção de conhecimento novo. A pesquisa deveria ter sido preservada. Blá blá blá!”


Esnobismos de um esquerdismo que se encantou com a universidade e nunca mais acertou o caminho de volta para as lutas do povo. Parece ser uma posição ilustrada, crítica, iluminada e superior se comparada à ação bárbara, selvagem, impensada e atrasada das mulheres camponesas nas instalações da Aracruz. Parece… mas não é. Quem diz isso, só lê jornaleco e assiste Globo… mas não faz pesquisa.


Se utilizam desse artifício, se escondem atrás da pesquisa como desculpa para uma posição confortável na vida. No Brasil existe esta confusão, esta permissão, esta permissividade: ser pesquisador significa não ter que se comprometer com nada. Estar num lugar especial como observador privilegiado, consumindo bolsa e contando os artigos Qualis.


Mas neste caso do 8 de março camponês e feminista, a pesquisa não vai poder ser usada como desculpa para a covardia de ninguém! Ninguém vai poder justificar a sua falta de informação e a ausência de posição política em nome e em defesa da pesquisa. Muito menos os que não pesquisam nada, não escrevem nada, não socializam conhecimento… e só vivem da defesa vazia da educação como mecanismo de reprodução de poderes institucionais privados.


Valei-me ensino público e gratuito!!


Ajudai-me, pesquisa pública e a serviço dos interessas das maiorias!!


Olhai por nós, extensão como apropriação e socialização dos conhecimentos!!!


Vamos pesquisar!  O documento oficial do Ministério de Ciência e Tecnologia/Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais se chama: Diagnóstico, Prioridades e Modelos de Financiamento. É o Relatório Final de um encontro acontecido em Piracicaba, em Junho de 2002.  O relatório reúne dados sobre a pesquisa na área florestal com os objetivos de monitorar a evolução destes esforços reconhecendo o papel fundamental que a pesquisa florestal representa para o desenvolvimento equilibrado e justo do nosso país.


Quem quiser ler/pesquisar todo o relatório:


http://www.abipti.org.br/Agropolos/PDF/Cadeias/ipef_mct_diagnostico_final.pd


A apresentação é detalhada e minuciosa sobre as potencialidades e contradições das pesquisas florestais em nosso país. Quando chega na análise da pesquisa sobre papel e celulose, o texto dispara (o grifo é meu!):


 



“No setor de celulose e papel, observa-se que a estrutura de investigação científica e tecnológica está dividida entre setor privado e setor público. Esta divisa, entretanto,  deve ser avaliada de forma criteriosa, pois as atividades desenvolvidas pelas empresas do setor de celulose e papel estão voltadas, quase que exclusivamente, para a solução de problemas intrínsecos de cada empresa, não podendo ser efetivamente classificados como investigação científica e tecnológica. Na área de celulose e papel as atividades efetivas de investigação científica e tecnológica estão ligadas ao setor público, neste caso, representados pelas universidades. Deve se destacar que no Brasil existem atualmente dois centros de pesquisa e ensino atuantes na área de celulose e papel, sendo o principal, localizado na Universidade Federal de Viçosa – MG e o outro na Universidade de São Paulo – SP… Com relação à iniciativa privada, observa-se que as atuações definidas como pesquisa, são na realidade atividades visando a solução de problemas pontuais e particulares de cada empresa – “troubleshooting”. (pp. 101/103)


 


Pronto! Está dito: a Aracruz Celulose não faz pesquisa!! Faz acertos tecnológicos visando soluções de problemas pontuais de sua mercadoria. Isso não é pesquisa. Não existe nada – nem na pesquisa, nem no planejamento, nem no projeto de desenvolvimento da Aracruz Celulose que esteja de fato dialogando com a construção de um modelo de economia regional sustentável, que considere interesses ecológicos, sociais, científicos.


A própria Aracruz (www.aracruz.com.br/shared/ri/20f_2004_port.pdf  ) diz que das toneladas e toneladas de celulose branqueada que produz no Brasil 98% é exportado especialmente para abastecer as necessidades de consumo da América do Norte, Europa Ocidental e Ásia. Existe uma expectativa de crescimento deste setor da ordem de 5% ao ano até 2010:


Espera-se que aproximadamente 84% do referido crescimento em capacidade ocorra na América Latina, onde a capacidade de celulose de mercado branqueada kraft de eucalipto deverá aumentar de aproximadamente 6,2 milhões de toneladas em 2004 para aproximadamente 10,9 milhões de toneladas em 2008.


(www.aracruz.com.br/shared/ri/20f_2004_port.pdf  , p. 39)


Agora vamos juntar as informações:


A Aracruz produz papel e celulose para o mercado externo; seus laboratórios tratam de resolver demandas de produtos voltados para estas demandas do consumo externo; enormes quantidades de terra e água do Rio Grande do Sul estão sendo facilitados para empresas como a Aracruz que não investem nem na produção nem na pesquisa do desenvolvimento regional. O governo do Rio Grande do Sul (apoiado pelos falsos ambientalistas e os falsos defensores da pesquisa) inviabiliza a reforma agrária no estado tirando as condições de vida das comunidades camponesas e não desenvolvendo um modelo agrícola que garanta a soberania alimentar.


