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Feminista de Batom

Jô Portilho *


Ana Cecília, 17, é a neta mais nova da Maria Leucádia. Semana passada, a professora de sociologia pediu à jovem que fizesse uma entrevista com sua avó. A ideia era levantar dados e inspiração para uma redação sobre a adolescência, essa fase tão controvertida da vida humana…


A avó adorou a “brincadeira” e preparou um bolo de fubá para o dia do encontro. Arrumou a mesa com uma toalha de crochê que havia feito, aos 14 anos, para seu enxoval e cobriu a iguaria com um guardanapo de linho bordado com as iniciais de seu falecido marido. Enquanto Esmeralda, empregada da família há 30 anos, completava a mesa com outras tantas gostosuras, Maria Leucádia arranjava as flores do campo em um vaso de cristal, presente de bodas de ouro.


Quando Ana Cecília chegou com seu tablete, a avó foi logo buscar seu diário de recordações e um bloco de papel e lápis para que a adolescente tomasse nota das respostas. Mas Ana preferiu gravar o diálogo com seu celular para não perder nenhuma informação, enquanto se ocupava em fazer um vídeo da avó, servindo o lanche, para colocar no Youtube.


Maria Leucádia contou para neta que aos 16 já estava casada e aos 17 já era mãe. Disse que, na época, se sentia ainda uma menina brincando de boneca…
“Aninha, nem eu nem minhas amigas de escola sabíamos o que era adolescência e muito menos sexo. O sutiã era uma espécie de cinto de castidade que não tirávamos nunca, nem para dormir. Por isso que, nos anos 60, quando umas mulheres fizeram uma manifestação em praça pública e jogaram cílios postiços, revistas femininas, produtos de limpeza, sapatos de salto e sutiãs num latão de lixo para queimar eu vibrei sozinha em casa…”.


Ana Cecília então perguntou à avó se ela era feminista e teve uma resposta surpreendente: “Aninha, eu fui criada para ser uma dona de casa de classe média alta; estudei piano, boas maneiras, bordado e Francês e nunca refleti sobre se era ou não aquilo que queria para minha vida. Até que um dia a Esmeralda chegou aqui para trabalhar com as mãos queimadas pelo marido ciumento. Ele estava desempregado e achava que ela devia dar a ele todo o salário que ela havia recebido naquele dia. Acontece que ela já tinha gasto quase tudo para pagar o aluguel e comprar comida para os filhos. Aí ele usou o ferro que ela estava passando roupas e deixou na Esmeralda o “selo do seu autoritarismo”.


“Nossa vó, que horror!”, comentou a neta indignada.


A avó continuou: “Fui falar com seu avô e decidimos trazer a Esmeralda e os filhos aqui pra casa para protegê-los daquele monstro. Depois de levá-la ao hospital, fomos juntos à delegacia de polícia. Depois disso, o marido dela sumiu na vida! Naquele momento eu comecei a pensar em como as mulheres deviam lutar juntas contra as injustiças de sua condição feminina na sociedade. Mas embora seu avô fosse um homem muito íntegro, ele achava que aquelas coisas só aconteciam a mulheres pobres e que eu não devia me envolver com o problema dos outros.”


A neta foi logo chamando o avô de machista mas a avó logo a interrompeu: “Minha filha, se ele foi machista, eu fui covarde de não ter insistido… todos temos responsabilidades sobre as injustiças! Acontece que quando ele adoeceu e eu tive de tomar as rédeas da casa, das finanças da família e de todas as decisões que nunca lutei para compartilhar com ele, eu descobri um mundo de possibilidades… e medos também. E novamente foi Esmeralda quem me ensinou a lidar com a vida real!


Ana Cecília perguntou para a avó se então ela passou a ser feminista e Maria Leucádia sorriu um pouquinho encabulada: “Meu docinho, na minha geração se pensava que feministas eram mulheres más ou que preferiam ser homens. E toda vez que eu concordava com os protestos que elas faziam, defendendo direitos iguais, eu temia que me achassem masculina e ia logo passar um batom!”


Depois de um gole de chá, Maria Leucádia suspirou profundamente e admitiu: “Quando Esmeralda apareceu queimada, eu soube que a luta das feministas era nossa também! Naquela noite eu comecei a romper lentamente meus preconceitos e decidi que até passar batom seria algo que eu faria quando eu bem entendesse e não só para “disfarçar” o feminismo que pulsava dentro de mim. Fui firme para que seu avô registrasse a carteira de trabalho da Esmeralda, assim como ele fazia com os trabalhadores da fábrica e nunca permiti que sua mãe e suas tias não tivessem os mesmos direitos e deveres dos seus tios. Continuei passando batom todos os dias que tive vontade, sabendo que eu era feminista!



* Jô Portilho é Sindicalista, Mestra em Políticas Trab. e Globalização (GLU) e em Serviço Social (UERJ). Atualmente é doutoranda do PPGSS/UERJ, Feminista e gosta muito de batom!  [email protected]

Fonte: Jô Portilho

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Trote em Minas Gerais, repetição de uma ignorância secular

Por Almir Aguiar *


Lastimável termos de assistir semana passada, em nosso país, às cenas dos trotes universitários que representam até hoje as marcas de como os estudantes brasileiros, da época do Brasil-Colônia, eram recebidos pelos portugueses quando iam estudar na Côrte de Lisboa ou em Coimbra. Em nossa cultura o trote veio marcado como uma permissão das classes dominantes portuguesas para que os “bugres”, ou súditos brasileiros, lá pudessem estudar, o mesmo acontecendo também em Coimbra. Tratava-se de uma demonstração da falsa superioridade da burguesia local contra os colonizados, gestos repetidos hoje sem qualquer tipo de criatividade, apenas acrescidos de truculência.


Pois os telejornais acabam de mostrar fatos recém-acontecidos na outrora pacata Minas Gerais: um trote acadêmico na Faculdade de Direito da UFMG, com saudações nazistas e práticas racistas que nada têm a ver com a formação do nosso povo. Elas mostram como sobrevivem hábitos da elite ainda arraigados nas diversas camadas da população.


Fatos históricos à parte, mais condenável ainda é que veteranos, que deveriam mostrar mais experiência, acolhimento e espírito democrático, ao invés de adotarem iniciativas cidadãs, como a doação de sangue ou algum serviço à comunidade, pintarem de preto, numa atitude racista, uma caloura, colocarem corda em seus pulsos e uma tabuleta onde se lia “Chica da Silva, caloura escrava”. Não bastasse isto, calouros foram pintados pelos veteranos com cruzes suásticas, símbolo do nazismo que provocou a 2ª Guerra Mundial, causadora de quase 20 milhões de mortos.


Todos sabemos que os trotes não são invenção brasileira, que vêm desde as primeira universidades européias da Idade Média. Em Portugual os trotes eram violentíssimos –os populares “canelões”- e a elite brasileira da época o trouxe prazerosamente para o Brasil, como forma de humiulhar os mais novos, quando aqui surgiram as primeira universidades.


A opinião pública brasileira, em especial os sindicatos, condenaram esta atitude excludente e racista. Que renasçam, com mais força, tentativas isoladas surgidas nos anos 90, na PUC de São Paulo, como a doação de alimentos e de remédios às comunidades carentes. Independente das motivações históricas, por isso ou por aquilo, os bancários do Rio de Janeiro, que formam um Sindicato-Cidadão, abominam esta prática e reforçam a luta por uma escola pública de qualidade, que possa educar a garotada secundarista a fim de que, com visão mais ampla, já universitários, recebam os mais jovens com espírito fraterno e sintam a responsabilidade de contribuir para uma cidadania forte.