Feita a pesquisa!!! Construído o conhecimento novo. A Aracruz precisa ser desmascarada. O laboratório da Aracruz é de mentirinha!!! A Aracruz não faz pesquisa!!! Pra discutir a questão do papel e da celulose de modo sério e responsável dentro do horizonte da reforma agrária e da soberania alimentar temos que chamar os companheiros da USP e de Viçosa e criar um verdadeiro projeto de papel e celulose para o Brasil.


Depois da aula da ensino-pesquisa-extensão do 8 de março feminista e camponês esta conversa (e outras ) pode começar! Já começou: uma discussão sobre as florestas brasileiras, os manejos, as pesquisas que levam em consideração a luta pela reforma agrária e a construção de um projeto popular para o Brasil.


Um laboratório de pesquisa não é um bunker contra a vida do povo. Um laboratório é um espaço de responsabilidade e de encontro mediado e monitorado pela sociedade na busca de conhecimentos novos.  Os movimentos sociais do campo, as mulheres camponesas querem continuar se encontrando com pesquisadores e pesquisadoras (de verdade!) em laboratórios (de verdade!) para pensar as florestas e o Brasil! Esta continua sendo uma tarefa urgente!!


Os sem-pesquisa que se escondem na pesquisa? … Deixa pra lá!


Estes não fazem falta nenhuma agora!


 


http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=21800


 


* Pastora metodista. Agente de pastoral da CPT

Fonte: Adital

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OMC: 10 Anos Bastam!

Jubileo Sur


 


A Ditadura dos Acordos Comerciais Destrói a Soberania dos Povos.


Esta é nota tirada ontem pela  Plenaria nacional da Campanha contra a ALCA e OMC / Rede Jubileu Sul e a que vamos tentar entregar ao Min. Celso Amorim no Copacabana Palace.


A tentativa de fechar a todo custo as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio, ao longo do ano de 2006, tem implicado ainda menos transparência nas discussões já tradicionalmente fechadas e sem a participação da maioria da sociedade. A reunião que acontece no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, entre o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Portman, o comissário para comércio da União Européia, Peter Mandelson, o Chanceler brasileiro Celso Amorim e o diretor geral da OMC, Pascal Lamy, para tentar esboçar conteúdos para vários temas em nome de cerca de 150 países membros é apenas mais um exemplo da falta de democracia da organização.


No intento de concluir as negociações, são discutidas regras sobre propriedade intelectual, serviços, compras de governo e investimentos. Estes temas têm impacto profundo na vida e nas economias dos países, na formulação e aplicação de políticas públicas, e na estruturação de possibilidades nacionais de desenvolvimento, além de transformar, pela via supranacional das definições da OMC, os direitos dos povos em bens e serviços mercantilizados.


No entanto, o ponto central neste momento para o fechamento das negociações é a barganha entre acesso a mercados de bens agrícolas e industriais. Os países que representam os grandes mercados como Estados Unidos e países da União Européia acenam com promessas de acesso a seus mercados agrícolas. Promessas estas que, se concretizadas, beneficiariam alguns poucos grandes exportadores de produtos agrícolas. Em troca, exigem amplos cortes de tarifas de bens industriais que, se confirmadas, significarão perdas de empregos e renda, desindustrialização e perda da capacidade dos países como o Brasil de definirem políticas industriais. Além disso, mais uma vez se estará tentando consolidar um mundo desigual em que alguns poucos países produzem bens sofisticados e de alto valor agregado, sobrando para os demais, como estratégia possível, a disputa pelo mercado como fornecedores de commodities de baixo valor agregado. Este modelo de produção representa ainda um alto custo em torno de destruição ambiental e exploração da força de trabalho. Desta forma, os países ricos serão cada vez mais ricos e os demais, subordinados e dependentes.


O anúncio das negociações nestes marcos atende exclusivamente aos interesses do agronegócio exportador, das empresas transnacionais e dos países desenvolvidos, e compromete a soberania em relação ao nosso futuro. Por isso, é fundamental barrar o rumo das negociações na OMC, democratizar as discussões, torná-las transparentes e discutir os temas do comércio internacional como possibilidade para o desenvolvimento e não como barreiras para a soberania e o futuro dos povos do planeta.


Lembramos, como brasileiros e brasileiras, que a data da reunião no Rio de Janeiro, nos remete aos 42 anos do Golpe Militar de 1964, dado com o objetivo de garantir a continuidade da hegemonia dos interesses do poder financeiro, comercial e militar que predominavam no país. Interesses esses que são também os das potências coloniais e imperialistas. Repudiamos a posição do governo brasileiro, expressa pelo Ministro Celso Amorim, pois serve de instrumento para a reafirmação desses velhos interesses hegemônicos ao Brasil.


Defendemos uma integração soberana centrada na justiça econômica e social, na defesa dos empregos de milhões de trabalhadoras e trabalhadores, nos direitos humanos, na preservação ambiental, na cidadania universal e na auto- determinação dos povos.


 


Plenária Nacional da Campanha Contra a ALCA e OMC


Rede Jubileu Sul


 


São Paulo, 30 de março de 2006

Fonte: Adital