* Almir Aguiar é presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Fonte: Almir Aguiar

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Sindicato envolve população na luta por melhoria do atendimento


Os dirigentes do Sindicato dos Bancários de Três Rios levaram a luta por melhoria no atendimento à praça. Durante todo o dia de hoje (26) a entidade manteve uma barraca na Praça da Autonomia para recolher assinaturas reivindicando a ampliação do horário de funcionamento das agências – das 09h às 17h – com criação de dois turnos de trabalho. Também foi feita a distribuição de carta aberta à população e da cartilha “Como se defender dos abusos dos bancos”, elaborada em parceria pela Contraf-CUT e pelo Idec.


Os dirigentes aproveitaram a oportunidade para divulgar uma iniciativa na área parlamentar. O sindicato elaborou um anteprojeto de lei que trata da proibição da emissão de comprovantes em papel térmico. A preocupação é que o documento impresso desta maneira tem durabilidade curta e o cliente corre o risco de perder a informação. Os sindicalistas entregaram a proposta ao vereador Diógenes (PDT), que deverá apresentar o projeto de lei à mesa da Câmara dos Vereadores nos próximos dias.


Solidariedade


O Seeb-Três Rios também fez nesta terça-feira o lançamento da campanha de arrecadação de donativos para os desabrigados de Petrópolis. As doações podem ser encaminhadas à sede do sindicato (Rua Dr. Valmir Peçanha, nº 64 – Salas 301, 303 – Centro) até dia 05 de abril.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Previ Futuro abre empréstimo para quem quer retornar ao plano

Os funcionários do Banco do Brasil que se desligaram do Previ Futuro contam com a possibilidade de empréstimo junto à Previ (fundo de pensão) para retornar ao plano, através do Empréstimo Simples Reingresso.


Essa linha de crédito financia a parte 1 acumulada, não recolhida desde a saída do participante – contribuição responsável pela formação das reservas necessárias ao pagamento dos benefícios de risco.


“Trata-se de uma grande oportunidade para que todos os funcionários do BB estejam na Previ. O bancário contribui com no mínimo 7 % do salário, sendo acompanhado pela patrocinadora com o mesmo percentual, formando reserva de poupança que se converterá em benefício de aposentadoria”, explica Rafael Zanon, conselheiro deliberativo eleito da Previ e diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília.


Essa foi uma reivindicação dos funcionários que a chapa eleita Unidade na Previ encaminhou à direção do fundo de pensão. O Empréstimo Simples Reingresso já existia, mas só possibilitava o financiamento do acumulado da parte 1 e 2 não paga desde a saída do participante, o que desestimulava muitos funcionários. Com a mudança na sua operacionalização, muitos bancários contam agora com as condições necessárias para voltar ao plano.


Para ativar o Empréstimo, basta entrar em contato com a Previ. Mais informações em www.previ.com.br

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Brasília

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Bancários querem Feliciano fora da Comissão dos Direitos Humanos


O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro fez um protesto na hora do almoço desta sexta-feira, 22, contra a permanência do deputado Pastor Marco Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.


O presidente do Sindicato, Almir Aguiar, falou especialmente sobre as declarações racistas feitas pelo deputado recentemente, destacando que, certamente, muitos dos eleitores que votaram em Feliciano são afrodescendentes. O ato teve esquete com a Cia. de Emergência Teatral, que levou as já famosas freirinhas Madre Pérola, Irmã Irma e Irmã May para falar também da homofobia e do machismo que permeia as declarações e atitudes de Feliciano.


Obscurantismo


A atuação do deputado Pastor Marco Feliciano à frente da Comissão dos Direitos Humanos tem sido marcada por muitos conflitos. A reação dos movimentos sociais e da sociedade civil contra Feliciano foi intensa desde a eleição – que ocorreu a portas fechadas — e houve protestos já na primeira sessão da comissão sob a presidência do pastor. Na segunda reunião, Feliciano permaneceu na sala somente por oito minutos. A pressão popular por sua renúncia é forte e até entre os evangélicos a postura de Feliciano é controversa.


As declarações do pastor não são apenas preconceituosas, mas equivocadas. Ele mistura conceitos e se apoia em argumentos questionáveis para justificar suas posições. Em entrevista para um livro, por exemplo, disse que as conquistas e o empoderamento das mulheres levará ao homossexualismo, porque as mulheres independentes se tornarão lésbicas e deixarão de ter filhos, o que ameaça a perpetuação da espécie. Em outra declaração polêmica, esta pelo Twitter, o deputado afirma que os negros são descendentes de um ancestral amaldiçoado por Noé e que esta seria a razão da miséria e das doenças que assolam o continente africano.


>> Mais: “Câmara elege um estranho no ninho“, artigo de Almir Aguiar sobre a eleição de Feliciano

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Fiscais flagram escravidão envolvendo grupo que representa a GAP no Brasil

Ao todo, 28 bolivianos foram libertados produzindo peças para
a GEP, empresa formado pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli,
e que pertence a grupo que representa grife internacional


Por Daniel Santini


Fiscalização realizada nesta terça-feira, 19, resultou na libertação de 28 costureiros bolivianos de condições análogas às de escravos em uma oficina clandestina na zona leste de São Paulo. Submetidos a condições degradantes, jornadas exaustivas e servidão por dívida, eles produziam peças para a empresa GEP, que é formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence ao grupo que representa a grife internacional GAP no Brasil. O resgate foi resultado de uma investigação de mais de dois meses, na qual trabalharam juntos Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Receita Federal. A Repórter Brasil acompanhou o flagrante. Foram encontradas peças das marcas Emme e Luigi Bertolli. A fiscalização aconteceu na mesma semana que a São Paulo Fashion Week, principal evento de moda da capital paulista.
Ao todo, 22 trabalhadores foram resgatados em condições consideradas degradantes pela fiscalização


Procurada, a assessoria de imprensa do grupo GEP  ficou de se posicionar sobre o assunto, o que não aconteceu até a publicação deste texto.  A reportagem tentou contato também com a GAP internacional, por meio da sede da empresa em São Francisco, na Califórnia, e do departamento responsável por relações internacionais na Inglaterra, mas também não obteve retorno.


Os costureiros, todos vindos da Bolívia, trabalhavam e moravam na oficina clandestina, cumprindo jornadas de, pelo menos, 11 horas diárias. A oficina repassava a produção para a Silobay, empresa dona da marca Coivara baseada no Bom Retiro, também em São Paulo, que, por sua vez, encaminhava as peças para a GEP. A intermediária também foi fiscalizada, em ação realizada na quinta-feira, 21.


Tanto o MPT quanto o MTE e a Receita Federal consideraram a “quarteirização” uma fraude para mascarar relações trabalhistas. Para os auditores fiscais Luís Alexandre Faria e Renato Bignami e a procuradora do trabalho Andrea Tertuliano de Oliveira, todos presentes na fiscalização, não há dúvidas da responsabilidade da GEP quanto à situação degradante em que foram encontrados os trabalhadores da oficina clandestina.


Aliciados no país vizinho, os imigrantes já começaram a trabalhar endividados, ficando responsáveis por arcar com os custos de transporte e visto de entrada no país. As dívidas se acumulavam e aumentavam com a entrega de “vales”, adiantamentos descontados do salário. Mesmo os que administravam a oficina se endividavam, acumulando empréstimos para compra de novas máquinas e contratação de mais costureiros.


Entre os problemas detectados pela fiscalização na oficina clandestina estão desde questões de segurança, incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação exposta e botijões de gás em locais inapropriados, com risco agravado pela grande concentração de tecidos e materiais inflamáveis na linha de produção, até problemas relativos às condições de alojamento e trabalho. Os trabalhadores viviam em quartos adaptados, alguns com divisórias improvisadas, alguns dividindo espaço em beliches. Além disso, alimentos foram encontrados armazenados junto com produtos de limpeza e ração de cachorros.


O grupo trabalhava das 7h às 18h,  de segunda-feira à sexta-feira, com uma hora para refeições. Aos sábados, os próprios empregados cuidavam da limpeza e manutenção do local. Todos ganhavam por produção, recebendo cerca de R$ 4 e R$ 5 para costurar e preparar peças das grifes que abastecem os principais shoppings do país. “Quanto mais peças costurarmos, mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”, afirmou um dos resgatados durante a operação. Mesmo com a presença dos fiscais, todos continuaram costurando, só parando quando as máquinas foram lacradas e a produção oficialmente interrompida.


A desembargadora Ivani Contini Bramante, representante do Conselho Nacional de Justiça, e a juíza Patrícia Therezinha de Toledo, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, da Vara Itinerante de Combate ao Trabalho Escravo, acompanharam a ação.


Indenizações


Um dia após a fiscalização, representantes da GEP concordaram em assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com pagamento de R$ 10 mil para cada uma das vítimas por danos morais individuais, além de mais R$ 450 mil por danos morais coletivos, valor que deve ser repartido e encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e a uma organização da sociedade civil que trabalhe com imigrantes. Além da indenização por danos morais, os empregados resgatados receberão também, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, verbas rescisórias em média de R$ 15 mil, valor que pode chegar a R$ 20 mil conforme cada caso. Eles também terão a situação regularizada, com acesso à seguro-desemprego e registro adequado em carteira.


As três marcas da GEP são consideradas referência na moda nacional. A Cori, há mais de quatro décadas no mercado, foi uma das que abriu os desfiles da São Paulo Fashion Week na segunda-feira, dia 18, e possui lojas próprias em centros comerciais de luxo de diferentes cidades. A Luigi Bertolli tem unidades próprias também em todo país. Já a Emme, a mais recente das três marcas, é considerada um exemplo de “fast-fashion”, tendência marcada por lançamentos constantes voltados a mulheres jovens.


A GEP é uma das empresas signatárias da Associação Brasileira do Varejo Têxtil e foi certificada pelo Programa de Qualificação de Fornecedores para o Varejo, selo que, segundo o projeto, deveria ser concedido apenas a empresas com a produção adequada, após parecer de auditores independentes e monitoramento detalhado da cadeia. É a segunda vez que uma empresa certificada é flagrada com escravos na linha de produção.


A GEP pertence à empresa Blue Bird, que, por sua vez, controla a Tudo Bem Tudo Bom Comércio LTDA., empresa anunciada em dezembro como responsável por administrar a marca GAP no Brasil. Na ocasião, o diretor de Alianças Estratégicas da GAP, Stefan Laban, afirmou considerar que o país possibilitaria uma oportunidade “incrível” de expansão dos negócios.


A GAP deve abrir as primeiras lojas da marca em São Paulo e no Rio de Janeiro no segundo semestre de 2013, com a ajuda da intermediária. Não é a primeira vez que a grife internacional se vê envolvida em casos de exploração de trabalho escravo. Em 2007, crianças de dez anos foram encontradas escravizadas na Índia produzindo peças da linha GAP Kids, a marca infantil da loja. Na ocasião, de acordo com reportagem do jornal inglês The Guardian, a empresa afirmou que a produção foi terceirizada de maneira indevida e alegou desconhecer a situação.

Fonte: Repórter Brasil

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McDonald´s terá que pagar 7,5 milhões por irregularidades trabalhistas

Em acordo judicial firmado com o MPT, rede de fast food se comprometeu
a regularizar jornada de trabalho de seus funcionários ainda este ano


por Michelle Amaral


A Arcos Dourados, maior franquia do McDonald´s no Brasil, e o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Pernambuco firmaram, nesta quinta-feira (21), um acordo judicial que estabelece o fim da jornada de trabalho móvel e variável praticada pela rede de fast food em todo o país. Além disso, a empresa terá de regularizar diversas questões trabalhistas em suas 640 lojas.


O acordo também estipulou o pagamento de R$ 7,5 milhões de indenização por dano moral coletivo. Deste valor, R$ 1,5 milhão serão divididos em três partes, destinadas a programas socioassistenciais dos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. A escolha dos estados se deu em razão de ações judiciais envolvendo a rede de fast food. Os outros R$ 6 milhões serão destinados para uma ação nacional com o tema Respeito aos Direitos Trabalhistas. Inicialmente, o MPT pedia indenização de R$ 50 milhões.


O acerto foi feito durante audiência judicial na 11ª Vara do Trabalho de Recife (PE), em ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o McDonald´s. De acordo com o procurador Leonardo Osório Mendonça, autor da ação, “o acordo põe fim a uma discussão, travada há vários anos, se Arcos Dourados, que representa cerca de 70 % das lanchonetes do McDonald´s no Brasil, poderia utilizar um sistema que o Ministério Público do Trabalho entende como ilegal, que é o sistema da jornada móvel e variável”.


O procurador explica que existem diversas ações sobre o tema e decisões favoráveis e contrárias a este tipo de jornada de trabalho. No entanto, com o estabelecimento do acordo judicial, a decisão não poderá ser contestada. “A partir de agora, esse acordo é definitivo, não cabe nenhum tipo de recurso das partes interessadas. Então, não vai ter mais a possibilidade de reversão”, detalha.


Salário mínimo e refeições


Duas questões tratadas na ação movida pelo MPT, contudo, não foram conciliadas na audiência desta quinta-feira. Primeiro, não se chegou a um consenso sobre a obrigatoriedade da empresa se abster de pagar remuneração abaixo do salário mínimo. O McDonald´s insistiu que o pagamento de seus funcionários seja feito por hora trabalhada e ampara sua decisão em entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) neste sentido. O MPT, por sua vez, discorda. “O MPT vai tentar, por todos os meios processuais cabíveis, alterar essa orientação do TST que hoje autoriza que os trabalhadores que trabalham menos do que a quantidade de horas semanais estabelecidas na Constituição recebam menos que o salário mínimo”, afirma Mendonça.


Também, a permissão para que os funcionários pudessem levar sua própria refeição para o ambiente de trabalho, dada por via liminar na última terça-feira (19), foi suspensa. O McDonald´s alegou que mudou o cardápio, deixando de oferecer ao trabalhador apenas fast food, e disse que, com base em entendimento técnico, há chance de risco de contaminação por alimentos de fora levados para as lojas. A suspensão para a liminar é de 60 dias e, durante este período, o MPT vai analisar os documentos apresentados pela empresa. “Isso vai ser analisado, se possível com o apoio da Anvisa da Vigilância Sanitária municipal. Se o MPT realmente perceber que existe a possibilidade de contaminação, vai acatar. Caso não, pode ser mais um pedido que vai ter que ser julgado pelo Poder Judiciário”, afirma o procurador.

Fonte: Brasil de Fato

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Esgarçamento da política

Frei Betto *





Esgarçar: afastarem-se, soltarem-se os fios de um tecido (Caldas Aulete).


Quem é direita e esquerda hoje no Brasil? Eis um dilema shakespeariano. A direita, representada pelo DEM, se acerca do PMDB e, na palavra do senador Agripino Maia, propõe “oposição branda” ao governo Dilma Rousseff, que se considera de esquerda.


O PPS do deputado Roberto Freire, versão ao avesso do Partido Comunista, apoia as forças mais retrógradas da República. O PDS de Kassab e o PMDB de Sarney ficam em cima do muro, atentos para o lado em que sopram os ventos do poder.


Como considerar de esquerda quem elege Renan Calheiros presidente do Senado, e Henrique Alves, da Câmara dos Deputados. Você, caro(a) leitor(a), qualifica como de esquerda quem se apoia em Paulo Maluf, Fernando Collor de Melo e Sarney?


Desde muito jovem aprendi que a esquerda se rege por princípios e, a direita, por interesses. E hoje, quem coloca os princípios acima dos interesses? Como você, que é de esquerda, se sente quando se depara com comunistas apoiando o texto do Código Florestal que tanto agrada a senadora Kátia Abreu?


A esquerda entrou em crise desde que Kruschov, líder supremo da União Soviética, denunciou os crimes de Stalin, em 1956. Naquela noite de fevereiro, vários dirigentes comunistas, profundamente decepcionados, puseram fim à própria vida.


Depois que Gorbachev entregou o socialismo na bandeja à Casa Branca, e a China adotou o capitalismo de Estado, a confusão só piorou.


Muitos ex-esquerdistas proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo globalizado. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, como confessou o general Figueiredo, ao “cheiro de povo” (exceto na hora de angariar votos).


Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.


O fato de alguém se dizer marxista não faz dele uma pessoa de esquerda, assim como o fato de ter fé e frequentar a igreja não faz de nenhum fiel um discípulo de Jesus. A teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A árvore, pelos frutos, diz o Evangelho.


Se a prática é o critério da verdade, é muito fácil não confundir um militante de esquerda com um oportunista demagogo: basta conferir como se dá a relação dele com os movimentos populares, o apoio ao MST, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Bolivariana, a defesa de bandeiras progressistas, como a preservação ambiental, a união civil de homossexuais, o combate ao sionismo e a toda forma de discriminação.


Quem é de esquerda não vende a alma ao mercado.


 


* Frei Betto é escritor, autor do romance histórico “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org     Twitter:@freibetto.





Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Dirigentes do Itaú definem propostas para encontro nacional

O Encontro Interestadual dos Dirigentes Sindicais do RJ e ES foi realizado na última quinta-feira e reuniu 50 sindicalistas da base da Federação. O objetivo do evento foi definir as propostas que serão enviadas ao encontro nacional dos funcionários do banco, marcado para 02, 03 e 04 de abril, em Embu das Artes – SP.


A representante da base da Federação na COE Itaú, Jô Araújo, ressalta que a atual situação do banco modificou o debate. “Sempre defendemos que o tema Saúde e Condições de Trabalho é o mais importante, porque sem saúde não é possível trabalhar. Mas, diante da política de demissões que o banco vem adotando, a defesa do emprego será o ponto chave do encontro. O Itaú é o banco que mais demite e o que mais extingue vagas em todo o sistema financeiro. Desde a fusão com o Unibanco, foram eliminados 13.690 postos de trabalho em todo o país”, relata a sindicalista.


Estiveram presentes representantes dos sindicatos da Baixada Fluminense, Campos, Espírito Santo, Itaperuna, Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis e Rio de Janeiro.


Inscrições


As inscrições para o encontro nacional já estão abertas. Os sindicatos que ainda não inscreveram seus representantes devem se apressar. São somente 200 vagas e não há divisão por federação. As informações completas sobre o encontro estão no comunicado COM02913, na área de acesso restrito do site da Contraf-CUT.



 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Seeb-Macaé paralisa agência do Santander por carência de funcionários

A agência bancária do Santander do Shopping Plaza Macaé foi paralisada na manhã desta quinta-feira (21) pelo Sindicato dos Bancários devido à deficiência de funcionários. A atividade foi um protesto por mais contratações na agência, já que metade do quadro funcional está afastado pelo INSS e todo o serviço é feito pelos outros 50 % dos empregados.


Dirigentes do Sindicato estiveram na agência e exigiram a reposição imediata das vagas em aberto. “Cobramos da superintendência a reposição do quadro da agência. Não é a primeira vez que agências com más condições são interditadas. Os banqueiros não podem expor os trabalhadores à sobrecarga de trabalho, prejudicando sua saúde e a qualidade do atendimento à população. Os patrões devem zelar pela segurança e pelas condições mínimas de trabalho dos seus funcionários, principais responsáveis pelos lucros astronômicos que embolsam,” afirma Wagner Figueiredo, presidente do Sindicato.


Wagner destaca que o sindicato quer chamar a atenção da direção do banco para que essa situação seja resolvida. “Esse tipo de situação só se resolve com contratação de funcionários. Não se pode extrapolar as horas de trabalho, além disso, as metas são desproporcionais ao quadro de funcionários ativos da agência.” O presidente do Sindicato disse ainda, que, na próxima segunda (25), ficou agendada uma reunião com a superintendência do banco para a solução do problema.

Fonte: Seeb-Macaé